Bolsa abre em alta, mas Pão de Açúcar traz pressão 28/06/2011
- OLÍVIA BULLA - Agencia Estado
A Bolsa de Valores de São Paulo apresenta sinal positivo nos primeiros negócios desta terça-feira, com o índice Bovespa em alta de 0,43% a 61.482,59 pontos. O dólar comercial abriu em baixa de 0,19% a R$ 1,593
A lateralidade deve novamente prevalecer na Bolsa hoje, com os mercados internacionais em stand by, no aguardo de notícias vindas da Grécia. Mas enquanto espera pela votação do Parlamento grego de medidas adicionais de austeridade fiscal, amanhã, os investidores domésticos devem repercutir o noticiário do dia envolvendo as empresas varejistas Pão de Açúcar e Carrefour. O calendário econômico nos EUA também será acompanhado.
O dia começou com o anúncio feito pelo Carrefour, de que recebeu uma proposta de fusão com o Grupo Pão de Açúcar (CBD). Segundo a companhia francesa, a oferta foi feita pela Gama, empresa pertencente ao BTG Pactual e que seria capitalizada pelo BNDES. O negócio, se aprovado, formaria a maior rede varejista do Brasil. Mas o sócio francês Casino já reagiu enfurecido e disse que a informação confirme que "negociações ilegais estão em curso", envolvendo o empresário Abílio Diniz e o rival francês.
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Para o analista da SLW Corretora, Cauê Pinheiro, o azedamento das relações societárias entre Casino e Grupo Pão de Açúcar devem pesar sobre as ações da empresa brasileira na Bolsa, no curto prazo. "O papel deve ficar volátil com a notícia e tende a exibir um viés negativo, refletindo a situação divergente entre os sócios", avalia. Contudo, considerando-se o negócio em si, o especialista acredita que a operação é positiva, pois traria ganhos de sinergia. "O negócio também esbarraria no Cade", acrescenta, lembrando que a operação envolve as duas maiores varejista do País e tende a ser tão complexa quanto a união entre Sadia e Perdigão.
Às 10h06, após breve leilão, as ações preferenciais (PN) do Pão de Açúcar eram negociadas em alta de 0,72%, a R$ 65,50.
Já o economista da Senso Corretora, Antônio César Amarante, aponta para a grande possibilidade de a operação "melar", já que "nada pode ser definido sem o aval do Casino". De fato, em comunicado, o grupo francês lembra do acordo fechado anos atrás com o Grupo Pão de Açúcar, no qual nenhuma negociação sobre o futuro da companhia poderia acontecer sem a participação de ambos. O grupo argumenta que tem poder para se opor à transação, conforme o acordo em curso. "Inicialmente, o Casino lembra desta obrigação a Abílio Diniz e Carrefour. Apesar deste aviso, eles continuaram as discussões, ignorando deliberadamente a lei e ética nos negócios fundamentais", disse o Casino, em comunicado.
Enquanto o mercado local digere os desdobramentos no varejo brasileiro, o mundo aguarda a decisão do Parlamento grego sobre a aprovação de um novo plano de austeridade fiscal proposto pelo primeiro-ministro, George Papandreou. Como a votação está prevista para acontecer somente amanhã, as bolsas globais caminham em compasso de espera, mas o viés positivo predomina agora, depois de um início hesitante de negócios.
Ainda assim, especialistas comentam que o Ibovespa vive um "drama técnico", diante da forte presença de investidores estrangeiros na posição vendida em índice futuro e a escassez de volume financeiro no mercado à vista. Segundo eles, a disposição para a renda variável está menor e movimentos pontuais é que têm agitado os negócios locais.