Otimismo sobre balanços faz Bovespa subir 0,7% 28/07/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa teve um dia de trégua, em meio à onda de apreensão dos mercados com o impasse americano da dívida.
Puxada pelas ações de siderúrgicas, de instituições financeiras e, pontualmente, do setor varejista, a Bolsa brasileira descolou dos mercados externos, em dia de perdas no velho continente e em Wall Street.
Além dos preços depreciados dos papéis, a possibilidade que o Banco Central pare de aumentar os juros mais cedo que o previsto pode ter animado uma parcela dos investidores.
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O Ibovespa, principal termômetro dos negócios, avançou 0,72% no fechamento, atingindo os 58.708 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,6 bilhões.
Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, cedeu 0,51%, enquanto na Europa, o índice Cac (Paris) recuou 0,57% e o Dax (Frankfurt) caiu 0,86%.
"A temporada de balanços pode dar um novo alento para o mercado, à medida em que as empresas mostrarem resultados mais fortes. O mercado está antecipando que a Vale vai ter um lucro muito forte, e acho que isso pode ter ajudado a ação subir cerca de 1%", comenta Luiz Mourato, da mesa de operações da corretora Tov.
A ação preferencial da mineradora, que sozinha abocanhou quase R$ 500 milhões em negócios no pregão de hoje, teve valorização de 0,91%. A ação ordinária, que respondeu por outros R$ 236 milhões, teve alta de 0,90%.
Outro papel "de peso" na Bolsa, a ação preferencial da Petrobras, sofreu queda de 0,38%, com um giro pouco superior a R$ 400 milhões.
Outros papéis que deram impulso à Bovespa foram do setor financeiro, onde foram registradas aumentos de 1,6% (Banco do Brasil), 1,8% (Bradesco) e 5% (Redecard). No setor siderúrgico, as ações subiram em torno de 1%.
O dólar comercial ficou mais caro pelo segundo dia consecutivo, alcançando R$ 1,566, em um acréscimo de 0,57% sobre o fechamento de ontem.
EUA E BRASIL
A situação dos EUA ainda parece pouco animadora: o Tesouro já avisou que prepara um plano de contingência para o cenário em que o país realmente seja obrigado a suspender os pagamentos de seus compromissos financeiros. Republicanos e democratas ainda costuram um acordo em torno dos ajustes fiscais que consideram necessários para "domar" a dívida pública, ainda sem solução aparente à vista.
No front doméstico, alguns economistas do setor financeiro já consideram uma possível interrupção do ciclo de alta dos juros já no próximo mês.
Hoje, o Banco Central revelou que trabalha com perspectivas mais favoráveis para a trajetória da inflação, apesar das incertezas do cenário externo.
A conclusão faz parte da ata da reunião do Copom (colegiado de diretores do BC), que na semana passada decidiu por ajustar a taxa básica de juros de 12,25% ao ano para 12,50%.