Com mercado à espera do leilão da França, Bovespa abre pregão em alta 16/01/2012
- Beatriz Cutait - Valor e Cristina Canas - Agência Estado
Após um pregão de estresse dos mercados financeiros, por conta das apreensões com a Europa, investidores começam as operações desta semana um pouco mais tranquilos. O feriado americano pelo dia de Martin Luther King deve esvaziar os negócios e o vencimento de opções sobre ações tende a estimular a volatilidade na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Próximo das 11h10, o Ibovespa subia 0,18%, para 59.253 pontos. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o índice futuro com vencimento em fevereiro de 2012 avançava 0,38%, aos 59.705 pontos.
Na sexta-feira, o Ibovespa havia recuado 1,29%, aos 59.146 pontos. Ainda assim, na semana, o índice garantiu leve alta de 0,9%.
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Entre os ativos de maior peso, Vale PNA cedia 0,23% nesta sessão, a R$ 38,86; Petrobras PN avançava 0,08%, a R$ 23,07; OGX Petróleo ON tinha alta de 1,05%, a R$ 14,31; Itaú Unibanco PN apurava valorização de 0,16%, a R$ 35,56; e Bradesco PN se apreciava em 0,44%, a R$ 31,35.
Na Europa, as principais bolsas operavam próximas da estabilidade nesta manhã.
Na sexta-feira, a Standard & Poor’s (S&P) confirmou os rumores e anunciou a revisão dos ratings de todos os países da zona do euro, com exceção da Grécia. Nove nações sofreram redução na nota de risco de crédito.
Enquanto Alemanha e Holanda tiveram suas notas mantidas em "AAA", os ratings da França e da Áustria caíram de "AAA" para "AA+". A perspectiva para os dois é negativa, ou seja, há uma chance em três de que a nota sofra um novo rebaixamento até o fim de 2013, segundo o critério da S&P.
A nota da Espanha ainda foi rebaixada de "AA-" para "A", um corte de dois degraus, e a da Itália caiu de "A" para "BBB+". Os dois países estão sob perspectiva negativa.
Na avaliação da S&P, o acordo firmado entre os líderes europeus no encontro de 9 de dezembro de 2011 “não oferece recursos adicionais ou flexibilidade operacional para potencializar o plano de resgate europeu ou ampliar o apoio aos países da região sujeitos às elevadas pressões do mercado”.
A S&P ainda disse que a crise da dívida da Europa representa um risco crescente para ratings de crédito dos países da Ásia-Pacifíco.
Já a agência de classificação de risco Moody's afirmou hoje que a perspectiva para o rating da França continua sob pressão, com aumento dos riscos por conta do crescente endividamento do governo e das adversidades do mercado na zona do euro.
A Moody´s informou em outubro que estava avaliando a perspectiva estável da nota "Aaa" da França, devido às pressões com a dívida e os déficits elevados, assim como pela possibilidade de o país ter que garantir mais apoio a seus bancos ou a outras nações da zona do euro.
Destaque desta jornada, a França passa por um importante teste de confiança, ao promover novo leilão de títulos da dívida.
Hoje o Banco Central Europeu foi visto comprando títulos da dívida dos governos da Itália e da Espanha no mercado secundário, em um esforço para conter a alta dos rendimentos, segundo observou um operador de mercado.
“Eles estão sendo agressivos hoje, comprando volumes maiores do que o usual”, afirmou.
Dólar cai com perspectiva de fluxo e feriado nos EUA
No mercado de câmbio, às 10h27, o dólar comercial recuava 0,50%, cotado a R$ 1,784, em dia de pouca liquidez em meio ao feriado nos Estados Unidos. No início do dia, a moeda norte-americana chegou a operar em alta, acompanhando o rumo externo, onde o rebaixamento do rating de nove países da zona do euro pela S&P, na sexta-feira, ainda pesava.
Além de uma melhora lá fora, a mudança da trajetória do câmbio está associada à continuidade das perspectivas de fluxo positivo para o País. A baixa liquidez provocada pelo feriado de Nova York também facilita a volatilidade, com alteração fácil e rápida da rota das cotações.
Vale ponderar, ainda, que o impacto da notícia da S&P foi antecipado no decorrer do pregão da sexta-feira já que, embora a notícia oficial só tenha sido dada quando a maioria dos mercados já tinha encerrado as operações, houve vazamentos. No decorrer de todo o dia saíram informações sobre os rebaixamentos, principalmente no que se referia à perda do AAA pela França.
Hoje, a França deve fazer um leilão de papéis de curto prazo e esse é um assunto de destaque. Não há horário previsto. A maior expectativa, no entanto, é para o leilão da Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF), também sem horário. Como os papéis têm garantia de vários países afetados pelo rebaixamento da S&P, os juros também tendem a subir. E há até uma percepção de que a classificação de risco da EFSF pode ser reduzida também. O contraponto sãos os esforços dos países europeus, principalmente da Alemanha, para manter vivas as expectativas da implantação do prometido ajuste fiscal da zona do euro.
Internamente, o Banco Central anunciou o seu Índice de Atividade Econômica de novembro, que serve para antecipar o comportamento do PIB. A taxa ficou em 1,15% em relação a outubro, acima da mediana das estimativas, que era de 0,90%. E isso mostra que a estagnação da economia brasileira, que tinha sido vista em setembro e outubro deve ter ficado para trás. Impacto disso tende a ser maior em juros e bolsa.