Bovespa mira exterior e sobe apenas 0,17%; dólar fecha a R$ 1,709 15/09/2011
- Agência Estado e Folha Online
A descrença parece brotar na Bovespa, que não tem se deixado entusiasmar pelo otimismo global com o mesmo vigor que suas pares internacionais. Mesmo com o anúncio de que cinco grandes bancos centrais do mundo realizarão ofertas de liquidez em dólar, o principal índice à vista operou com considerável distância das bolsas norte-americanas. Hoje, ao menos, acompanhou o sinal positivo.
O Ibovespa terminou o dia com ganho de 0,17%, aos 56.381,46 pontos. Na mínima, registrou 56.196 pontos (-0,16%) e, na máxima, 57.161 pontos (+1,55%). No mês, acumula perda de 0,20%, e, em 2011, -18,65%.
Uma das explicações para o comportamento doméstico é o vencimento de opções sobre ações na próxima segunda-feira. Além disso, após a leitura inicial positiva para o anúncio de que BCE, Federal Reserve, Banco da Inglaterra, Banco do Japão e Banco Nacional da Suíça vão realizar três operações para fornecer liquidez em dólar, o mercado se retraiu um pouco. À espera dos desdobramentos, os investidores pisaram no freio.
PUBLICIDADE
Uma terceira justificativa é o avanço do dólar, que há quatro dias fecha na casa de R$ 1,70, e inibe a compra de ações pelo estrangeiro. A alta de hoje, no entanto, teve contribuição de Vale, que registrou seu quarto dia seguido de ganhos na esteira do processo de recompra anunciado no passado e que termina no final de novembro. A ação ON encerrou com ganho de 1,11% e a PNA, de 1,35%.
Petrobras ON subiu 0,13% e PN, 0,15%. Na Nymex, o contrato do petróleo para outubro avançou 0,55%, a US$ 89,40 o barril. Na Europa, Paris subiu 3,27%, Londres, 2,11%, Frankfurt, 3,15%, Milão, 3,55%, Madri, 3,63%, e Lisboa, 3,08%.
Em Wall Street, os ganhos foram bem maiores do que os da Bovespa, embora bem menores do que os europeus. O Dow Jones avançou 1,66%, aos 11.433,18 pontos, o S&P subiu 1,72%, aos 1.209,11 pontos, e o Nasdaq terminou com valorização de 1,34%, aos 2.607,07 pontos.
Dólar cede pela 1ª vez em dez dias e fecha a R$ 1,70
O dólar comercial finalmente teve um dia de queda, após dez sessões consecutivas em que ganhou valor frente ao real.
A cotação da moeda americana oscilou entre a taxa máxima de R$ 1,721 e a mínima de R$ 1,699, para encerrar a rodada de negócios em R$ 1,709, o que representa um recuo de 0,87% sobre o fechamento de ontem. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi vendido por R$ 1,820 (queda de 1%) e comprado por R$ 1,640.
A moeda europeia, que foi negociada por US$ 1,45 em fins de agosto, e havia derretido para US$ 1,36 no início deste mês, bateu hoje a cotação de US$ 1,38, depois que as principais lideranças de Alemanha e França (as economias mais importantes da Europa) reafirmaram a disposição em "salvar" a Grécia, sob a iminência de um "default" (calote).
Na semana que vem, as autoridades europeias devem avaliar as condições para que o país mediterrâneo receba novas parcelas do pacote de auxílio financeiro já acertado.
Os mercados também "comemoraram" a ação do BCE (Banco Central Europeu), que voltou a fornecer capital para os bancos do velho continente, de modo a evitar problemas de liquidez.
Em 2008, a crise foi agravada quando o dinheiro parou de circular entre os bancos, provocando a paralisia do circuito de crédito e precipitando a recessão que atingiu as maiores economias do planeta.
SEM BC
A exemplo de ontem, o Banco Central não compareceu no mercado de câmbio, interrompendo uma longa sequência de intervenções diárias, por meio de leilões de compra.
Desde o final de agosto o BC já veio reduzindo fortemente o montante de dólares adquirido diariamente junto aos "dealers" (as instituições financeiras credenciadas). Enquanto nos estertores de agosto a média foi pouco superior a US$ 80 milhões, em setembro caiu para meros US$ 35 milhões (em seis dias úteis).
Outro forte indicador das mudanças no segmento de câmbio brasileiro pode ser vista no mercado futuro.
Conforme o acompanhamento do BC, a chamada posição "vendida" dos bancos caiu de US$ 14,69 bilhões em junho para US$ 6,25 bilhões em agosto.
Trata-se do montante de apostas feitas no mercado futuro da BM&F, onde os agentes financeiros negociam contratos para compra ou venda da divisa americana, e que liquidam num prazo de meses (em contraste com o segmento à vista, onde as operações fecham em dois dias úteis). Investidores "vendidos" ganham com a baixa das cotações; "comprados", com a alta.