Bovespa opera de lado, de olho no exterior 18/01/2012
- Olívia Bulla e Cristina Canas - Agência Estado
Com uma recuperação acelerada neste início de 2012, a Bovespa até tem espaço para realizar lucros hoje, mas o sinal positivo que prevalece nos mercados internacionais tende a conter o ímpeto para tal movimento. Mesmo assim, os negócios locais ainda não fecharam no campo negativo nesta semana e, depois de superarem ontem os tão almejados 60 mil pontos, um embolso dos ganhos recentes é esperado para breve. Tudo vai depender das notícias e dos dados econômicos do dia. Às 11h09, o Ibovespa registrava leve queda de 0,06%, aos 60.610,36 pontos.
"A Bolsa já subiu bastante, até merece uma realização", comenta o gestor de renda variável da Infinity Asset, George Sanders, referindo-se aos ganhos de quase 7% acumulados desde o início do mês e à performance positiva nos negócios locais nos últimos dois dias. "Mas, se acontecer, o mercado tem forças para segurar os 60 mil pontos".
Para um operador-sênior de uma corretora paulista, a Bolsa deve ficar de lado na abertura do pregão, testando o nível recém-adquirido e tentando firmar uma tendência de alta. "Estamos vivendo de notícias, sai alguma coisa boa, os mercados sobem; vem algo ruim, devolvem", resume.
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O profissional lembra que logo pela manhã os mercados internacionais mudaram de humor e migraram para o campo positivo após relatos de uma agência internacional de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) poderia aumentar substancialmente os recursos para apoiar a economia global. "Falou-se em US$ 1 trilhão e, agora, corrigiram a informação dizendo que o aporte deve chegar a US$ 500 bilhões", comenta. "Portanto, vamos dividir o otimismo pelo metade."
Um fonte informou à agência Dow Jones que o FMI identificou a necessidade de US$ 600 bilhões em recursos adicionais para ajudar a combater a crise da dívida na Europa. Com a contribuição esperada de 200 bilhões de euros (US$ 250 bilhões) da União Europeia, o resto do mundo precisaria contribuir com US$ 350 bilhões, ressaltou a fonte.
Por aqui, é válido lembrar que hoje é dia de decisão sobre a taxa de juros. O Copom deve encerrar sua primeira reunião de política monetária de 2012, confirmando as apostas de uma redução de meio ponto porcentual na Selic. A questão é saber como ficará a condução dos juros básicos dali em diante.
Dólar anda de lado com possível aporte no FMI
Como previam os operadores, o dólar comercial abriu o dia com valorização de 0,11%, a R$ 1,779, ajustando-se à pressão de alta que houve no mercado futuro no final da tarde de ontem. Ainda assim, a tendência é de volatilidade, acompanhando o comportamento da moeda norte-americana no exterior. Às 10h25, a moeda norte-americana subia 0,34%, cotada a R$ 1,783.
Pela manhã, informações de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estaria disposto a aumentar o volume de recursos do seu fundo de amparo à economia global, em US$ 1 trilhão melhorou o clima dos negócios, que até então era de apreensão.
Sobre o FMI, de oficial, até o momento, o que se tem é um comunicado diretora-gerente, Christine Lagarde, afirmando que os funcionários do Fundo estão estudando maneiras de aumentar os cofres da instituição o suficiente para que possa "cumprir suas funções e representar um papel pleno e construtivo para assegurar a estabilidade global". Assim, os investidores devem procurar mais detalhes e confirmações oficiais sobre o assunto no decorrer do dia.
O destaque interno do dia é sem dúvida o encerramento da primeira reunião do Copom de 2012 e o mercado acredita que o ano começará sem surpresas no que se refere a juros. De 80 economistas ouvidos pelo serviço de pesquisas da Agência Estado, o AE Projeções, 79 acreditam que haverá um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa. Isso levaria a Selic para 10,5% ao ano. O único economista divergente, dos 80 consultados, espera que o corte seja menor, de 0,25 ponto porcentual.
Os investidores em câmbio devem prestar muito atenção, também, nos dados do fluxo cambial da semana passada. As expectativas são de um resultado positivo forte, em consequência das captações que marcaram este início de ano. Se isso não se confirmar, pode haver ajustes.