Sob expectativa do Copom, Bovespa tem queda modesta 19/10/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bolsa de Valores brasileira teve uma queda modesta, após uma rodada de negócios marcada pela instabilidade.
Apesar da expectativa de um novo corte dos juros brasileiros, o que torna aplicações de renda variável mais atrativas frente à renda fixa, o cenário externo ainda é a influência dominante no ambiente de negócios doméstico.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, cedeu 0,12% no fechamento, aos 54.966 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,85 bilhões.
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A forte queda vista nas ações da Vale -- de 2,86% no caso das preferenciais, e de 3,36% no caso das ordinárias -- foi compensada parcialmente pelo desempenho dos papéis do setor bancário. As ações do Banco do Brasil e Itaú-Unibanco subiram 0,37% e 1,91%, enquanto as "units" do Santander avançaram 0,65%. A exceção foi o papel do Bradesco -- a ação preferencial se desvalorizou em 0,23%.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,775, em alta de 0,96%. A taxa de risco-país marca 230 pontos, número 0,43% acima da pontuação anterior.
As principais Bolsas europeias ainda encerraram os negócios de hoje em terreno positivo, a exemplo de Londres (alta de 0,74%), Paris (0,51%) e Frankfurt (0,61%).
Mas em Wall Street, a Bolsa de Nova York retrocedeu 0,63%.
Pela manhã, os mercados no exterior ainda operavam movido a especulações de um possível acordo entre França e Alemanha para reforçar o fundo de estabilidade financeiro, conforme noticiado ontem pelo diário britânico The Guardian. Hoje, no entanto, a imprensa alemã informou que a ampliação desse fundo pode não ser do tamanho esperado: em vez de um aumento para 2 trilhões de euros, "somente" 1 trilhão.
Nenhuma dessas informações foi confirmada em caráter oficial e, portanto, permanece a expectativa pelo próximo final de semana, quando se espera um anúncio por parte das lideranças europeias de medidas efetivas para conter a crise das dívidas soberanas.
Essa expectativa, no entanto, ajudou a amenizar o choque de um novo rebaixamento do "rating" (nota de risco de crédito) da Espanha pela agência Moody's, que nesta semana já assustou os mercados com uma advertência sobre a "nota" da França, uma das maiores economias do Velho Continente.
Outra notícia que ajudou a melhorar o humor do mercado veio dos EUA. O governo americano revelou que a taxa de inflação desacelerou nos últimos meses: o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) dos Estados Unidos teve alta de 0,3% no mês passado, ante 0,4% em agosto e 0,5% em julho. O indicador surgiu em linha com as expectativas do setor financeiro.
Uma parcela dos especialistas também viu com bons olhos o relatório (o influente "Livro Bege") divulgado hoje pelo Federal Reserve (banco central dos EUA), onde ele constata uma ligeira melhora nas condições da economia americana.
A autoridade monetária desse país, no entanto, alertou para a situação das empresas, com perspectivas que parecem ser "de maneira geral, piores ou mais incertas" do que antes.
O Livro Bege apontou "um crescimento como um todo da economia americana" e afastou "o cenário de recessão que se mostrava mais presente em leituras recentes, além de [mostrar] uma perspectiva menos pessimista para o futuro econômico. O setor mais afetado neste momento continua a ser de serviços financeiros", avaliou o analista Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul, em comentário sobre o relatório do Fed.
No front doméstico, os agentes financeiros operaram à espera da reunião do Copom, que anuncia nas próximas horas a nova taxa básica de juros. Boa parte dos economistas acredita num ajuste dos atuais 12% ao ano para 11,50%.