Pânico volta aos mercados e Bovespa despenca 3,52% 18/08/2011
- Agência Estado
Os mercados acionários voltaram a viver um dia de pânico e forte aversão ao risco nesta quinta-feira. As tensões começaram na Europa e se intensificaram com a divulgação de dados negativos sobre a economia dos Estados Unidos e relatórios pessimistas dos bancos Morgan Stanley e Goldman Sachs.
O Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, despencou 3,52%, aos 53.134 pontos. Na mínima, recuou 5,13%, aos 52.246 pontos, e na máxima teve queda de 0,07%, com 55.037 pontos. No mercado de câmbio, o dólar fechou em alta de 1,20%, cotado a R$ 1,6020.
Em Nova York, os principais índices acionários também exibiram fortes quedas. Dow Jones perdeu 3,67%, Nasdaq caiu 5,22% e S&P 500 cedeu 4,45%. Na Europa, Milão recuou 6,15%, enquanto Paris e Frankfurt perderam mais de 5%. Os bancos europeus foram os principais vilões do pregão, com recuos acentuados.
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“A Europa começou o dia com queda bastante forte e já perdia 3% antes das bolsas dos Estados Unidos abrirem. As notícias ruins sobre a economia norte-americana só jogaram água quente na fervura”, afirma o diretor de gestão da Gradual Corretora, Pedro Paulo da Silveira. Segundo ele, as tensões na zona do euro se devem às incertezas sobre a capacidade da região de organizar a sua estrutura fiscal e resgatar países com problemas.
Apenas sete ações do Ibovespa fecharam no terreno positivo nesta quinta, com destaque para a Souza Cruz ON, que subiu 2,54%. Entre as maiores quedas do índice estão Marfrig ON (-8,02%), Fibria ON (-7,43%), Bradespar PN (-6,76%) e Rossi ON (-6,65%). Os papéis de Petrobrás e Vale, que têm os maiores pesos no Ibovespa, também caíram fortemente. Petrobrás PN caiu 2,73% e ON cedeu 3,90%, enquanto Vale PNA recuou 4,96% e ON perdeu 5,02%.
Dólar sobe a R$ 1,602 com retomada de aversão ao risco
Uma onda renovada de aversão ao risco varreu os mercados hoje e amparou a alta do dólar no exterior e em relação ao real. O risco de recessão na Europa e nos Estados Unidos no curto prazo voltou a ser lembrado e os dados norte-americanos bem piores do que o esperado hoje corroboraram a fragilidade da economia. A possibilidade de respingo da crise de dívida soberana europeia sobre o sistema financeiro norte-americano também voltou ao radar, impondo cautela aos negócios. E a falta de solução para os problemas europeus já é vista como ameaça à estabilidade financeira e monetária do bloco econômico.
Nesse cenário, a busca de proteção garantiu o aumento de preço do dólar e do volume de negócios no mercado interbancário. O dólar comercial fechou em alta de 1,20%, cotado a R$ 1,602. Na BM&F, o dólar à vista encerrou com valorização de 1,53%, cotado a R$ 1,609. O Banco Central fez um leilão de compra no mercado à vista e definiu a taxa de corte em R$ 1,6025. O euro comercial subiu 0,44% para R$ 2,297.
No mercado internacional, o banco Morgan Stanley revisou para baixo as previsões para crescimento mundial e ainda disse que Europa e Estados Unidos estão se aproximando perigosamente de uma recessão. A estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro foi cortada para 1,7% neste ano, de 2,0% anteriormente, e para 0,5% em 2012, de 1,2%.
Bancos europeus amargaram fortes perdas hoje nas bolsas, seguindo os mercados dos EUA, em meio à notícia do Wall Street Journal, segundo a qual o banco central americano (Fed) está manifestando preocupação com a liquidez das instituições bancárias europeias, disse um analista em Paris. Para acirrar o mal-estar, o ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, rejeitou aumento no volume da linha de empréstimos para garantir estabilidade financeira ( EFSF,) e o ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors avaliou que a União Europeia e o euro estão hoje "à beira do precipício".
Câmbio turismo
Nas operações de câmbio turismo, o dólar subiu 2,78% hoje para R$ 1,703 na venda e R$ 1,607 na compra. O euro turismo subiu 1,80% no dia, cotado a R$ 2,433 na venda e R$ 2,24 na compra.