Grécia assombra mercados e Bolsa fecha com recuo de 1,17% 16/06/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
O turbulento cenário externo continua a assombrar os mercados financeiros e, nesta quinta-feira, levou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) a um patamar de preços não visto desde o início de julho de 2010.
A "novela grega" parece longe de um fim, enquanto não há consenso nem na União Europeia, nem na própria Grécia a respeito de como conduzir os delicados provlemas financeiros do país mediterrâneo.
Há novas reuniões previstos entre as autoridades econômicas do velho continente para discutir a liberação de novos recursos do pacote de auxílio financeiro acertado no ano passado, mas entre o mercado há poucas expectativas de um desenlace positivo no curto prazo.
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Analistas também citam os problemas nos EUA, onde uma longa sequência de indicadores aponta para a desaceleração do crescimento econômico, enquanto se avolumam as preocupações sobre a situação fiscal do país mais rico do planeta.
Hoje, os investidores tiveram um alívio modesto, com alguns números um pouco mais positivos do setor imobiliário e do mercado de trabalho americanos.
O índice Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retrocedeu 1,17% no fechamento, aos 60.880 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,64 bilhões, mais uma vez, abaixo da média anterior (R$ 6 bilhões/dia em abril). Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,54%.
Entre vários profissionais do setor financeiro, há a opinião de que a Bolsa brasileira ainda não chegou ao "fundo do poço". "Por aqui, o que nós vemos é que o cliente não quer colocar dinheiro na Bolsa, e até prefere zerar posição: há um sentimento generalizado de que ainda deve haver mais perdas nesse mercado", comenta Ivanor Torres, chefe do departamento de análise da Geral Investimentos.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,610, em um avanço de 0,62%, após oscilar entre R$ 1,617 e R$ 1,604.
O Banco Central brasileiro revelou que, apesar das medidas recentes, ainda conta com uma expansão da economia para os próximos meses, principalmente pelo "vigor do mercado de trabalho".
Dessa forma, a autoridade monetária entende que 'a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado' ainda será a melhor estratégia para controlar a inflação tendo em vistas a meta para 2012 (4,5%).
O comentário faz parte da ata divulgada hoje pelo BC, com a análise da economia que fundamentou a decisão, na semana passada, de ajustar a taxa básica de juros de 12% para 12,25% ao ano.
Nos EUA, o Departamento de Trabalho relatou que os pedidos iniciais pelos benefícios do auxílio-desemprego caíram para 414 mil registros até a semana passada. Trata-se de um importante 'termômetro' das condições de emprego nesse país e mostrou um número abaixo das projeções do mercado (420 mil).
Outro órgão do governo americano, o Departamento de Comércio, reportou que o total de casas iniciadas aumentou 3,5% em maio, para uma cifra de 560 mil (em 12 meses). Analistas do mercado financeiro projetavam uma taxa de 3,3%.