DIA A DIA

Bovespa recua 1,74% com nervosismo global por surpresa grega
01/11/2011 - Epaminondas Neto - Folha Online

Os mercados reagiram com surpresa e aturdimento a decisão surpreendente do primeiro-ministro grego em convocar um referendo para votar o pacote de resgate concedido pelas autoridades europeias.

O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 1,74% no fechamento, aos 57.520 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,83 bilhões.

As perdas foram generalizadas. No setor bancário. o ativo do Santander Brasil retrocedeu 2,91%, enquanto a ação do Itaú-Unibanco teve queda de 1,77%, ante baixas de 0,96% e 0,38% dos rivais Bradesco e Banco do Brasil.


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O setor imobiliário mostrou baixas ainda piores, a exemplo de PDG (-3,30%), MRV (-2,64%) e Gafisa (-5%). Mas o setor de commodities também não escapou: as ações da Gerdau, da CSN e da Usiminas cederam 2,13, 1,63% e 2,54% respectivamente.

"Essa notícia confundiu o mercado. Pegou todo mundo de surpresa. E mesmo que eles expliquem melhor ou mesmo desmintam esse referendo nos próximos dias, sempre vai ficar a dúvida", relata Pedro Braz, da mesa de operações da TOV Corretora.

Nos EUA, a Bolsa de Nova York caiu 1,80%, conforme o índice Dow Jones. Pelo índice mais abrangente S&P500, a retração foi de X%.

As Bolsas europeias, que encerram os negócios horas antes, repercutiram com mais força a notícia. As perdas oscilaram de 2,2% (praça de Londres) a quase 7% (Milão). Em Atenas, epicentro da crise, a Bolsa local desabou 6,9%.

"O mercado está olhando atônito as notícias sobre o referendo grego. O resto do mundo deve estar seriamente avaliando como a Europa pode sobreviver se uma coisa dessas acontece", disse Kathleen Brooks, diretora de pesquisas da Forex.com à agência Associated Press.

SURPRESA MUNDIAL

Ontem à noite, o primeiro-ministro grego Georges Papandreou surpreendeu o mundo ao anunciar a intenção de submeter a um referendo popular as severas medidas de ajuste fiscal exigidas pelos organismos internacionais para continuar financiando o país.

Sem data marcada, o hipotético referendo assombrou analistas, que anteciparam uma possível expulsão da Grécia da zona do euro no caso de um resultado desfavorável aos ajustes fiscais preconizados pela União Europeia e o FMI, os virtuais fiadores da solvência grega.

Ao longo do dia, as novas notícias confundiram ainda mais. A proposta não encontrou apoio (muito pelo contrário) nem entre os integrantes da oposição grega nem entre os aliados da própria legenda de Papandreou, conforme relatos das agências de notícias internacionais. Enquanto vários políticos gregos pediram a renúncia do premier, funcionários do governo confirmaram a intenção de realizar a consulta popular.

'Dado que o Congresso grego já havia aprovado as medidas demandadas pelos credores do país e os bancos privados já haviam concordado com o desconto de 50% no valor de face dos novos títulos gregos (...), o referendo parece ter apenas 'downside' em relação ao 'grande plano' anunciado na semana passada', comentou Mauro Schneider, economista-chefe da Banif Investimentos, em seu boletim diário sobre as expectativas do mercado.

'No limite, o referendo poderá acabar representando um voto de permanência ou não da Grécia na zona do euro', acrescenta.

CHINA E EUA

Para completar o quadro francamente desfavorável aos investimentos de risco, as duas maiores economias do planeta voltaram a apresentar indicadores negativos.

Na China, a pesquisa oficial sobre o nível de atividade manufatureira teve o seu pior resultado mensal desde fevereiro de 2009, renovando temores de que a economia do gigante asiático pode sofrer uma desaceleração brusca nos próximos meses.

E nos EUA, uma sondagem a cargo do influente instituto ISM apontou expansão do nível de atividade no setor manufatureiro, mas num ritmo abaixo das expectativas. A pesquisa teve uma leitura de 50,8 pontos em outubro, ante 51,6 em setembro. Economistas do setor financeiro projetavam um resultado acima dos 51 pontos.

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