Mercados seguram perdas e Bovespa cai apenas 0,17% 12/09/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
Perto do encerramento dos negócios, alguns investidores "salvaram" as Bolsas de Valores de abrir a semana com fortes perdas. Na avaliação de analistas, os próximos pregões também devem ser marcados pela volatilidade.
A Bolsa brasileira, que chegou a cair mais de 2% ao longo do pregão, fechou com uma queda de apenas 0,17%, na marca dos 55.685 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,3 bilhões.
Nos EUA, mercado monitorado mais de perto pelos investidores, a Bolsa de Nova York também abriu o dia em queda livre, para terminar o pregão em alta de 0,63%, pela referência do índice Dow Jones.
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Os piores tombos foram vistos nas praças financeiras do velho continente, com destaque para a Bolsa francesa (desvalorização de 4%).
As ações do setor bancário tiveram um dia difícil. Em Paris, alguns papéis de grandes instituições financeiras chegaram a desabar mais de 10%, com a advertência de um possível rebaixamento de "rating" (nota de risco de crédito).
No front doméstico, mesmo as ações dos grandes bancos brasileiros sofreram: o papel do Itaú-Unibanco caiu 4% no meio da tarde, mas finalizou o dia com baixa de 1,7%, mesma queda registrada para as ações do rival Bradesco, enquanto o BB viu o valor de seus ativos cederem 1,5% neste pregão.
A agência Moody's advertiu que grandes bancos franceses estão expostos a um alto risco pelo fato de carregarem em suas carteiras de investimentos muitos títulos da dívida grega. Boa parte do mercado financeiro já acredita que a Grécia está a beira do calote, e vê com apreensão o fato das maiores autoridades políticas e econômicas da Europa não chegarem a um consenso para enfrentar a crise.
Profissionais do setor financeiro, no entanto, acreditam que o BCE (Banco Central Europeu), apesar da relutância, deve intervir caso a situação deteriore.
"Eles [as autoridades europeias] não vão deixar os bancos quebrarem. Acredito que o custo seria muito alto. Mas é uma situação realmente muito complicada e os países da zona do euro estão ficando sem margem de manobra", comenta Miguel Daoud, analista da Global Financial Advisor.
DÓLAR
O dólar refletiu o nervosismo dos agentes financeiros e subiu pelo oitavo dia, oscilando entre R$ 1,70 e R$ 1,72 ao longo do expediente. Nas últimas operações, a moeda americana foi trocada por R$ 1,708, em um avanço de 1,8% sobre o fechamento de sexta.
Analistas já veem o dólar na faixa de R$ 1,73 e R$ 1,75 no curto prazo. 'É possível que, devido a esses fatores pontuais, o dólar dê picos para R$ 1,73 ou R$ 1,75, mas eu não acredito que vá muito além disso', comenta Tarcísio Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista.
Alguns especialistas do setor financeiro ainda acreditam que as autoridades econômicas vão agir para evitar uma piora do cenário econômico mundial. Por esse motivo, e considerando fatores domésticos, como o superavit comercial, e as reservas robustas do país, analistas de câmbio acreditam que as taxas podem recuar no curto prazo.
O boletim Focus, por enquanto, ainda não mostra uma disparada do dólar. Para dezembro, a taxa prevista continua a ser R$ 1,60, conforme as projeções econômicas de uma centena de instituições financeiras coletadas pelo Banco Central.