Bovespa abre em alta, mas aguarda dados dos EUA 02/12/2011
- Olivia Bulla e Cristina Canas - Agência Estado
O exterior dá hoje o ''empurrãozinho'' que ficou faltando ontem, facilitando o desafio da Bovespa de retomar os 60 mil pontos em breve. Ainda que essa marca não seja reconquistada hoje - para tanto seriam necessários ganhos acima de 3% -, a aproximação ao novo patamar passa por um número favorável sobre o mercado de trabalho nos EUA. Qualquer frustração com o payroll, logo mais, é capaz de desarmar os ganhos dos mercados internacionais nesta manhã, penalizando também os negócios locais. Às 11h10, o Ibovespa subia 1,18%, aos 58.828,03 pontos.
Passada a euforia da renda variável doméstica com o fim da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de investidores estrangeiros, a Bolsa volta a acompanhar mais de perto o cenário externo. "Hoje é outro dia", comenta um operador. Segundo ele, a isenção do tributo "veio para ficar" e continuará beneficiando as operações, ante a perspectiva de fluxo mais elevado. "Mas se a aversão ao risco voltar, não tem fim de IOF que salve", acrescenta.
Mas o mau humor passa longe dos mercados financeiros nesta sexta-feira, com os índices futuros das Bolsas de Nova York e as principais bolsas europeias exibindo ganhos acima de 1%, alimentando esperanças por uma surpresa positiva com o relatório do mercado de trabalho nos EUA. O chamado payroll será divulgado às 11h30 e a previsão é de abertura de 125 mil vagas, com a taxa de desemprego seguindo em 9,0%.
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Além disso, declarações feitas pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, que prometeu "refundar" a Europa, e pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que clamou por uma união fiscal mais próxima renovam as expectativas de que uma solução para a crise das dívidas na zona do euro será encaminhada até o encontro de cúpula da Europa, na semana que vem.
Dólar abre em baixa com payroll e discurso de Merkel
No mercado doméstico, o dólar comercial abriu em baixa e registrava queda de 0,94% às 10h15, cotado a R$ 1,7850, com os investidores aguardando boas notícias para a divulgação de payroll, dado que nos últimos dias foi anunciado um número forte de criação de vagas do setor privado nos EUA.
Na Europa, os mercados estão embalados também pelas palavras do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que prometeu "refundar" a Europa. Mas pesa ainda mais positivamente a declaração dada hoje pela premiê alemã, Angela Merkel. Ela engrossou sinais recentes de que os esforços para uma união fiscal na Europa estão progredindo, possibilidade que agrada aos mercados. Merkel disse que "uma união fiscal mais próxima está renovando as esperanças de que uma solução para a crise das dívidas na zona do euro será encaminhada até o encontro de cúpula, na semana que vem".
O mercado também continua reagindo bem ao esforço conjunto de seis bancos centrais de países desenvolvidos para garantir a liquidez global e restabelecer a confiança no sistema financeiro. As medidas foram anunciadas na quarta-feira e empolgaram os investidores. De lá para cá, os leilões de bônus soberanos europeus têm tido resultados melhores e também há queda nas taxas dos CDS, que são seguros contra calote.
Internamente, o mercado recebeu sem maiores repercussões a divulgação dos dados da produção industrial de outubro. Houve queda de 0,6% ante setembro, na série com ajuste sazonal. O resultado ficou dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que estimavam desde uma queda de 1,70% a uma alta de 0,70%, com mediana negativa de 0,20%. Na comparação com outubro de 2010, a produção da indústria nacional caiu 2,2%. Nesta comparação, as estimativas variavam de uma queda de 2,70% a um recuo de 0,20%, com mediana negativa de 1,60%. Até outubro, a produção industrial acumula altas de 0,7% no ano e de 1,3% nos últimos 12 meses.