Em sessão tensa por crise europeia, Bovespa ganha 1,52% 03/11/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
Os investidores reagiram positivamente, mas sem maior entusiasmo, a notícia de que o governo grego vai desistir do temido referendo sobre o pacote de resgate financeiro.
A situação no país mediterrâneo segue obscura: embora o premier George Papandreou tenha recuado de sua intenção inicial, sua permanência no cargo ainda é uma incógnita, com as pressões para que deixe o cargo.
O índice Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, avançou 1,52% no fechamento, aos 58.196 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,70 bilhões.
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A ação do Banco do Brasil se desvalorizou em 2,17%, destoando dos ganhos registrados para os papéis do setor bancário: o ativo do Bradesco subiu 0,71%, enquanto a ação do Itaú-Unibanco teve alta de 1,15%.
A instituição financeira revelou hoje um lucro líquido de R$ 2,89 bilhões para o terceiro trimestre, uma cifra 11% mais alta do que o resultado de 12 meses atrás. Na visão do mercado, apesar dos melhores resultados com o segmento de previdência e da carteira de crédito, o balanço foi afetado pelas maiores despesas com a provisão para créditos duvidosos e com as atividades de intermediação financeira.
A corretora Concórdia revisou para baixo seu preço-alvo para ação preferencial (de R$ 40,62 para R$ 37) -- que foi negociada no pregão de hoje por R$ 25 -- mas com a ressalva: "mantemos a nossa recomendação de 'compra' para o BB, porém ressaltamos que o nosso preferido para o setor continua sendo o banco Itaú".
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,714, em alta de 0,23%. A taxa de risco-país marca 209 pontos, número 0,47% abaixo da pontuação anterior.
As Bolsas europeias encerraram os negócios em terreno positivo, a exemplo de Londres (1,12%), Paris (2,72%) e Frankfurt (2,80%).
Nos EUA, a Bolsa de Nova York teve alta de 1,76%.
BANCO EUROPEU SALVA O DIA
Em um cenário conturbado pela novela grega, o que efetivamente ajudou os mercados a fecharem no azul foi o resultado da reunião do Banco Central Europeu.
O BCE, em uma decisão inesperada, reduziu a taxa básica de juros da região para 1,25% ao ano, na estreia do italiano Mario Draghi na presidência da instituição, substituindo Jean Claude Trichet. A maioria dos analistas contava com a manutenção da taxa em 1,5%.
"A decisão do BCE é mais importante do que qualquer decisão política tomada hoje (...). É uma notícia bem vinda porque revela que eles perceberam a situação díficil enfrentada pelas economias europeias", comentou Andrew Milligan, chefe de estratégia global da Standard Life Investments, à agência Reuters.
Entre outras notícias importantes, o Departamento de Trabalho dos EUA registrou uma demanda menor que o previsto pelos benefícios do auxílio-desemprego: foram 397 mil pedidos iniciais até a semana passada, ante 406 mil na medição anterior. Profissionais do mercado previam uma cifra na casa dos 401 mil.
Ainda nos EUA, a sondagem da entidade privada ISM apontou uma expansão do nível de atividade no setor de serviços em outubro, porém num ritmo menor que o esperado. A pesquisa gerou uma leitura de 52,9 pontos em outubro, ante 53 em setembro. Economistas projetavam o patamar de 53,5 pontos.