Temor por Europa faz Bovespa perder 3% na semana 18/11/2011
- Reuters
Volatilidade e baixo volume financeiro marcaram os negócios desta sexta-feira na Bovespa, que fechou o dia no vermelho novamente acusando o nervosismo do mercado com os desdobramentos da crise europeia.
O Ibovespa principal índice acionário da bolsa paulista, caiu 0,45 por cento, aos 56.731 pontos. Na semana, o indicador acumulou perda de 3,1 por cento. O giro desta sessão foi de 5,28 bilhões de reais.
"A expectativa voltou a ficar muito pessimista com a Europa", disse o sócio da consultoria Global Financial Advisor, Miguel Daoud.
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Esvaziando parte do otimismo que vinha sendo construído nas semanas anteriores, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que as instituições europeias "não podem fingir ter poderes que elas não têm", em resposta a críticas de que a União Europeia não está fazendo o suficiente para debelar a crise na região.
As bolsas europeias encerraram no menor patamar em seis semanas. Os principais índices das bolsas norte-americanas tinham movimento desencontrado, circulando em torno de pisos técnicos importantes.
Dólar tem leve alta com atenção sobre Europa
O dólar fechou em leve alta nesta sexta-feira, anulando a queda do começo do dia em outra sessão de instabilidade dos mercados europeus.
A moeda norte-americana avançou 0,16 por cento, a 1,7830 real. Na semana, o dólar teve alta de 2,24 por cento.
O mercado ficou concentrado, como nas últimas sessões, nas notícias sobre a crise da dívida na Europa. A aversão a risco aumentou um pouco durante a tarde após sinais divergentes da chanceler alemã, Angela Merkel, e do premiê britânico, David Cameron, sobre a condução da crise.
"O real, como o resto das moedas emergentes, vai continuar refém dos acontecimentos nos países desenvolvidos", afirmou o chefe global de estratégia para mercados emergentes da Brown Brothers Harriman, Win Thin, em relatório.
"Dada nossa visão negativa para a crise da zona do euro, continuamos com posição defensiva e esperamos mais altas do dólar até o final do ano", completou, apontando níveis técnicos a 1,8135 real e 1,8468 real, passados os quais o dólar poderia subir rapidamente até 1,9549 real.
Na próxima semana, além da atenção ao noticiário europeu, o mercado recebe os dados sobre o balanço de pagamentos e as transações correntes do país, na terça-feira.
A taxa Ptax, calculada pelo Banco Central e usada como referência para os ajustes de contratos futuros e outros derivativos de câmbio, fechou a 1,7723 real para venda, em queda de 0,29 por cento ante quinta-feira.
Aqui e no exterior, as ações de bancos foram novamente as vilãs dos índices. No Ibovespa, Santander Brasil foi a pior do dia, tombando 3,24 por cento, a 13,16 reais, puxando a fila do setor financeiro.
Setores ligados a consumo também tiveram um dia negativo, no dia em que o Ministério do Trabalho anunciou que a geração de empregos formais em outubro no país foi de 126.143 vagas, pior número para o mês em três anos.
Uma queda ainda mais acentuada do principal índice da bolsa paulista foi evitada por ganhos de alguns papéis importantes na carteira. Foi o caso da ação preferencial da Petrobras, que subiu 1,07 por cento, a 21,75 reais, mesmo em dia de baixa das cotações do petróleo.
Na semana que vem, os valores pagos por governos periféricos da zona euro para captar recursos no mercado devem seguir guiando as bolsas, à medida que governos de Itália e Espanha pagam prêmios tidos como insustentáveis para fazê-lo.