Bovespa tem forte alta e acumula ganho de 13% no mês 27/10/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
O entusiasmo dos investidores com o plano anticrise europeu contribuiu para a Bolsa de Valores brasileiras retomar um patamar de preços não visto desde o final de julho. E com a alta de hoje, o ganho acumulado já supera 13% neste mês.
O índice Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, teve valorização de 3,72% no fechamento, batendo os 59.270 pontos. O giro financeiro foi bastante alto, de R$ 10,11 bilhões, bem acima da média do mês (R$ 6 bilhões/dia).
Ações de empresas baseadas em commodities, do setor bancário e do setor imobiliário tiveram algumas dos ganhos mais destacados no pregão desta quinta-feira.
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A ação preferencial da Vale, que sozinha foi alvo de negócios acima de R$ 1 bilhão, teve alta de 2,35%. A outra "blue chip" da Bovespa, a ação preferencial da Petrobras, disparou 4,28%.
Os papéis dos bancos Bradesco, Itaú e Banco do Brasil subiram entre 3,1% e 5,6%. No segmento das construtoras e imobiliárias, a ação da MRV disparou 8,15, enquanto os papéis de Cyrella, PDG, Rossi e Gafisa avançaram em torno de 5%.
O dólar comercial teve uma forte contração de 2,89%, recuando para R$ 1,709, o menor preço em mais de 30 dias. A taxa de risco-país marca 195 pontos, número 10,55% abaixo da pontuação anterior.
No epicentro da crise, as maiores Bolsas europeias tiveram fortes avanços, a exemplo de Londres (2,89%), Paris (6,27%) e Frankfurt (5,34%).
Nos EUA, a Bolsa de Nova York teve alta de 2,86%.
"O mercado se animou bastante porque, num primeiro, porque no principal problema [a iminência de um calote grego] eles já conseguiram dar uma bela arrumada. Mas ainda tem muita discussão pela frente para nós vermos a situação resolvida", comenta Expedito Araújo, da mesa de operações da corretora Alpes.
Esse profissional observa ainda que muitos investidores, que estavam acreditando no "pior cenário", tiveram que rapidamente reverter suas apostas na Bolsa, dando impulso adicional para as compras no pregão.
Entre os principais resultados da reunião de cúpula da UE destaca-se o acordo para que credores aceitem o perdão do equivalente a 50% da dívida grega, num esforço para impedir que o país mediterrâneo seja forçado a dar calote em seus compromissos financeiros.
Também ficou estabelecido que os bancos terão que elevar os níveis exigidos de capital, precisando para tanto captar mais de 100 bilhões de euros. A UE deu um prazo de nove meses para que os as instituições financeiras busquem no setor privado o montante necessário para atender as novas exigências, prometendo apoio governamental para essa tarefa.
A UE também chegou a um acordo para reforçar o chamado fundo de estabilidade financeira, que terá seu capital elevado de 440 bilhões de euros para 1 trilhão e será utilizado para ajudar outros países da região em dificuldades, a exemplo de Itália e Espanha.
As novidades não tiveram uma recepção unânime. Um levantamento publicado pela agência Reuters mostra que os economistas do setor financeiro estão divididos em relação à eficácia do novo plano europeu: 24 dos 47 especialistas ouvidos no exterior afirmaram que o perdão da dívida grega não seria suficiente para resolver os problemas do país mediterrâneo.
EUA E BRASIL
Entre outras notícias importantes do dia, o governo dos EUA que a economia do país teve um crescimento de 2,5% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior, em linha com as expectativas do mercado.
No front doméstico, o Copom (Comitê de Política Monetária) reforçou a mensagem de que a desaceleração da economia mundial vai contribuir para a moderação do nível de atividade doméstica, que há mais "sinais favoráveis" para a inflação e que o governo ainda mira no centro da meta (4,5%, medido pelo IPCA) para 2012.