Bovespa abre perto da estabilidade em meio à cautela 03/08/2011
- Olívia Bulla - Agência Estado
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu perto da estabilidade, com analistas cautelosos, ainda digerindo os dados econômicos dos Estados Unidos que serão divulgados ao longo do dia. O cenário de incertezas deve manter investidores na defensiva, com pouca disposição ao risco. Às 10h08, o índice Bovespa (Ibovespa) tinha leve alta de 0,04%, aos 57.336 pontos.
"Não é a Bolsa toda que está atrativa", comenta o gestor de renda variável da Máxima Asset Management, Felipe Casotti. Apesar de não descartar preços atrativos em algumas ações brasileiras, ele ressalta que "a bomba relógio" está ligada, e o resguardo tende a prevalecer. "Existem receios com os problemas europeus (risco soberano e sistêmico), com uma provável estagnação da economia dos EUA (respigando na atividade global) e, ainda, os fatores internos."
Casotti avalia que o cenário de inflação e juros no Brasil parece já estar mais acomodado, mas as mudanças nas regras do jogo incomodam o investidor, sobretudo o estrangeiro. Ele lembra que a posição vendida desses agentes em índice Bovespa futuro - que está em níveis recordes de contratos em aberto - realça as operações de defesa no mercado acionário doméstico, travando os negócios no à vista.
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"A visão segue pessimista", resume o chefe da mesa de renda variável de uma corretora paulista. Para ele, o ambiente conturbado só tende a arrefecer se houver uma alteração na expectativa dos agentes. "E, por enquanto, não há nada disso no radar". Então, a Bolsa deve seguir refém da própria sorte podendo, inclusive, buscar o limite inferior do canal de baixa em que atualmente se encontra, em torno dos 56,8 mil pontos.
Mas, a agenda dos EUA pode estimular os investidores mais ousados. O setor privado norte-americano criou 114 mil empregos em julho, em comparação a junho, em base sazonalmente ajustada, segundo o relatório da ADP/Macroeconomic Advisers divulgado mais cedo. Economistas previam 105 mil novas contratações no mês passado. Ainda nos EUA, às 11 horas será divulgado o índice de atividade não industrial do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) em julho. No mesmo horário, serão anunciadas as encomendas à indústria em junho. Por fim, às 11 horas, sai o relatório oficial sobre estoques de petróleo bruto e derivados.
Dólar comercial abre em queda de 0,38% a R$ 1,562*
O dólar comercial abriu hoje em queda de 0,38%, cotado a R$ 1,562 no mercado interbancário de câmbio, revertendo o movimento de alta registrado nas duas últimas sessões. Às 10h04, nas primeiras transações do dia, a moeda norte-americana caía 0,32%, a R$ 1,563. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) o dólar negociado à vista cedia 0,38%, a R$ 1,561. O euro comercial registrava alta de 0,72%, cotado a R$ 2,241.
Os negócios locais devem novamente andar colados ao exterior, onde o euro experimenta alguma recuperação. Além disso, o Banco Nacional da Suíça decidiu tomar medidas para tentar conter a demanda dos investidores pelo franco, que está "substancialmente sobrevalorizado", segundo a instituição. Para completar, o Japão também dá sinais de que fará intervenção no mercado de câmbio para conter a alta do iene.
Hoje, os yields (retorno ao investidor) dos bônus dos governos da Itália e da Espanha recuaram das máximas do começo da sessão em meio a rumores não confirmados de que investidores da Ásia estariam comprando bônus soberanos da periferia da zona do euro. Também nesta quarta-feira, o ministro da Economia da Itália, Giulio Tremonti, e o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, afirmaram que tiveram uma longa e produtiva reunião sobre as questões relacionadas à zona do euro.
Em paralelo, crescem os comentários de que o Banco Central Europeu terá de intervir novamente no mercado e comprar títulos dos países da zona do euro para tentar estancar o contágio. Isso ocorre, sobretudo, devido às preocupações com Espanha e Itália.
No Japão, o ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, deu sinais de que uma nova intervenção cambial no país está no radar. Ele disse que os esforços feitos pelo país em 1995 para combater a alta do iene por meio de várias formas de intervenção no mercado de câmbio são uma "referência útil", sugerindo que considera a intervenção uma opção de política para conter a valorização da moeda.
Depois que a elevação do teto da dívida dos EUA foi aprovada, o que para alguns apenas postergará o problema, os indicadores norte-americanos do mercado de trabalho mostram divergências. Segundo o relatório ADP/Macroeconomic Advisers, o setor privado dos EUA criou 114 mil vagas em julho em relação a junho, ante projeção de 105 mil novos postos. Já de acordo com a consultoria Challenger, Gray & Christmas Inc, os empregadores norte-americanos anunciaram cortes de 66.414 postos de trabalho de suas folhas de pagamento em julho, um aumento de 60% em relação a junho e o maior número desde março de 2010.