Bovespa perde 1,4% em semana marcada por nervosismo global 04/11/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
O desempenho positivo das ações na rodada desta sexta-feira na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) contrastou com as quedas registradas nas praças de Nova York, Londres e Paris. Mas na semana, porém, o "termômetro" da Bolsa retrocedeu 1,4%.
A taxa de câmbio doméstica avançou 3,44% nesta semana. O nervosismo com a Grécia, que gerou comoção mundial devido à proposta de um referendo sobre o pacote financeiro, pautou os negócios desse período, e ajudou a fortalecer o dólar frente as demais moedas.
O euro, que encerrou o mês de outubro acima de US$ 1,41, desceu para US$ 1,37 na rodada deste sexta-feira.
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Já o dólar comercial foi cotado por R$ 1,742 no front doméstico, em um aumento modesto de 0,0,5% -- o quarto aumento consecutivo nesta semana.
Os resultados decepcionantes da reunião do G20, bem como a geração de empregos mais fraca do que o previsto nos EUA, combinaram-se para desestimular novas ordens de compra por parte dos investidores.
Mas no front doméstico, um punhado de ações ajudou a Bolsa brasileira a fechar "no azul", com destaque para as ações da Vale: os papéis da mineradora subira 1,3% (preferenciais) e 2% (ordinárias), respondendo por mais de R$ 1,1 bilhão do giro total de R$ 5,3 bilhões contabilizado hoje.
Outros papéis também contribuíram para sustentar a recuperação do mercado brasileiro, como por exemplo, as ações de Gerdau, Usiminas e CSN, com valores entre 1,5% e 3%, e no setor financeiro, que mostraram altas um pouco mais modestas, de 0,36% (Itaú-Unibanco) e 0,23% (Bradesco).
Dessa forma, o índice Ibovespa, que justamente reflete os valores das ações mais negociadas, subiu 0,81% no fechamento, enquanto as Bolsas europeias registraram perdas de 0,33% (Londres), 2,52% (Paris) e 2,72% (Frankfurt), enquanto nos EUA o "termômetro" de Wall Street, o Dow Jones, cedeu 0,51%.
O Ibovespa encerrou a semana no patamar dos 58.669 pontos, um nível de preços considerado importante pelos analistas técnicos, que se baseiam em padrões gráficos e estatísticos para antecipar as tendências da Bolsa.
O analista-chefe da corretora Walpires, Leandro Martins, observa que, a graficamente, o "termômetro" da Bolsa tem probabilidade de atingir os 60 mil pontos, um nível de preços perdido em julho deste ano. Acima desse patamar, o próximo objetivo seria a marca dos 64 mil pontos.
Tradicionalmente, a Bolsa tende a subir no bimestre final do ano. É o que no jargão do mercado se chama de "rally de alta". Mas o cenário externo, e os problemas embutidos nas "blue-chips" (ações mais movimentadas pelos investidores) Vale e Petrobras, tornam mais difícil essa visão otimista.
"Eu sei que, em termos fundamentalistas, o cenário não está favorável: continuamos com as mesmas incertezas de sempre no caso da Petrobras; a ação da Vale sofre por causa da queda no minério de ferro. Sobre a Europa, nem preciso comentar... e em relação aos EUA e à China, há o risco de uma desaceleração brusca do crescimento", sintetiza. "Mas se houver um movimento mais forte dos 'comprados' [investidores que apostam na alta da Bolsa], os 'vendidos' vão ter que correr atrás do prejuízo", acrescenta.
Na mão inversa, caso a maioria dos investidores se mostrem menos dispostos para correr riscos, as ordens de venda pressionariam novamente o Ibovespa para o nível dos 56 mil pontos. E caso a Bolsa começasse a oscilar abaixo desse valor, o índice provavelmente cederia até o "piso" dos 50 mil pontos, já duramente testado em agosto.