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DIA A DIA

Ibovespa abre em alta por influência externa
15/02/2012 - Fabrício de Castro e Cristina Canas - Agência Estado

Em dia de vencimento dos contratos futuros de índices e de balanço da Vale, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) segue colada no exterior, onde os principais mercados da Europa e dos Estados Unidos operam em alta. Um dos motivos para o alívio da crise na zona do euro surge hoje da Ásia, com o Banco Popular da China (PBOC, o banco central chinês) indicando que o país planeja ampliar os investimentos em euros. Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB) de Alemanha e França foi melhor que o esperado, o que encoraja os investidores nesta manhã.

Às 10h40 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro subia 1,28%, aos 65.925 pontos. Em Nova York, onde a agenda de indicadores é carregada, o S&P futuro subia 0,71% e o Nasdaq futuro tinha alta de 0,72%. Na Europa, a Bolsa de Londres subia 0,36%, a Bolsa de Paris tinha alta de 1,24% e a Bolsa de Frankfurt avançava 1,34%.

Na tarde de hoje, às 14 horas, os ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo) fazem teleconferência para discutir a liberação do segundo pacote de ajuda à Grécia. Ontem, o Partido Socialista grego entregou ao governo uma carta em que assume o compromisso de cumprir as medidas previstas no plano de austeridade aprovado pelo Parlamento no fim de semana. Já o partido Nova Democracia deve se comprometer hoje com as medidas, por carta.


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Este movimento político - que aumenta a confiança na resolução das dificuldades da Grécia - é fortalecido pela China. Em evento com autoridades europeias, o presidente do PBOC, Zhou Xiaochuan, afirmou hoje que a instituição irá aumentar os ativos denominados em euros que possui. Segundo ele, enquanto as reservas internacionais chinesas continuam crescendo, o PBOC está "aumentando a proporção que é investida em euros".

A Europa, porém, segue apresentando sinais díspares dentro da zona do euro. Do lado positivo, a França anunciou hoje uma alta de 0,2% do PIB no quarto trimestre ante o trimestre anterior, acima da contração de 0,1% projetada por economistas, enquanto a Alemanha teve queda de 0,2%, mas um resultado melhor que a baixa de 0,3% esperada. Na zona do euro como um todo, o PIB recuou 0,3%, ante previsão de baixa de 0,4%.

Do lado negativo, cinco países da zona do euro entraram em recessão no fim do ano passado: Holanda, Itália, Portugal, Grécia e Bélgica. Essa situação é caracterizada quando os países registram retração do PIB por dois trimestres seguidos. No quarto trimestre de 2011, ante o período anterior, o PIB da Itália recuou 0,7%, contra previsão de baixa de 0,4%. O PIB de Portugal, divulgado ontem, recuou 2,7% no período, enquanto o da Grécia caiu 7,0%.

Mesmo assim, em leilão realizado na manhã de hoje, Portugal vendeu um total de 3 bilhões de euros em títulos da dívida - o teto da faixa pretendida - com yields (retornos ao investidor) menores que os do leilão anterior. Hoje, representantes da União Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) fazem uma nova análise do programa de metas de Portugal.

No Brasil, a Bovespa segue influenciada pela disputa que antecede o vencimento dos contratos futuros de índices, hoje. No entanto, os comprados (investidores que apostaram na alta do Ibovespa) parecem ter vencido a disputa e resta aos vendidos (que apostavam na queda) que ainda não zeraram posições atuar até o fim do pregão. "Já está definido. Os comprados venceram nos últimos dois meses. Hoje é dia dos vendidos entregarem papéis e fazerem as rolagens para frente", afirmou um operador ouvido pela Agência Estado. "Na verdade, este vencimento de futuros pode fazer a Bovespa dar uma descolada do exterior, para o bem ou para o mal."

Entre as ações de primeira linha, as atenções seguem voltadas para a Petrobras, que ontem registrou perdas de 4,23% nas ON e de 4,72% nas PN. "Para a Bolsa andar, a Petrobras também precisa andar", alerta o operador. "Aparentemente, as ações da empresa já caíram muito desde a divulgação do balanço (na quinta-feira passada), mas é preciso esperar para ver o movimento de hoje."

Após o fim do pregão, a Vale também divulga seu balanço, o que pode gerar ajustes mais consistentes no pregão de amanhã. Também divulgam balanços hoje, após o fechamento da sessão regular, Gerdau, Natura, TIM Participações, Ultrapar e Comgás, entre outras empresas.

A Bovespa também observa hoje, com atenção, os dados dos EUA. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York revela a sondagem industrial regional de fevereiro às 11h30. Já o Tesouro divulga às 12h15 a produção industrial em janeiro. Às 13 horas, sai o índice de confiança das construtoras de casas em fevereiro. No fim do dia, às 17 horas, o Fed divulga a ata de sua última reunião.

"Os dados dos Estados Unidos vão ajudar a manter as bolsas em alta ou a reduzir os ganhos. O mercado vai olhar principalmente os dados da indústria", afirma Pedro Galdi, estrategista da SLW.

Sem horário definido, o governo brasileiro deve anunciar hoje o corte nas despesas orçadas para 2012. Se for atendido o desejo da presidente Dilma Rousseff, a contenção de gastos deve ser inferior aos R$ 50,4 bilhões de 2011. Uma cifra na casa de R$ 45 ou R$ 50 bilhões será inferior ao número que circulava nos escalões técnicos do governo desde a aprovação do Orçamento de 2012, no ano passado. Os cálculos apontavam para a necessidade de contingenciar algo como R$ 60 bilhões. A influência sobre o Ibovespa e sobre ações de setores específicos, no entanto, deve ser pequena.

China e PIB da Alemanha e da França fazem dólar cair

O mercado doméstico de câmbio, carente da avalanche de recursos que vinha sendo registrada nas mesas de operações neste início de 2012, tem acompanhado o ambiente internacional para definir o rumo das cotações do dólar em relação ao real. E isso deve acontecer novamente hoje, refletindo-se na queda do dólar, que já era registrada no mercado futuro antes da abertura do pronto. Às 9h49, a perda era de 0,55% a R$ 1,721, no contrato de março.

De qualquer forma, chama a atenção dos operadores o fato de que o suporte ao redor de R$ 1,72 mantém-se firme. Apesar da redução recente das entradas de dólares, para limitar a alta pesa a percepção de que no médio e longo prazos o fluxo seguirá positivo. "A manada de captações parece ter passado, mas ainda haverá uns bezerros andando por aí", brincou um especialista. Já para limitar a queda o mercado considera, principalmente, a disposição do Banco Central e da Fazenda em intervirem nas negociações ou por leilões, ou com eventuais novas medidas cambiais.

Lá fora, ontem, e novamente hoje, a China veio a público afirmar que comprará ativos europeus e se envolverá mais nos esforços para tirar o bloco da crise, tornando-se o bote de salvação dos mercados, que ameaçavam afundar no pessimismo, diante de mais uma postergação para a liberação do novo pacote de ajuda à Grécia.

Também ajudaram os dados do PIB da zona do euro que, embora registrem a séria dificuldade pela qual passam algumas das economias do bloco, mostram dados mais positivos do que esperado nas nações mais fortes. A economia da Alemanha, a maior da zona do euro, teve uma contração de 0,2% no último trimestre de 2012 em comparação ao período imediatamente anterior, contrariando a previsão de declínio de 0,3%. Na França, o PIB cresceu 0,2%, enquanto a expectativa era de queda de 0,1%.

A empolgação é maior nas bolsas, mas as moedas também se beneficiam influenciando o real. O euro hoje cedo valia US$ 1,3162, ante US$ 1,3130 no final da tarde de ontem, em Nova York. O dólar index mostrava recuo de 0,45%. A perda da moeda norte-americana ocorria também diante das moedas emergentes de destaque. No horário acima, o dólar perdia 0,67% em relação ao dólar australiano, 0,47% em comparação ao dólar canadense e 0,69% ante o dólar neozelandês.

Vale registrar que Portugal, que segue na lista de preocupações, logo atrás da Grécia, fez um leilão de bônus hoje. Vendeu o máximo pretendido, com queda no custo, o que se tornou mais uma boa notícia.

  

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