Tensão global com Itália faz Bovespa ceder 2,5% 09/11/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
Investidores temerosos com os desdobramentos da crise italiana dispararam ordens de venda pelas principais Bolsas de Valores do planeta nesta quinta-feira.
Referência para as operações de comércio exterior, o dólar comercial foi trocado por R$ 1,776 (alta de 2,06%) na rodada de negócios desta quarta-feira, quando oscilou entre R$ 1,776 (valor máximo do dia) e R$ 1,749 (valor mínimo).
Para turistas e viajantes, o dólar foi vendido por R$ 1,870 (avanço de 1%) e comprado por R$ 1,690 nas casas de câmbio paulistas.
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A brasileira Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), onde os investidores estrangeiros respondem por mais de um terço de negócios, seguiu de perto essa tendência.
O índice de ações Ibovespa retrocedeu 2,50% no fechamento, atingindo os 57.549 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6 bilhões.
A ação preferencial da Petrobras foi um dos destaques do dia: além do volume de negócios expressivo (mais de 10% do total), a desvalorização de 4,23% contribuiu fortemente para a derrocada do Ibovespa.
Outro papel bastante negociado, a ação preferencial da Vale, também teve queda (1,81%), bem como as ações do setor bancário, com perdas entre 2,2% (Bradesco) e 3,26% (Banco do Brasil).
"O mercado está com um certo receio do que pode acontecer [na Itália], mas ainda não vemos uma precificação [antecipação] do 'pior cenário'. Ainda tem muito para acontecer: temos que conferir a votação no parlamento italiano, e se vai ser formado um governo de coalizão, tal como na Grécia", comenta Luiz Gustavo Pereira, da equipe de análise da Um Investimentos.
Segundo esse profissional, uma parcela dos investidores ainda acredita num repique de final de ano, e tem sustentado algumas posições de compra. "Mas se não vermos alguma sinalização mais importante por parte dos líderes europeus, provavelmente tudo pode virar para uma posição de venda firme", acrescenta.
No exterior, as Bolsas europeias registraram quedas entre 1,92% (Londres) e 2,21% (Frankfurt).
E Nos EUA, onde os mercados ainda operam, a Bolsa de Nova York recuava 3,35%.
Hoje, o que azedou o humor nos mercados foram as altas taxas de juros exigidas por investidores para aceitar os títulos da dívida italiana. No caso dos títulos de prazo mais curto (cinco anos), as remunerações sinalizaram que muitos compradores desses títulos já consideravam a Itália nos mesmos termos de países notoriamente fragilizados como Grécia e Portugal.
Devido ao tamanho dessa economia, a possibilidade de que essa nação europeia precise de um resgate financeiro assombrou boa parte dos participantes das Bolsas.
"Se permitirem que a Itália quebre, a zona do euro desaba", disse Nicholas Spiro, diretor da consultoria Spiro Sovereign Strategy, à agência Reuters.
Nos próximos dias, o parlamento italiano deve votar medidas de austeridade fiscal que, segundo alguns analistas, podem trazer os mercados "mais próximos da realidade".