Bovespa segue exterior e ensaia recuperação 13/12/2011
- Olivia Bulla e Cristina Canas - Agência Estado
A Bovespa volta a pegar carona com os mercados internacionais hoje, onde o dia parece ser de recuperação, após as fortes perdas de ontem. A expectativa fica para os dados econômicos nos EUA, que podem firmar a direção para cima ou desfazer essa tentativa de ganhos. A cautela persiste entre os investidores, diante dos alertas feitos pelas agências de classificação de risco, e a proximidade do vencimento de índice futuro pode distorcer o comportamento do pregão doméstico.
Às 11h03, o Ibovespa subia 0,45%, aos 57.605,05 pontos. A alta das bolsas nos dois lados do Atlântico Norte é sustentada pelo leilão de títulos soberanos, sobretudo os espanhóis. O Tesouro da Espanha vendeu mais bônus de 12 e 18 meses que o pretendido inicialmente, totalizando 4,941 bilhões de euros - um valor acima da faixa prevista, entre 3,25 bilhões de euros e 4,25 bilhões de euros. Os yields dos papéis foram mais baixos do que os do leilão anterior.
Já o governo belga vendeu 1,101 bilhão de euros em títulos de três e de 12 meses, também pagando yields mais baixos. A Grécia, por sua vez, vendeu 1,625 bilhão de euros em bônus de 26 semanas, com um yield levemente acima da taxa demandada na operação anterior.
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A primeira alta em nove meses do índice ZEW de expectativas econômicas na Alemanha, para -53,8 em dezembro de -55,2 em novembro, também alimenta os negócios. O dado contrariou a previsão de queda para -55,5.
Porém, a crise do euro segue seu longo e sofrido curso e os mercados financeiros não conseguem se desvencilhar dos problemas na Europa, principalmente diante da pressão vinda da Standard & Poor''s, Moody''s e Fitch, que mantém o receio de possíveis rebaixamentos dos ratings de países europeus em breve.
Ainda assim, os investidores aguardam, agora, a divulgação das vendas no varejo norte-americano em novembro, que devem trazer os números referentes a Black Friday, quando foi inaugurada a temporada de compras de fim de ano nos EUA. O dado sai às 11h30. Ainda por lá, às 13 horas, serão anunciadas os estoques da indústria em outubro. Às 17h15, é a vez do Federal Reserve, o banco central norte-americano, anunciar sua última decisão de política monetária do ano.
Dólar opera de lado sem desviar atenção da Europa
O dólar comercial iniciou o pregão em baixa, mas às 10h13 mostrava estabilidade, cotado a R$ 1,844, em dia de decisão sobre juros nos Estados Unidos. O resultado do encontro do Federal Reserve sai às 17h15, mas como o mercado não espera nenhuma mudança nem na taxa, nem no programa de compras de títulos públicos que vem dando liquidez ao mercado nestes tempos de crise, as atenções devem continuar prioritariamente dirigidas à Europa.
Por lá, os investidores estão de olho nas atuações do Banco Central Europeu desde que o presidente da instituição, Mario Draghi, descartou a possibilidade de incrementar as compras de bônus e as operações encolheram. Hoje, no entanto, os rumores são de que o BCE já comprou bônus da Espanha e da Itália.
Um leilão feito pela Espanha é um dos destaques do dia. O país saiu-se bem, captando 5 bilhões de euros, mais do que esperava. As taxas ficaram em 4,008% para os papéis de 12 meses e em 4,25% nos títulos de 18 meses, menores do que aqueles registrados nas últimas operações. A Grécia também foi a mercado, conseguiu o dinheiro pretendido e o juro ficou perto do anterior. Logo depois dessas operações, saiu também o indicador de expectativas na Alemanha, que subiu pela primeira vez em nove meses.
Ainda assim, merece registrar que o clima de cautela provocado pelas agências de classificação de risco não se dissipou por completo. A Standard e Poor''s e a Moody''s avisaram que vão revisar as notas de países europeus, isso é motivo de apreensão e pode haver volatilidade.
Internamente, o mercado começou o dia conhecendo os dados de desempenho do varejo, que vieram em linha com o estimado. Os números são um pouco defasados, referentes a outubro, mas têm importância porque medem a demanda doméstica. As primeiras avaliações são de que não há conclusões ainda sobre o impacto da crise na demanda doméstica, mas há sinais e que o pior pode ter sido superado, até porque o governo já reagiu à desaceleração.