Exterior alivia pressão e Bovespa abre em alta 19/01/2012
- Olívia Bulla e Cristina Canas - Agência Estado
O exterior parece disposto em não permitir que a Bovespa engate uma realização de lucros, apesar dos fortes ganhos acumulados nesta semana pelos negócios locais. A ruptura dos 60 mil pontos, na última terça-feira, trouxe o mercado acionário doméstico para uma trajetória de alta e os investidores parecem encorajados em buscar um pouco mais de risco, a fim de garantir um retorno ainda maior nas ações brasileiras. Mas, tudo vai depender do noticiário vindo de Atenas e do resultado dos dados econômicos nos EUA. Às 11h36, o Ibovespa subia 0,31%, aos 61.916,04 pontos.
"A Bolsa começa a demonstrar sinais de cansaço. Até seria bom se realizasse os ganhos acelerados dos últimos dias", comenta o chefe da mesa de renda variável de uma corretora paulista. Mas, ressalta o profissional, "os investidores estrangeiros continuam impulsionando os negócios", justificando que a performance doméstica nesse início de ano é, em grande parte, de responsabilidade dos "gringos".
O cenário externo mais encorajador também vem propiciando uma correção nos preços das ações, duramente castigadas ao longo de 2011. Da mesma forma, a decisão amplamente aguardada do Comitê de Política Monetária (Copom), de rebaixar a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, anunciada ontem, também tende a favorecer os negócios com risco, em detrimento da renda fixa. Até porque o Banco Central sinalizou que o ciclo de afrouxo deve continuar, ao menos até março.
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Por enquanto, os mercados internacionais aguardam novidades sobre a negociação entre a Grécia e seus credores privados. Segundo o porta-voz da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj Tardio, as conversas para reestruturar a dívida do país mediterrâneo devem ser concluídas em breve. Já a Espanha e a França passaram no teste sobre o apetite dos investidores por bônus de longo prazo, em leilões de títulos soberanos realizados pelos dois países nesta manhã.
Também à espera estão as Bolsas de Nova York, em meio a uma agenda econômica carregada nos EUA, com o índice de preços ao consumidor (CPI) em dezembro, os pedidos semanais de auxílio-desemprego e as construções de moradias iniciadas no mês passado. Na safra de balanços, o banco Morgan Stanley anunciou prejuízo de US$ 0,14 por ação no quarto trimestre de 2011, enquanto o Bank of America teve lucro líquido de US$ 0,15 por ação no mesmo período.
Dólar abre de lado e cai com exterior positivo e fluxo
O dólar à vista abriu o dia em pequena alta, de 0,06%, a R$ 1,766, e recuou, acompanhando a trajetória que se vê no mercado internacional. Às 10h42, o moeda norte-americana era cotada a R$ 1,764, com perda de 0,06%. Também pesam a favor do recuo as expectativas de que o fluxo positivo continuará, no curto prazo.
Ontem, o Bicbanco captou US$ 280 milhões e a JBS anunciou que está emitindo US$ 400 milhões. Hoje, comenta-se que o Banrisul também estaria no mercado. Essas são as primeiras operações envolvendo empresas que, embora com tradição em recorrer ao mercado externo, não têm o porte das que tinham atuado até agora, como é o caso Vale (US$ 1 bilhão), Bradesco (US$ 750 milhões), Banco do Brasil (US$ 1 bilhão) e Itaú (US$ 500 milhões). E isso pode reanimar os investidores no que se refere a entradas de recursos.
No mercado internacional, o comportamento positivo desta quinta-feira está associado a expectativas de que a Grécia chegue a um bom termo nas negociações com seus credores. O euro subiu a níveis superiores a US$ 1,29 e luta para sustentar essa marca.
Além disso, o ambiente favorável foi reforçado pelos leilões de títulos soberanos, que continuaram mostrando resultados bem positivos. Começou com a Espanha, que captou mais dinheiro do que pretendia. Depois foi a França, que conseguiu o volume de dinheiro que queria e pagou juro mais baixo. Os dois países tiveram o risco rebaixado pela S&P na semana passada.
No restante do dia, os investidores devem continuar de olho nas informações referentes aos esforços do FMI para conseguir o aporte de US$ 500 bilhões pretendido. A euforia em torno do assunto diminuiu, mas a perspectiva de aumento de recursos para o Fundo segue ajudando no comportamento dos mercados. Vale lembrar que, como a maior parte do dinheiro (US$ 300 bilhões) deve vir de países emergentes, entre eles o Brasil, e esses países querem mudanças na administração do Fundo, a questão não será fácil de resolver.
Além disso, há balanços de bancos importantes como Morgan Stanley e Bank of America e de empresas tinham como Intel e Google, que podem mexer com os mercados. Nos Estados Unidos serão divulgados números de auxílio-desemprego, de construção de moradias e de atividade econômica.