Bovespa volta à realidade e cai na abertura 16/08/2011
- Agência Estado
A alta foi boa enquanto durou. Dados negativos na Europa trouxeram os investidores de volta à realidade econômica ainda turbulenta e fazem as bolsas em todo o mundo caírem. Aqui no Brasil não é diferente. A Bolsa de Valores de São Paulo interrompeu os cinco pregões de valorização e abriu em queda de 0,02%, a 54.640 pontos.
O PIB da Alemanha subiu menos no segundo trimestre, apenas 0,1%, mostrando forte desaceleração em relação ao crescimento de 1,3% no primeiro trimestre. “A Alemanha é forte exportadora e a parada da economia mundial prejudicou o comércio do país”, diz o estrategista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi.
O anúncio foi considerado negativo porque mostra que a crise tem atingido não somente os países periféricos da Europa, como Grécia e Irlanda, mas também economias fortes como a alemã. O PIB da zona do euro também sofreu as consequências do dado fraco alemão e subiu apenas 0,2%.
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Na Europa, ocorre hoje uma reunião entre a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy. “O mercado não espera grandes notícias do encontro que ocorre em Paris”, diz Galdi. Em momentos turbulentos, a falta de notícias é sinal negativo, o que pode causar mais baixas na Bolsa.
Pela manhã, os índices futuros e os mercados na Europa já mostravam que o dia ia ser de baixa. Às 9 horas, o futuro do Ibovespa abriu em baixa de 1,47%, a 53.830 pontos. “A abertura estava dada como negativa”, avalia Galdi.
Neste momento, a Bolsa de Londres cai 1,12%, Frankfurt tem baixa de 2,11%, Paris recuou 1,57% e Madri desvalorizava-se 2,08%.
A divulgação da produção industrial dos Estados Unidos em julho tem força para aprofundar a queda dos mercados ou mudar o humor dos investidores. “A projeção é de alta de 0,5%”, calcula o estrategista.
Ásia
Na Ásia, as vendas prevaleceram sobre as compras e os mercados recuaram em dia de realização de lucros. Hong Kong caiu 48,02 pontos, ou 0,24%.
Na China, as bolsas também apresentaram baixa. O índice Xangai Composto caiu 0,7% e o índice Shenzhen Composto também caiu 0,7%. Pesou sobre esse mercado a notícia do Banco Central chinês que aumentou o rendimento nominal (yield) dos títulos públicos. A preocupação e´de que esse seja um sinal de que o BC irá elevar o juro básica em uma tentativa de frear a inflação, mesmo com a economia mundial parada.
Apenas Tóquio avançou, 0,2%, incentivado pela notícia da compra multibilionária da Motorola Mobility pelo Google.
Dólar comercial abre em alta de 0,38%, a R$ 1,596
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo do esperado na zona do euro jogou um balde de água fria nos investidores, recolocando a aversão ao risco nos negócios. Com isso, o dólar ganha espaço ante a maioria das divisas, assim como o franco suíço volta a se valorizar depois de alguns dias de queda. E o dólar comercial abriu em alta de 0,38%, a R$ 1,596. Ontem, a moeda norte-americana fechou em baixa de 1,43% a R$ 1,59 no mercado interbancário de câmbio. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar à vista encerrou em queda de 1,44%, a R$ 1,5897, mas na abertura subia 0,30%, a R$ 1,594..
Na agenda de hoje, a expectativa dos investidores é com o encontro entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, além da divulgação de indicadores de atividade nos Estados Unidos.
A reunião entre os dois principais líderes europeus deve discutir, entre outros assuntos, restrições para a venda a descoberto de ações na região. Além disso, especula-se que a criação de um eurobônus estaria na pauta, apesar da recente negativa do governo alemão.
Enquanto o teor exato do encontro não é conhecido, o mercado trabalha com os números negativos da Europa. O dia já começou com as bolsas europeias e as principais commodities em baixa devido ao avanço de apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no segundo trimestre em relação aos primeiros três meses do ano, abaixo do +0,3% esperado pelos analistas. Essa é a menor expansão desde o segundo trimestre de 2009.
Mas pior foi a notícia de que a Alemanha cresceu apenas 0,1% no período, ante projeção de +0,4%, mostrando que a maior economia do bloco também patina. O PIB da Espanha teve avanço de 0,2%, abaixo do 0,3% de crescimento verificado entre janeiro e março, enquanto a economia portuguesa apresentou contração de 0,9%, repetindo o desempenho do primeiro trimestre.