Bovespa sobe apenas 0,05% com vaivém das ações do Pão de Açúcar 29/06/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
O vaivém das ações do Pão de Açúcar praticamente comandou a trajetória da Bolsa brasileira nesta quarta-feira. Carregando mais de 30% dos negócios neste pregão, o papel disparou e derreteu em questão de horas.
O volume de negócios registrado hoje (R$ 1,669 bilhão) somente com esse papel foi maior que o volume contabilizado para algumas das ações mais negociadas habitualmente no pregão: Vale (cerca de R$ 470 milhões), Petrobras (R$ 400 milhões) e OGX (R$ 280 milhões).
A ação preferencial encerrou o dia com perdas de 3,07%, sendo negociada por R$ 71. No pico, chegou a R$ 82,11, e no piso, a R$ 70,60.
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Para Leandro Martins, analista-chefe da corretora Walpires, o papel deve continuar volátil e com um forte volume financeiro, ainda que dificilmente nos mesmos níveis dos últimos pregões. "De qualquer forma, é um papel que os investidores iniciantes deveriam evitar. A ação está tão volátil, que ele se arrisca a comprar com um preço subindo bem de manhã, e ter um tremendo prejuízo depois que voltar do almoço", comenta.
A exemplo de outros analistas, Martins salienta que existem ainda sérias dúvidas sobre a operação, principalmente quanto aos dois riscos principais: a avaliação pelo Cade, o "xerife" da concorrência brasileira, e a reação do Casino, maior sócio do Pão de Açúcar e maior rival do também francês Carrefour.
Ele observa que o papel já mostrou uma volatilidade "absurda" nos dois últimos pregões, antecipando em um dia metas previstas somente para as próximas semanas. "Com a notícia [da fusão], a ação subiu fortemente ontem, e voltou a replicar essa alta logo de manhã, até por volta do meio-dia, o que para mim é uma loucura", acrescenta.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, avançou 0,05% no fechamento, aos 62.333 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,71 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,60%.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,572, em um decréscimo de 0,38%, após variar entre R$ 1,579 e R$ 1,569. Já o dólar turismo foi vendido por R$ 1,680 e comprado por R$ 1,510 nas casas de câmbio paulistas.
GRÉCIA E EUA
Por 155 votos a favor, 138 contra e 7 abstenções ou faltas, o parlamento grego aprovou as medidas de austeridade fiscal, necessárias para que o país novas parcelas do pacote de socorro financeiro (da UE e do FMI) e não caia em 'default' (suspensão dos pagamentos). O mercado já contava com a aprovação dessas medidas e antecipou o resultado nos pregões anteriores.
Ainda no front externo, o Instituto Nacional de Estatística apontou que a economia francesa, uma das maiores da Europa, teve crescimento de 0,9% no primeiro trimestre, ante o trimestre imediatamente anterior. A projeção anterior era um pouco maior: 1%.
E nos EUA, a entidade privada NAR (associação dos corretores) revelou um aumento de 8,2% no volume de contratos assinados para compras de imóveis no mês passado, após uma forte queda em abril. Economistas do setor financeiro projetavam uma variação de 3%.
INFLAÇÃO
A FGV (Fundação Getulio Vargas) apontou uma deflação de 0,18% em junho, após uma alta de 0,43% no mês anterior, pela leitura do IGP-M, utilizado para o reajuste dos aluguéis. No primeiro semestre, o indicador subiu 3,15%. Em 12 meses, o avanço foi de 8,65%. Analistas esperavam uma deflação entre 0,20% e 0,23%.
Em seu relatório trimestral de inflação, publicado hoje, o Banco Central admitiu que não deve alcançar o centro da meta prevista para 2012 (4,5%). Para 2011, as estimativas de inflação subiram de 5,6% em março para 5,8%. E para 2012, a autoridade monetária trabalha com três possibilidades: 4,7%; 4,8% e 4,9%, conforme a variação dos juros e da taxa de câmbio.