Bovespa acompanha Europa e cai 18/08/2011
- Yolanda Fordelone e Cristina Canas - Agência Estado
O dia não deve ser de ganhos na Bolsa de Valores de São Paulo. Um relatório do Morgan Stanley e declarações do ex-presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, derrubam as bolsas na Europa. No Brasil, a Bovespa seguiu essa tendência e caiu 0,07%, aos 55.036 pontos, na abertura. A queda se aprofundou depois de alguns minutos e a Bolsa perdeu o patamar de 55 mil pontos.
“Hoje não tem nenhuma divulgação ou reunião importante que poderia mudar o humor do mercado”, diz o economista-chefe da Souza Barros, Clodoir Vieira. Desde a abertura às 9 horas o Ibovespa Futuro indicava fortes perdas ao longo do dia. O índice chegou a recuar Masi de 3% em alguns momentos. Ontem, o Ibovespa – principal índice de ações da Bolsa – começou o dia em alta, passou a cair durante a tarde, mas encerrou o dia em valorização de 1,38%.
“Nos últimos dias até o que veio dentro do previsto foi considerado ruim”, relembra Vieira, ao se referir aos dados de emprego e produção industrial dos EUA e ao balanço da Petrobrás.
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Diante de sobe e desce do mercado, o economista diz que tem a percepção de que a pessoa física está aproveitando para voltar à Bolsa em momentos de baixa e, com pequenos ganhos, já sair novamente. “Os movimentos estão sendo curtos”. O saldo dos investidores estrangeiros até 15 de agosto está negativo em R$ 254,6 milhões.
Europa
O Morgan Stanley informou que revisou as previsões para o crescimento dos EUA e da zona do euro. Os novos cálculos indicam que as duas regiões estão se aproximando perigosamente de uma recessão. “As principais razões para a redução nas projeções, além dos indicadores econômicos decepcionantes, são recentes erros políticos nos EUA e na Europa somados à perspectiva de mais aperto fiscal em 2012″, disse a instituição.
Já o ex-presidente da Comissão Europeia – que liderou o órgão entre 1985 e 1994 – afirmou que a União Europeia e o euro estão hoje “à beira do precipício”.
O pessimismo dos investidores também é sentido no mercado de ouro. Durante a manhã , o metal à vista atingiu recorde de alta a US$ 1.816,90 a onça-troy.
Na Ásia, o dia também foi de baixa com os mercados reagindo a fatores locais, além dos temores sobre a crise de débito europeia e a redução do crescimento da economia dos Estados Unidos. A Bolsa de Hong Kong caiu 1,34%. A Bolsa de Tóquio recuou 1,3% e fechou com o índice Nikkei 225 no menor nível de encerramento dos últimos cinco meses.
Dólar comercial abre em alta de 1,01% a R$ 1,599
Depois do intervalo de ontem, as preocupações com o fôlego da atividade econômica dos países desenvolvidos volta a comandar a pauta de negócios do mercado financeiro, alimentando o pessimismo e a volatilidade.
Hoje o dólar comercial volta a subir e na abertura valia R$ 1,599, com valorização de 1,01%, no mercado interbancário de câmbio. Ontem, a moeda fechou em baixa de 0,44%, a R$ 1,583. Às 10h04, o dólar comercial subia 1,26%, a R$ 1,603. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar à vista era negociado com ganho de 0,84%, a R$ 1,598.
Segundo um operador, o sentimento de aversão ao risco espelha um conjunto de pequenos fatores.
Um deles é a avaliação de que o crescimento econômico europeu será menor do que esperado, feita pelo banco Morgan Stanley, que pesa nas bolsas europeias e no euro. A instituição reduziu de 2% para 1,7% a sua previsão para a expansão do PIB da zona do euro neste ano e de 1,2% para apenas 0,5% em 2012. A moeda única estava valendo US$ 1,4365 há pouco, ante US$ 1,4427 no final da tarde de ontem em Nova York.
No Reino Unido, as vendas do varejo cresceram 0,2% em julho, ante junho, abaixo das expectativas de 0,4% de economistas consultados pela Dow Jones. E, na China, o banco central local vendeu títulos públicos com juros superiores aos de operações anteriores, gerando a expectativa de alta da taxa básica no país. Também causou apreensão a informação de que autoridades norte-americanas estão avaliando a situação dos braços europeus de bancos dos Estados Unidos publicada pelo "Wall Street Journal".
Para o restante do dia, vale acompanhar de perto, além do noticiário econômico europeu, a vasta lista de indicadores norte-americanos que têm potencial para mexer com os negócios e as perspectivas.