Bovespa abre em baixa após fortes ganhos de ontem 21/12/2011
- Olivia Bulla e Cristina Canas - Agência Estado
A Bovespa abriu o pregão de em baixa, depois de ter subido quase 3% ontem, praticamente zerando a perda acumulada em dezembro. Mas os ventos favoráveis que vieram do exterior, na véspera, perderam força hoje, deixando os negócios locais "de ressaca", diante do fôlego curto para aproximarem-se dos 60 mil pontos. Às 11h11, o Ibovespa caía 0,87%, aos 56.369,39 pontos.
"Os mercados internacionais içaram a Bolsa ontem, mas hoje os investidores parecem estar de ressaca", comenta o chefe da mesa de renda variável de uma corretora paulista. Para ele, esse sentimento "nauseado" e "fatigado" dos negócios deve se prolonga durante as próximas sessões, principalmente na última semana de dezembro. "Se houver alguma tentativa de melhora, deve ser entre hoje e sexta-feira", acrescenta, prevendo como improvável uma retomada dos 60 mil pontos até o fim do ano.
Mas o exterior não favorece hoje uma nova rodada de ganhos vigorosos, e o sinal negativo prevalece entre os ativos. Em princípio, os mercados acionários gostaram da alocação de quase 500 bilhões de euros feita pelo Banco Central Europeu (BCE) em operação de refinanciamento de três anos, com uma demanda feita por mais de 500 instituições financeiras.
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Porém, os investidores fizeram uma releitura dos números e viram que a operação do BC europeu pode ser insuficiente para aliviar o mercado de bônus soberanos, bem como eleva as incertezas quanto à necessidade de liquidez entre os bancos.
Já em Wall Street, as bolsas aguardam uma nova surpresa sobre o mercado imobiliário, após a inesperada alta das obras de moradias iniciadas em novembro, ontem. Hoje, às 13 horas, saem as vendas de moradias usadas no mês passado. Às 13h30, é a vez do relatório oficial sobre estoques de petróleo bruto e derivados no país na semana passada.
Dólar mantém cautela e sobe após leilão do BCE
No mercado de câmbio, o dólar comercial abriu em alta e às 10h46 subia 0,71%, cotado a R$ 1,856, com os investidores atentos a injeção de quase 500 bilhões de euros, com prazo de três anos, anunciada pelo Banco Central Europeu (BCE). Passada a euforia inicial, a percepção é de que a injeção de liquidez tende a enfraquecer a moeda única europeia e que o momento ainda é de cautela.
Pelo menos teoricamente, no médio e longo prazo, o aumento de liquidez provocado pelo BCE deve ter a função de desvalorizar o euro e ajudar na recuperação econômica da Europa, além de aliviar o risco das instituições financeiras que, em troca desses recursos, puderam entregar títulos dos países que enfrentam a crise de dívida e a retração econômica. Porém, é possível, e provável, que diante das incertezas, os bancos concentrem esse dinheiro em seus caixas e a circulação do dinheiro não ocorra tão fácil e prontamente.
No exterior, o restante do dia ainda conta com uma agenda farta, que pode mexer nos negócios e acentuar a volatilidade. Na Europa tem confiança do consumidor na zona do euro. Nos EUA saem mais dados do setor imobiliário (vendas de moradias usadas) e de petróleo.
Internamente, o IBGE divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), que atingiu 0,56% em dezembro ante 0,46% em novembro. O resultado ficou dentro das estimativas dos analistas, que esperavam inflação entre 0,46% e 0,61%, e foi idêntico à mediana das previsões. Com este resultado, o IPCA-15 encerrou o ano com alta de 6,56%, após subir 5,79% em 2010, ligeiramente acima do teto da meta inflacionária para este ano (6,5%). No decorrer do dia serão divulgados ainda os números de crédito de novembro, os dados da Previdência e o relatório mensal da Dívida Pública referente ao mês passado.