Bovespa tem maior ganho mensal desde maio de 2009 31/10/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
Apesar da forte queda registrada hoje, o índice Ibovespa ainda conseguiu emplacar o seu maior ganho mensal (11,5%) desde maio de 2009, após uma longa sequência de seis meses consecutivos de perdas.
Esse indicador retrocedeu 1,97% na rodada desta segunda-feira, atingindo os 58.338 pontos. Apesar do bom desempenho de outubro, neste ano a desvalorização acumulada é de 15,8%.
O giro financeiro total da Bolsa foi de R$ 6 bilhões, dentro da média deste mês.
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Para manter o "viés de alta", analistas técnicos (que se baseiam em gráficos para identificar as tendências da Bolsa) avaliam que esse índice precisa oscilar acima dos 60 mil pontos.
Historicamente, os meses de novembro e dezembro são períodos em que esse indicador sobe. Em termos "fundamentalistas", economistas do setor financeiro apontam que os mercados precisam ter mais detalhes sobre a viabilidade do plano anticrise europeu anunciado na semana passada.
"Após o tão esperado anúncio das medidas para estabilização financeira imediata da Europa, os investidores agora começam a analisar com mais calma a situação. (...) a amplitude da aceitação revelará, nos próximos dias, se o plano é ou não viável. Até la, as Bolsas devem continuar sem tendência definida", comenta Eduardo Dias, analista da Omar Camargo Investimentos, numa referência às negociações para que a China coloque recursos no fundo de estabilidade financeira.
Esse fundo é uma das ferramentas estratégicas que a UE deve usar para socorrer outros países da região em dificuldades financeiras, a exemplo de Portugal e Espanha.
Ontem, o presidente da China, Hu Jintao, embarcou numa viagem para a Europa, com o objetivo de participar da reunião do G20, que terá como pauta principal a crise no Velho Continente.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,704, em um avanço de 1,18% no dia. Em outubro, a taxa cambial cedeu 9,46%, mas ainda acumula alta de 2,28% nestes dez meses.
As principais Bolsas europeias finalizaram a rodada de negócios com perdas de 2,77% (Londres), 315% (Paris) e 3,22% (Frankfurt).
Nos EUA, a Bolsa de Nova York sofreu baixa de 2,26%.
EUROPA E FOCUS
Entre as notícias de maior destaque no dia, a agência europeia de estatísticas Eurostat revelou que a zona do euro teve a maior taxa de desemprego (10,2%) em setembro desde o início da série histórica em 1998.
No front doméstico, o boletim Focus mostrou que boa parte dos economistas do setor financeiro revisou novamente para baixo suas projeções para a inflação: a taxa prevista para 2012 caiu de 5,60% para 5,59%. Para esse ano, a estimativa do PIB também foi ajustada ligeiramente para baixo: em vez de um crescimento de 3,30%, a mediana das projeções aponta uma alta de 3,29%.
Analistas ressaltam que a semana terá uma agenda econômica bastante pesada à frente. Nos EUA, há pelo menos dois eventos de peso: a nova reunião do Federal Reserve (banco central dos EUA), que não deve trazer novidades sobre a política de juros, mas pode surpreender caso se confirmem os rumores de uma nova rodada de injeções de capital na economia; na sexta, há a divulgação do fundamental relatório sobre geração de empregos.
Na Europa, o mundo deve monitorar a troca de guarda no BCE (Banco Central Europeu, com a entrada do italiano Mario Draghi. O BCE é um dos organismos fundamentais para a gestão da crise no Velho Continente.
Ainda no front externo, há o início da reunião do G20 (grupo dos países mais desenvolvidos), que também deve merecer atenção cerrada dos mercados: ainda se discute as formas de ajudar os demais países europeus em dificuldades financeiras, a exemplo de Portugal e Espanha.
Além da agenda macroeconômica, há uma extenso cronograma de balanços corporativos de peso, tanto no front externo quanto doméstico.