Após confusão, Mocidade Alegre é confirmada campeã em São Paulo 22/02/2012
- O Estado de S.Paulo
A escola de samba Mocidade Alegre foi confirmada como campeã do Carnaval 2012 de São Paulo. Com um enrendo em homenagem aos 100 anos de Jorge Amado, a escola conquistou seu oitavo título.
O anuncio foi feito pela Liga Indepentende das Escolas de Samba de São Paulo cinco horas após interrupção na apuração do carnaval paulistano.
A decisão foi do colegiado dos presidentes de escolas, por 7 votos a 5. Nenhuma punição às agremiações envolvidas na confusão foi anunciada.
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Troca de jurados
Um tumulto no final da apuração do título do carnaval de São Paulo interrompeu a leitura das notas das escolas e acabou com um carro alegórico destruído pelo fogo, cinco pessoas presas e a pista local da Marginal do Tietê interrompida.
Quando a apuração se aproximava do fim, membros da Gaviões da Fiel, do Império da Casa Verde, da Vai-Vai e da Camisa Verde e Branco aumentaram o tom das manifestações e reclamavam da seleção dos jurados. Eles eram incitados por Darly Silva, o Neguitão, presidente da Vai-Vai. Houve duas trocas de jurados na quinta-feira, um dia antes do início dos desfiles paulistanos.
Tiago Ciro Tadeu Faria, 29, membro do Império de Casa Verde, pulou o gradil e foi à mesa onde a leitura dos votos era feita. O homem pegou os envelopes com as notas, rasgou e colocou na calça e saiu da área do palco sem ser incomodado por ninguém. Mas depois foi preso. Uma outra pessoa presa é integrante da Gaviões da Fiel. Mais três torcedores foram detidos.
O homem foi seguido por torcedores de diversas escolas, que também invadiram o palco enquanto membros da Gaviões deixavam o sambódromo do Anhembi e tomavam a Marginal do Tietê.
Com a invasão da torcida, que caminhava de volta à sede da escola, a pista local da Marginal foi prontamente intermeditada e parte da torcida, mais exaltada, arrancou grades e ameaçou motoristas.
Incêndio
Enquanto integrantes da Gaviões ocupava a via, uma coluna de fumaça negra subiu do sambódromo. Era um carro da Pérola Negra que pegava fogo.
Os bombeiros controlaram rapidamente o incêndio, mas o carro foi destruído. Os ânimos continuaram quentes: uma diretora da Pérola Negra, exaltada, pedia aos colegas que incendiassem todos os carros da própria escola. Em mais um tumulto, a polícia teve que impedir que ela fosse atendida. A mulher foi contida e levada para fora do pátio.
Mas alguns simpatizantes da Pérola acusavam torcedores da Gaviões de terem iniciado o fogo e ameaçaram incendiar os carros da escola. De novo, uma grande confusão começou na área e só terminou com a chegada da Rocam e da tropa de choque da PM. Um cinegrafista da TV Cultura teve o equipamento destruído.
"Acerto"
Tiago Ciro Tadeu Faria, 29, e Cauê Santos Ferreira, 20, afirmaram à polícia que havia "um acordo de cavalheiros" para que nenhuma escola saísse campeã. Eles prestaram depoimento ao delegado Oswaldo Nico Gonçalves, da Deatur (delegacia de turismo).
A troca de dois jurados, na quinta-feira, 16, um dia antes do início dos desfiles, motivou o combinado que envolveu 13 escolas -- apenas a "campeã", que seria beneficiada pela troca, não participou do acordo, na versão dos presos, que não é a oficial. Eles não disseram qual seria essa escola. A Mocidade Alegre estava na frente, muito próxima do título, quando a leitura dos votos foi interrompida.
Pouco antes da confusão tomar todo o sambódromo, com a invasão do palco e o roubo dos votos, Darly Silva, o Neguitão, presidente da Vai-Vai, começou a incitar membros da própria escola, da Casa Verde, da Gaviões e da Camisa Verde e Branca: "Tá tudo vendidinho, tá tudo vendidinho", gritava, em alusão aos jurados.
Na sexta-feira, pouco antes do início da apresentação da escola que preside, Silva já havia levantado suspeita sobre a substituição: "Houve uma troca de jurados na calada da noite, mas já que a Liga (das Escolas de Samba de São Paulo) resolveu, nós vamos para o pau", disse.
Campeã
Com a confusão ainda em andamento, o presidente da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, Paulo Sérgio Ferreira, afirmou que tentaria utilizar os votos roubados pelo homem que detonou o tumulto. Caso não conseguisse, a Mocidade Alegre, então em 1° lugar, ficaria com o título