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DIA A DIA

Bovespa abre a semana com pregão morno, fecha estável e com giro baixo
06/02/2012 - Beatriz Cutait e Eduardo Campos - Valor

Indicadores e notícias dos Estados Unidos parecem ter feito falta no pregão inaugural desta semana. Com as atenções voltadas apenas para a Grécia, a cautela imperou nas bolsas do início ao fim do pregão. A queda do volume financeiro é um sinal de que o investidor estrangeiro pode ter começado a colocar o pé no freio, após ter injetado liquidamente R$ 8,052 bilhões na Bovespa nos últimos 25 pregões, até 2 de fevereiro.

O mercado acionário brasileiro espelhou o movimento negativo visto na Europa e em Wall Street ao longo de todo pregão, mas conseguiu zerar as perdas próximo ao fechamento.

O Ibovespa chegou a cair 0,73% na mínima do dia, quando marcou 64.743 pontos, mas fechou praticamente estável, com leve alta de 0,01%, aos 65.223 pontos. O giro do dia somou apenas R$ 5,192 bilhões. O índice, que já havia subido nos últimos quatro pregões, segue no maior nível desde o início de maio de 2011.


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No mercado americano, as bolsas caminham para um encerramento no campo negativo. Minutos atrás, o índice Dow Jones cedia 0,22%, o Nasdaq recuava 0,22% e o S&P 500 caía 0,13%.

“Tivemos um pregão bem morno, com a volta das preocupações com a Grécia, em meio à probabilidade ainda muito elevada de vermos um default. De toda forma, a realização de lucros foi bem modesta, em um ano que está sendo muito forte para a bolsa brasileira por conta da atuação do estrangeiro”, diz o gestor de renda variável da Máxima Asset Management Felipe Casotti.

Apesar da estabilidade desta jornada, do ponto de vista técnico, o Ibovespa já tende a uma correção, tendo em vista a forte apreciação em 2012, especialmente depois de o índice romper a importante resistência gráfica dos 60 mil pontos. A tendência de alta do mercado, contudo, deve seguir intacta.

Nesta segunda-feira, com agenda vazia nos EUA, a Grécia voltou a ditar a atuação dos investidores. As negociações entre o país e os credores internacionais para conseguir novo socorro financeiro e reduzir sua dívida seguem sem um desfecho. E uma possível decisão foi novamente adiada.

Um encontro entre o primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, e os líderes políticos do país sobre o programa de reforma exigido pelos credores foi postergado em um dia, protelando um acordo sobre um segundo pacote de socorro financeiro.

O adiamento ocorre em um momento que a Grécia corre para negociar os últimos detalhes de um novo programa de assistência financeira com União Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) - grupo conhecido como troika.

Os parceiros europeus da Grécia estão aumentando a pressão sobre Atenas, para que o país aceite uma nova rodada de dolorosas medidas de austeridade em troca de prometido um empréstimo de 130 bilhões de euros.

Sem essa ajuda, a Grécia enfrenta um resgate de bônus de 14,4 bilhões de bônus em março que, se não for honrado, vai intensificar o temor de um default desordenado do país.

Brasil

Na cena local, o foco se voltou ao leilão de concessão dos aeroportos de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Brasília (DF), no qual o governo conseguiu arrecadar R$ 24,535 bilhões.

O consórcio liderado pela Invepar (em parceria com a sul-africana ACSA) venceu a disputa por Guarulhos, oferecendo R$ 16,213 bilhões – ágio de 373% em relação ao lance mínimo estipulado pelo governo (R$ 3,424 bilhões).

Já a Triunfo Participações e Investimentos venceu a concessão de Viracopos, com lance de R$ 3,821 bilhões (ágio de 159% em relação ao mínimo de R$ 1,471 bilhão). No caso do aeroporto de Brasília, o vencedor foi o consórcio liderado pela Engevix, com lance de R$ 3,5 bilhões (ágio de 501%).

No mercado, investidores consideraram que o preço pago pode ter sido alto demais, o que levou à queda das ações ON da Triunfo Participações (-3,29%, a R$ 8,50). No sentido oposto, os papéis ON das “perdedoras” OHL Brasil (5,32%, a R$ 67,20), Ecorodovias (5,92%, a R$ 13,40) e CCR (2,50%, a R$ 13,10) tiveram ganhos representativos.

Dentro do Ibovespa, além de CCR, figuraram entre as principais altas do dia os papéis Localiza ON (2,88%, a R$ 30,30), Eletrobras PNB (1,59%, a R$ 25,53) e CPFL Energia ON (1,56, a R$ 26,00).

Com uma virada ao fim da jornada, Petrobras PN ainda ganhou 1,01%, a R$ 24,86, enquanto Vale PNA subiu 0,20%, a R$ 43,92.

As maiores quedas, por sua vez, partiram dos papéis Rossi ON (-2,31%, a R$ 10,54), Duratex ON (-2,90%, a R$ 10,02) e Gol PN (-2,91%, a R$ 12,65).

Fora do índice, destaque ainda para a forte alta de 11,60% das ações ON da Lupatech, para R$ 5,00. O conselho de administração da empresa aprovou hoje a contratação de linha de financiamento com o Banco Votorantim no valor de R$ 10 milhões e a futura contratação adicional de R$ 30 milhões.

Dólar fecha em alta após atuação do Banco Central

O mercado de câmbio teve um pregão de elevada instabilidade nesta segunda-feira, mas no fim das contas as ordens de compra acabaram prevalecendo.

O evento do dia foi a atuação do Banco Central (BC) no mercado à vista. Desde 13 de setembro do ano passado a autoridade monetária não comprava moeda em leilão à vista.

Depois de subir a R$ 1,744 (+1,57%) e cair a R$ 1,714 (-0,17%), o dólar comercial terminou o dia negociado a R$ 1,727, alta de 0,58% sobre o fechamento da sexta-feira. O giro estimado para o interbancário estava em US$ 1,8 bilhão.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto fechou com valorização de 0,45%, a R$ 1,7228, e volume de US$ 81,75 milhões. Também na BM&F, o dólar com vencimento em março ganhava 0,49%, a R$ 1,737, antes do ajuste final.

Segundo o economista da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, a entrada do BC no mercado à vista dá um melhor equilíbrio ao mercado de câmbio.

Até então, faltava um comprador de última instância no mercado, papel que vinha sendo feito pelos bancos que absorviam o fluxo externo e carregavam posição comprada no mercado à vista.

Quando o banco compra moeda à vista, vende dólar futuro como uma forma de zerar sua exposição cambial, conforme recomenda a boa prática de mercado.

Esse aumento de oferta de dólar futuro vinha promovendo uma queda acentuada no cupom cambial (DDI – juro em dólar). Agora, com o BC se propondo a absorver o fluxo físico, essa oferta de dólar futuro deve ficar melhor equacionada, o que também deve retirar pressão de baixa do mercado de cupom cambial.

De acordo com Barbutti, ao mostrar que está disposto a atuar no mercado, o BC também tira os “vendidos” da zona de conforto. O especular do intradia vai pensar um pouco mais antes de abrir posição.

“O BC está disposto a absorver o fluxo presente e futuro de moeda. O que parece correto em um ambiente de liquidez abundante e empresas que seguem captando recursos”, explica o economista.

Com a operação estimada de US$ 1 bilhão da Brasil Telecom, as captações externas no ano já passam dos US$ 15 bilhões. Ainda falta entrar na conta uma proposta de captação do Santander.

A compra à vista do BC aconteceu por volta das 14h50 e teve taxa de corte de R$ 1,717. Na sexta-feira, o BC tinha feito um leilão de compra de dólares a termo, operação que não era realizada desde 26 de julho do ano passado. A liquidação da compra a termo será em 20 de março e a taxa de corte da operação foi de R$ 1,7383.

No câmbio externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, operava com alta de 0,20%, a 79,10 pontos, mas fez máxima a 79,52 pontos. Já o euro rondava a estabilidade a US$ 1,311, depois de cair a US$ 1,302.

O foco segue na Grécia e nas negociações com Banco Central Europeu (BCE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Comissão Europeia (CE) para a liberação de novo pacote de ajuda. As negociações devem ser retomadas na terça-feira.

  

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