Em dia de giro forte, Bovespa sobe 2,85% 30/11/2011
- Agência Estado e Reuters
Ação coordenada de Bancos Centrais pelo globo, redução do compulsório pela China e uma safra de bons indicadores nos Estados Unidos impulsionaram as bolsas pelo mundo e também a Bovespa. O ritmo por aqui diminuiu um pouco à tarde, mas o desempenho ajudou a reduzir à metade as perdas em novembro.
O Ibovespa, assim, terminou o dia com ganho de 2,85%, aos 56.874,98 pontos. Na mínima do dia, registrou 55.307 pontos (+0,01%) e, na máxima, 57.592 pontos (+4,14%). Com o resultado de hoje, a Bolsa encerrou o mês com perda de 2,51%. No ano, até agora, recua 17,93%.
Os investidores foram agraciados hoje pelo anúncio da China de redução do compulsório bancário - pela primeira vez desde dezembro de 2008 - e pela notícia de que vários bancos centrais globais decidiram agir para dar suporte ao sistema financeiro.
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O Federal Reserve (Fed), o Banco do Canadá, o Banco da Inglaterra (BOE), o Banco do Japão (BOJ), o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco Nacional da Suíça (SNB) concordaram em oferecer empréstimos mais baratos em dólar. A notícia reduziu os receios com a possibilidade de um aperto no crédito piorar a crise das dívidas europeias.
Com essas notícias e mais os indicadores positivos nos EUA, as bolsas europeias exibiram ganhos fortes, de 3% a 5%. Nos EUA, o Dow Jones subia, às 18h15, 3,58%, o S&P avançava 3,61% e o Nasdaq tinha ganho de 3,45%. Vários indicadores divulgados lá ajudaram a estimular compras, entre eles a criação de vagas no mercado privado de trabalho (+206 mil em novembro, ante previsão de +130 mil) e as vendas pendentes de imóveis existentes nos EUA (+10,4% no mês passado ante o mês anterior, para o maior nível desde novembro de 2010 e ante previsão de +2%).
Na Nymex, o contrato do petróleo para janeiro subiu 0,57%, a US$ 100,36 o barril. Vale ON subiu 0,85% e a PNA, 0,46%. Petrobras ON avançou 3,65% e PN, 2,99%.
Atento à crise na Europa, dólar fecha mês a R$1,81
A decisão dos principais bancos centrais do mundo de baratear o crédito para enfrentar a crise da zona do euro provocou a queda de 2 por cento do dólar nesta quarta-feira, com a moeda terminando um volátil mês de novembro na casa de 1,80 real.
Mas o alívio deve ser apenas temporário, com o câmbio ainda dependente da crise global --sujeito, portanto, a solavancos.
A moeda norte-americana fechou cotada a 1,8128 real para venda, em baixa de 2 por cento. Em novembro, o dólar teve valorização de 6,47 por cento.
"A nossa projeção é de 1,80 (real) para o final do ano. Mas daqui até lá é simplesmente um jogo de pôquer", disse o economista-chefe no Brasil da corretora Raymond James, Mauricio Rosal.
"Depende basicamente da situação na Europa. Hoje está 1,80 (real), amanhã pode estar 1,70, 1,90 (real). A gente está numa situação extremamente volátil e deve permanecer aí um bom tempo."
Os principais bancos centrais do mundo, incluindo o Federal Reserve (dos Estados Unidos) e o Banco Central Europeu (BCE), anunciaram nesta quarta-feira a redução das taxas cobradas em operações de liquidez em dólares. O objetivo da medida era ajudar bancos europeus, que têm enfrentado dificuldades cada vez maiores para manter-se solventes em meio à desconfiança sobre as contas públicas de países como Itália e Espanha.
O banco central chinês também animou os investidores ao reduzir os depósitos compulsórios -parcela dos depósitos dos bancos que fica presa na autoridade monetária.
Embora os mercados tenham reagido rapidamente -com alta de mais de 3 por cento das bolsas norte-americanas-, a ação coordenada pode ter apenas ganhado tempo para que os governos apresentem planos mais concretos para garantir a captação de recursos pelos países europeus mais endividados.
De acordo com Rosal, a reunião de cúpula da União Europeia em 9 de dezembro é importante porque pode "abrir uma janela para uma participação mais efetiva do Banco Central Europeu (BCE) no controle da crise". A Alemanha se opõe à ideia, mas uma pesquisa da Reuters com 25 analistas mostrou que a maioria -16 deles- aposta que a autoridade monetária europeia acabará sendo um emprestador de última instância.
No Brasil, o Banco Central (BC) tem assistido ao vaivém do mercado sem intervir, por ora. A última atuação do BC ocorreu em 28 de outubro, quando fez um leilão de swap cambial, que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. O fluxo de capitais ao país também não tem sido fortemente prejudicado pela crise externa, com saldo positivo de 686 milhões de dólares em novembro até o dia 25.
A taxa Ptax, calculada pelo BC e usada como referência para os ajustes de contratos futuros e outros derivativos de câmbio, fechou a 1,8109 real para venda, em baixa de 2,04 por cento ante terça-feira.