Ibovespa rompe os 65 mil pontos, tem 5ª alta semanal e sobe 15% no ano 03/02/2012
- Beatriz Cutait e Eduardo Campos - Valor
Com mais um pregão de alta nesta sexta-feira, a trajetória positiva da bolsa brasileira já englobou 19 dos 24 dias de negociação neste ano. O estrangeiro tem sido fundamental para o movimento, que já levou o Ibovespa a subir 14,9%, ou 8.463 pontos, em 2012. E o mês de fevereiro mostrou que o fluxo ainda fala mais alto que a vontade de embolsar lucros.
O Ibovespa subiu hoje pelo quarto pregão consecutivo e fechou com valorização de 0,97%, aos 65.217 pontos, maior nível desde 2 maio de 2011 (65.462). E mesmo sendo sexta-feira, dia em que o volume tende a se reduzir, o giro seguiu elevado e somou R$ 7,912 bilhões.
A bolsa brasileira apenas acompanhou de perto a toada vista no exterior. Na Europa, as principais bolsas subiram mais de 1,5% nesta jornada e, nos Estados Unidos, o mercado acionário também caminha para um forte fechamento.
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Minutos atrás, o índice Dow Jones subia 1,04%, enquanto o Nasdaq avançava 1,56% e o S&P 500 tinha aumento de 1,27%.
A história do mercado pode ser contada facilmente. Foco dos investidores hoje, a economia americana não decepcionou, com uma recuperação ainda vigorosa. Desta vez, as boas notícias partiram do mercado de trabalho.
Foram criaram 243 mil vagas no país em janeiro, o maior aumento desde abril de 2011 e bem acima das estimativas. A taxa de desemprego também surpreendeu, ao recuar de 8,5% para 8,3%.
Os números foram fortes o suficiente para levar a bolsa brasileira, que abriu em baixa, a inverter a direção. E, no início da tarde, a economia americana embalou ainda mais o humor dos agentes, desta vez com números de serviços.
O índice de atividade no setor, medido pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês), subiu de 53, em dezembro, para 56,8, em janeiro, marcando o 25º mês seguido de expansão. O resultado ficou bem acima das expectativas dos analistas e sinalizou nova expansão da atividade.
Os dois indicadores balizaram a atuação dos investidores, que deixaram mais uma vez de lado as preocupações com a crise da dívida europeia e a falta de um desfecho para a situação grega.
Ibovespa
Ao analisar o mercado acionário brasileiro do ponto de vista técnico, o analista Raphael Figueredo, da MyCAP, home broker da ICAP Brasil, alerta que o investidor interessado em ingressar na bolsa deve esperar.
“É preciso aguardar uma realização, que pode levar o Ibovespa até os 62 mil pontos, mas não vai comprometer em absolutamente nada a tendência de alta de curto e médio prazo. Pode ser benéfico para aqueles atrasados”, diz.
Após ter rompido os 60 mil pontos, o Ibovespa conseguiu reverter uma tendência de baixa deflagrada em novembro de 2010.
Ainda que o índice possa “patinar” no curto prazo, a trajetória segue otimista do ponto de vista gráfico, comenta Figueredo.
“Continuamos apostando que o mercado pode alcançar a região dos 70 mil pontos até o fim do ano, mas não na mesma força em que o Ibovespa foi dos 60 mil aos 65 mil pontos”, afirma. “Há muitas resistências intermediárias e divisores de água para serem testados no caminho. Temos que matar um leão por vez.”
Empresas
Dentro do Ibovespa, a maioria das ações teve valorização nesta sessão, com destaque para Fibria ON (4,47%, a R$ 15,18), PDG Realty ON (3,58%, a R$ 7,80) e Gerdau Metalúrgica PN (3,11%, a R$ 22,84).
E a alta das commodities ainda deu força para as “blue chips” Vale PNA (0,34%, a R$ 43,83), com giro de R$ 955 milhões, e Petrobras PN (0,32%, a R$ 24,61), com movimento de R$ 501 milhões.
Já as poucas quedas do índice partiram principalmente de papéis defensivos, como Light ON (-1,30%, a R$ 26,55), CCR ON (-1,31%, a R$ 12,78) e Cteep PN (-1,83%, a R$ 53,50).
E após seis dias de valorização, quando acumulou alta de 26%, a ação ON da Gafisa caiu 4,48%, a R$ 5,11.
No último pregão, após muita especulação, a Gafisa confirmou que recebeu do Equity International, do megainvestidor Sam Zell, e da GP Investimentos uma proposta preliminar de aquisição de ativos.
Dentre as empresas que divulgaram balanços trimestrais, Localiza ON ainda subiu 2,50%, a R$ 29,45. Fora do Ibovespa, as units da Santos Brasil avançaram 4,18%, a R$ 29,89.
Dólar registra queda de 0,29% e fecha a R$ 1,717
Os vendedores não se intimidaram com o leilão de compra de dólares a termo feito pelo Banco Central (BC) e voltaram a colocar o preço do dólar para baixo. Na semana, a moeda perdeu 1,27% e acumula queda de 8,13% em 2012.
Dados preliminares apontam que o dólar comercial fechou com queda de 0,29%, negociado a R$ 1,717 na venda. Menor preço desde 31 de outubro, quando o dólar fechou a R$ 1,704. Na quinta-feira, a divisa caiu 0,69%, a R$ 1,722.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para março mostrava queda de 0,25%, a R$ 1,7265, antes do ajuste final.
O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, mostrava estabilidade a 78,99 pontos. Enquanto o euro caía 0,05%, a US$ 1,313.