Bovespa abre o dia em alta e o dólar em baixa 17/08/2011
- Yolanda Fordelone - Agência Estado
Mercado ainda digere o anúncio de medidas na Europa para tentar solucionar a crise fiscal
Com o mercado ainda digerindo o anúncio de uma série de medidas na Europa, decididas ontem após uma reunião entre a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu o pregão desta quarta-feira, 17, em clima positivo.
Na abertura, o Ibovespa subia 0,15%, aos 54.403 pontos. O Ibovespa Futuro também abriu em alta, de 0,48%, aos 54.590 pontos. "Hoje é um dia mais ameno da Bolsa. A agenda está mais tranquila e devemos ficar de olho na Europa", diz a economista da corretora Link, Marianna Costa.
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A especialista diz, porém, que a questão sobre a solução da crise fiscal na Europa pode continuar pesando nos mercados. Ontem, Merkel e Sarkozy afirmaram que vão propor a criação de um imposto sobre transações financeiras até o mês de setembro. As autoridades também se mostraram contrários a uma possível emissão de dívida em comum pelos 17 membros da zona do euro, os chamados eurobônus.
"Não saiu exatamente o que todo mundo esperava", diz a economista, ao se referir sobre a decisão de não emitir eurobônus. "Agora é um momento de cautela, de tentar entender as medidas e buscar outra solução. O ponto é que o encontro não resolveu o problema. Vai continuar essa nuvem negra."
Na Europa, os mercados têm reações distintas às decisões. As bolsas de Londres e Frankfurt caem 0,30% e 0,81%, respectivamente. França e Madri sobe m 0,73% e 0,16%, respectivamente.
Mercado cambial
O dia promete ser de volatilidade no mercado cambial. "Teve um evento importante pela manhã da nova intervenção do Banco Central da Suíça no mercado cambial para tentar conter a valorização do franco suíço", comenta Marianna.
Segundo a economista, a intervenção mostra a percepção de que apesar da crise o dólar vai continuar a perder valor, assim como euro. "É um novo sinal para a apreciação do real."
Ontem, o dólar comercial encerrou o dia negociado a R$ 1,590, estável em relação ao fechamento do dia anterior.
Dólar comercial abre a R$ 1,581*
A decisão do Banco Nacional da Suíça (SNB, o banco central) de aumentar a liquidez para tentar conter a alta da moeda do país decepcionou o mercado e está ajudando a depreciar generalizadamente o dólar, na manhã desta quarta-feira. Os investidores aguardavam o resultado da reunião do SNB apostando que o franco suíço fosse atrelado ao euro e, como essa expectativa foi frustrada, a moeda sobe fortemente e é acompanhada pelo euro. Na abertura, o dólar comercial valia R$ 1,581, em baixa de 0,57%, no mercado interbancário de câmbio. Às 10h09, a divisa cedia 0,69%, a R$ 1,579. A moeda europeia era negociada a US$ 1,4484 ante US$ 1,4407 no final da tarde de ontem em Nova York.
A avaliação dos especialistas é de que o mercado continua em busca de um equilíbrio para as cotações, em meio aos vaivéns da crise internacional. No momento, o desafio é precificar a crescente possibilidade de uma recessão econômica nos países desenvolvidos acirrada ontem por dados fracos do PIB da zona do euro e da Alemanha, considerada locomotiva da região.
Vale ressaltar que, ontem, a agência de classificação de risco Fitch, ao contrário da Standart & Poor''s (S&P), manteve a nota AAA, com perspectiva estável para os EUA, mas a notícia não teve força para abafar as preocupações com a Europa.
Quanto ao fluxo, a percepção é de que as captações devem continuar adormecidas pela instabilidade internacional. Enquanto isso, operadores avaliam que cresce a presença de importadores no mercado, principalmente quando o dólar cai abaixo de R$ 1,59, como se viu ontem e na segunda-feira. Já os exportadores, que aproveitaram as altas no ápice da crise estão menos atuantes. Hoje saem dados do fluxo cambial da semana passada, um dos destaque na agenda interna.