Após tocar 'fundo' deste ano, Bovespa tem alta moderada 14/06/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve somente uma modesta valorização, um dia após tocar o seu menor nível de preços dos últimos 11 meses. O dia teve poucos destaques na agenda doméstica, e as novidades do front externo monopolizaram o dia.
Embora os mercados mundiais tenham reagido favoravelmente à rodada de números publicados na China e nos EUA, o entusiasmo da Bolsa brasileira teve fôlego curto: não passou despercebido o baixo giro de negócios, uma indicação importante da falta de "convicção" dos investidores numa mudança de tendência.
"Nós já tivemos acúmulo muito grande de notícias negativas nos últimos tempos. Existe um clima negativo muito forte a respeito de um desaquecimento da economia global. Você veja o exemplo da Grécia, e há indicações que Portugal será 'o próximo'. Do outro lado, vários indicadores dos EUA já vieram muito ruins nas últimas semanas. Quer dizer, o que você teve hoje foi na verdade uma 'trégua' do mercado", avalia a analista da corretora Indusval, Mitsuko Kaduoka.
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"Parece que todo mundo está em 'stand by'", acrescenta a analista. Assim como outros profissionais do setor financeiro, ela ressalta a forte posição de investidores estrangeiros na ponta 'vendida' (que ganha com a baixa das cotações) no mercado futuro. "Enquanto não mudar isso, eu vejo poucas chances de recuperação", diz.
O índice Ibovespa, o principal "termômetro" dos negócios da Bolsa paulista, subiu apenas 0,29%, aos 62.204 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,01 bilhões, ainda abaixo da média de maio (R$ 6 bilhões/dia). Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou 1,03%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,582, em queda de 0,37%. A taxa de risco-país marca 160 pontos, número 6,4% abaixo da pontuação anterior.
Ontem à noite, o governo chinês revelou que a inflação de 5,5% nos 12 meses completados em maio, a maior variação em quase três anos e um pouco acima da projeção esperada por analistas (5,4%). A meta de Pequim é manter a inflação abaixo de 4% neste ano.
Apesar da alta dos preços, investidores reagiram positivamente ao crescimento das vendas do setor varejista e da produção industrial, em níveis acima do previsto, o que amenizou as preocupações de uma forte desaceleração do crescimento chinês, uma das poucas 'locomotivas' da economia global, num cenário em que as economias europeias e americana ainda lutam para sair do atoleiro.
O banco central chinês, em vez de subir os juros básicos da economia (como muitos esperavam), optou por elevar novamente a taxa de recolhimento compulsório dos bancos, o equivalente a reduzir o dinheiro disponível para empréstimos. Essa medida também foi bem vista nos mercados.
Nos EUA já foram publicados dois indicadores fundamentais: as vendas do setor varejista caíram 0,2% em maio, o primeiro declínio registrado em 11 meses. No entanto, o recuo foi mais fraco do que o esperado: muitos economistas previam uma retração prevista de 0,4%.
E a inflação local, medida pelo PPI (índice de preços ao produtor, na sigla em inglês), foi de 0,2% em maio, ante 0,8% em abril e 0,7% em março. A variação veio em linha com as expectativas do mercado financeiro.
AGENDA
Amanhã, esse bom humor dos mercados terá um duro teste: o Departamento de Comércio dos EUA publica um fundamental índice de preços (o CPI, voltado para os preços ao consumidor) enquanto o Federal Reserve (o banco central americano) divulga a produção industrial.
O Banco Central brasileiro, por sua vez, revela o seu índice para o acompanhamento do nível de atividade da economia. Além disso, está previsto o vencimento de opções sobre o índice Ibovespa, o que sempre agrega volatilidade aos negócios.