Bovespa sobe 1,06% e retoma os 59 mil pontos 06/12/2011
- Nalu Fernandes e Silvana Rocha - Agência Estado
A bolsa brasileira permaneceu no território negativo em grande parte desta terça-feira, mas buscou fôlego nos mercados internacionais para voltar ao azul no meio da segunda parte do pregão e recuperar os 59 mil pontos. A Bolsa fechou em alta de 1,06%, aos 59.536,16 pontos, nível mais elevado desde 25 de julho deste ano, quando o índice fechou em 59.970,54 pontos.
Os investidores renovaram as esperanças com a reunião de cúpula da União Europeia nesta semana, passando a ver a ameaça da Standard & Poor''s de rebaixamento de rating na zona do euro como um potencial catalisador para os planos dos líderes da UE de estabelecer um pacto fiscal crível na região, mas, de acordo com operadores do mercado acionário, foi a notícia no britânico Financial Times, citando uma combinação de fundos de resgate que elevaria o poder de fogo na UE para 900 bilhões de euros, que deu o impulso para a renovação das máximas do dia nos momentos finais do pregão doméstico.
Segundo o FT, as autoridades europeias discutem a possibilidade de a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) não ser extinta depois de o Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM) ser introduzido, em meados de 2012. A capacidade total de empréstimos dos dois fundos totalizaria mais de 900 bilhões de euros, ou praticamente o dobro do poder de fogo atual. Na máxima, o Ibovespa atingiu 59.576 pontos, em 1,13%. Na mínima, caiu 0,70%, aos 58.497 pontos. Agora, o Ibovespa tende a buscar a resistência importante de 60.400 pontos, de acordo com um estrategista, um nível que pode ser alcançado nos próximos dias.
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Embora o resultado do PIB brasileiro na margem (0,0%) no terceiro trimestre não tenha sido uma surpresa, a confirmação da perda de fôlego da atividade doméstica pesou sobre o desempenho dos papéis de construtoras na sessão de hoje. Em oposição, os papéis das elétricas, com caráter tradicionalmente defensivo, se beneficiaram neste pregão como ocorre em momentos em que a incerteza prevalece.
Na Europa, as principais bolsas ficaram no vermelho, mas conseguiram reduzir as perdas antes do fechamento na expectativa de que os líderes europeus, na reunião de cúpula nesta semana, tenham as respostas adequadas às questões que ainda pairam sem solução na zona do euro. Analistas internacionais argumentam que a ameaça da Standard & Poor's de rebaixamento da classificação de risco de países europeus, incluindo Alemanha e França, pode ser um fator adicional pressionando os líderes na direção de uma solução crível para a região nestas reuniões. A bolsa de Paris perdeu 0,68% e a de Frankfurt recuou 1,27%.
Dólar faz meia-volta e sobe com alerta da S&P
O dólar no mercado doméstico retomou a volatilidade hoje e fechou em alta, após sete sessões de quedas acumuladas em 5,29% nos negócios à vista de balcão. A decisão da agência Standard & Poor's de colocar o rating de 15 países da zona do euro, incluindo as notas AAA da Alemanha e da França, sob perspectiva negativa gerou insegurança entre investidores. Isso porque o mercado como um todo está em compasso de espera pelas decisões da reunião de cúpula da União Europeia nas próximas quinta-feira e sexta-feira e, se os líderes europeus não conseguirem obter uma solução para a crise, a S&P já avisou que poderá rebaixar as notas desses países na sequência desse encontro.
Sob esse alerta, subiram hoje os custos para assegurar os bônus soberanos europeus e os bônus de empresas financeiras do bloco contra um eventual default. Em reação, os agentes financeiros no mercado local trataram de ajustar posições por precaução, em um movimento que deslocou o dólar do campo negativo no começo da sessão para o lado positivo à tarde. Lá fora, o dólar exibiu comportamento misto.
Desse modo, o dólar à vista interrompeu a sequência de baixas e fechou com alta de 0,39%, cotado a R$ 1,7950 no balcão. No mês, a baixa acumulada é de 0,77%, mas, no ano, a moeda tem ganho de 7,87%. Na BM&F, o dólar à vista terminou com valorização de 0,49%, para R$ 1,7927, após acumular perdas de 5,80% nas sete sessões anteriores. O fluxo cambial foi positivo, o que se refletiu na desaceleração da taxa do cupom cambial de janeiro de 2012 para +1%, ante +1,31% no encerramento de ontem.
Os comentários do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, após o anúncio de que o PIB do 3º trimestre ficou estável ante o segundo trimestre e registrou alta de 2,1% ante o terceiro trimestre de 2010, não influenciaram a formação de preço do dólar. Mantega assegurou que, no momento, não há medidas que o governo esteja pensando em tomar para incentivar a economia. Já Tombini disse que os dados do Produto Interno Bruto (PIB) mostram que a "economia brasileira se encontra em um ciclo sustentado de expansão".