Bovespa fecha em queda de 2,9% com mau humor sobre Grécia 03/10/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bolsa de Valores brasileira iniciou o mês de outubro com fortes perdas. Como analistas apontam, os participantes dos mercados estão em compasso de espera dos próximos passos das autoridades europeias, e dos demais organismos internacionais, para evitar "o pior" em relação à crise das dívidas soberanas.
O índice Ibovespa, o principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retrocedeu 2,93%, aos 50.791 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,35 bilhões.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,892, em alta de 0,53%. A taxa de risco-país marca 286 pontos, número 0,35% acima da pontuação anterior.
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As principais Bolsas europeias encerraram os negócios de hoje com baixas entre 1,03% (Londres) e 2,27% (Frankfurt).
Já nos EUA, a Bolsa de Nova York teve forte retração de 2,36%, pela referência do mundialmente influente índice Dow Jones.
"O mês de outubro trará mais desafios para os investidores (...) mesmo considerando a hipótese de aprovação das medidas de socorro necessárias aos países europeus, o reflexo nos mercados poderá não ser expressivo, pesando no primeiro instante mais a sensação que não haverá perdas generalizadas aos países credores", comentam os analistas da Planner Corretora, em relatório sobre as perspectivas do mercado financeiro.
Na visão de analistas técnicos (que buscam antecipar as tendências da Bolsa por meio de gráficos), o Ibovespa ficou abaixo de um importante patamar de preços no pregão de hoje: os 51.850 pontos. É praticamente um consenso entre esses profissionais que, caso o indice da Bovespa permaneça abaixo desse nível de preços, novas ordens de venda devem levar o índice para um patamar ainda menor, próximo dos 48 mil pontos.
EUA E EUROPA
Os mercados reagiram com nervosismo à notícia de que a Grécia não vai conseguir cumprir suas metas para reduzir o deficit orçamentário, tanto para este ano quanto para 2012. O país mediterrâneo depende de um pacote de socorro financeiro dos maiores organismos internacionais para evitar um 'default'. Como contraparte, Atenas tem que se comprometer com medidas rigorosas para reduzir os rombos financeiros, mas que têm sua credibilidade comprometida com essa admissão.
Entre outras notícias importantes do dia, o principal indicador dos EUA previsto para hoje mostrou desempenho melhor do que o esperado. A influente sondagem privada ISM apontou que o nível de atividade do setor manufatureiro expandiu pelo 26º mês consecutivo.
Elaborado a partir de questionamentos de executivos do setor, o índice que sintetiza as respostas teve uma leitura de 51,6 pontos em setembro, ante 50,6 em agosto. Economistas do setor financeiro projetavam um patamar igual ao de agosto.
No front doméstico, o boletim Focus, do Banco Central, revelou que boa parte dos economistas do setor financeiro elevou suas projeções para o dólar: a taxa de câmbio prevista para dezembro aumentou de R$ 1,68 para R$ 1,73. Já a estimativa do IPCA para este ano ficou inalterada em 6,52%. Para 2012, o percentual subiu de 5,52% na semana passada para 5,53% nesta semana.