Após semana de expectativas, Bovespa abre em alta 29/08/2011
- Olívia Bulla e Cristina Canas - Agência Estado
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu em alta. O esperado discurso feito na sexta-feira pelo presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Ben Bernanke, ainda ecoa nas praças financeiras hoje e dita um tom mais otimista entre os investidores no início desta semana. Nesse ambiente mais tranquilo, a Bovespa deve buscar reduzir parte das perdas acumuladas em agosto, embora os negócios locais sigam ressentidos do capital estrangeiro. Às 10h05, o índice Bovespa (Ibovespa) subia 0,69%, aos 53.717 pontos.
Faltando apenas três dias para o fim do mês, operadores seguem descrentes quanto a um "embelezamento" da Bolsa. O mais provável é que agosto seja o sexto mês, em oito decorridos este ano, em que o Ibovespa encerre com performance negativa. O desempenho, aliás, pode superar o resultado negativo de julho (-5,74%) - o pior de 2011 até então e que só faz frente ao verificado em maio de 2010 (-6,64%) - e ficar aquém apenas do tombo verificado em outubro de 2008, quando recuou mais de 20%.
Operadores das mesas de renda variável são praticamente unânimes em afirmar que, apesar dos preços atrativos das ações brasileiras, o investidor, sobretudo o estrangeiro, está arredio com a Bolsa. De fato, após os números da última quarta-feira (dia 24), o saldo negativo de capital externo na Bolsa superou R$ 1 bilhão neste mês, elevando o déficit no acumulado do ano para quase R$ 850 milhões.
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Para os profissionais de mercado, a concorrência desleal com a renda fixa continua sendo o principal entrave, o que deixa a Bolsa refém de giro curto. E, por enquanto, não há sinais de que a Selic (taxa básica de juros da economia brasileira) irá abandonar a casa dos dois dígitos. Segundo a Pesquisa Focus, divulgada nesta manhã pelo Banco Central, os analistas do mercado financeiro mantiveram, pela terceira semana consecutiva, a previsão de que o juro básico permanecerá nos atuais 12,50% até o fim de 2011. A previsão indica a aposta de manutenção da Selic, na reunião que começa amanhã.
Dólar comercial abre a R$ 1,596, em baixa de 0,56%
O dólar comercial começou a semana em baixa de 0,56%, a R$ 1,596, no mercado interbancário de câmbio. Às 10h11, a moeda norte-americana cedia 0,31%, a R$ 1,60. Na última sexta-feira, o dólar comercial fechou em queda de 0,31%, cotada a R$ 1,605.
O mercado de câmbio ainda busca energia nas palavras proferidas pelo presidente do Federal Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, na sexta-feira, durante o encontro anual de Jackson Hole, que reúne economistas de destaque do mundo todo. Depois de uma frustração inicial decorrente do fato de ele não ter repetido o desempenho do ano passado, quando antecipou o segundo programa de injeção de liquidez (quantitative easing-Q2), os investidores apoiaram-se na promessa do Fed de que a economia dos EUA terá comportamento melhor no segundo semestre e nas sinalizações de que algo será feito na reunião dos dias 20 e 21, e voltaram a comprar risco.
Na madrugada de hoje, outra injeção de ânimo deu suporte às moedas, em especial ao euro: as duas maiores instituições de crédito da Grécia, o Alpha Bank e o EFG Eurobank Ergasias, anunciaram sua fusão, que deverá resultar no maior banco do país.
Nesta manhã nos EUA foi divulgado o dado de gastos dos consumidores do país, mostrando alta de 0,8% em julho, o maior avanço em cinco meses, segundo o Departamento do Comércio. A renda pessoal dos norte-americanos cresceu 0,3%. Economistas ouvidos pela Dow Jones esperavam que os gastos subissem 0,5% e a renda avançasse 0,4%. Além disso, A taxa de poupança ficou em 5,0%, em uma indicação de que as pessoas estão se sentindo um pouco mais confiantes na economia. Em junho a taxa de poupança estava em 5,5%.