Ibovespa avança para 66.190 pontos na abertura do 1º pregão de março 01/03/2012
- Beatriz Cutait e Filipe Pacheco - Valor
O mercado de ações brasileiro ganha impulso no pregão de abertura do mês de março e o Ibovespa já rompeu a linha dos 66 mil pontos logo no início dos negócios desta quinta-feira. A bolsa espelha o movimento das praças internacionais, em um dia movimentado por dados da indústria da China, novos leilões de títulos na Europa e uma série de indicadores da economia americana.
Próximo das 11h20, o Ibovespa já subia 0,58%, para 66.190 pontos. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o índice futuro com vencimento em abril de 2012 avançava 0,61%, aos 66.890 pontos.
No último pregão, o Ibovespa teve desvalorização de 0,22%, aos 65.811 pontos. E depois de disparar em janeiro, quando subiu 11,1%, o índice mostrou ganho de 4,34% em fevereiro, o maior para esse mês desde 2008.
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Entre os ativos de maior peso, Vale PNA subia hoje 0,72%, a R$ 42,81; Petrobras PN avançava 0,69%, a R$ 24,48; OGX Petróleo ON ganhava 0,41%, a R$ 17,07; Itaú Unibanco PN tinha valorização de 0,90%, a R$ 36,69; e Bradesco PN se apreciava em 0,80%, a R$ 31,45.
Em Wall Street, os futuros do Dow Jones e do S&P 500 ainda avançavam 0,29% e 0,31%, respectivamente, antes da abertura dos negócios.
Investidores começaram o dia atentos às notícias divulgadas nesta madrugada no continente asiático. Duas medidas da atividade industrial aumentaram em fevereiro, diminuindo os receios de uma desaceleração bruta da economia.
O Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), divulgado pela Federação de Logísticas e Compras do país e pelo Departamento Nacional de Estatísticas, e por isso considerado o PMI oficial, passou de 50,5 em janeiro para 51,0 em fevereiro. Números acima de 50 significam expansão.
O PMI medido pelo HSBC também subiu, de 48,8 em janeiro, para 49,6 em fevereiro, mas seguiu apontando contração da indústria.
Já no front europeu, o mercado analisa os resultados dos leilões de títulos da dívida promovidos por Espanha e França, enquanto aguarda encontro dos líderes em Bruxelas.
Os ministros das Finanças da zona do euro voltam ainda a conversar para avaliar o progresso da Grécia na implementação dos prometidos cortes de gastos e das reformas econômicas.
Nos Estados Unidos, a agenda do dia é movimentada. Até o momento, o Departamento de Comércio mostrou que a renda pessoal dos americanos cresceu 0,3% de dezembro para janeiro, enquanto os gastos aumentaram 0,2%. Em dezembro, a renda havia se expandido em 0,5% e os gastos tinham ficado estáveis.
Economistas previam aumento de 0,4% tanto para a renda quanto para os gastos em janeiro.
No mercado de trabalho, o número de pedidos de seguro-desemprego nos EUA surpreendeu positivamente, ao cair 2 mil, para 351 mil, na semana até o dia 25 de fevereiro.
Agora as atenções se voltam a dados de gastos com construção e atividade no setor industrial no país.
Por fim, na cena brasileira, o mercado acompanha o movimento no câmbio, que recuava 0,29% (a R$ 1,715 na venda), mesmo após o governo anunciar nesta manhã a elevação para 6% da alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre empréstimos externos com prazo de até três anos, a partir do dia 1º de março. Mais um esforço para tentar conter a valorização do real frente à moeda americana.
Mesmo após medidas do governo para conter alta do real, dólar recua
O dólar opera em queda nesta quinta-feira, em meio à forte oscilação e depois de ter começado os negócios do dia em alta.
A perda de valor acontecia mesmo após o governo anunciar a extensão da alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% para empréstimos externos com prazo de até três anos. Até então, essa alíquota incidia sobre as operações de até dois anos.
Por volta de 11h19, o dólar comercial operava em queda de 0,23%, cotado a R$ 1,714 na compra e R$ 1,716 na venda. Os contratos futuros com vencimento em abril perdiam 0,20%, a R$ 1,728.
Em coletiva de imprensa realizada em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o papel do governo é diminuir o entusiasmo do capital externo com o Brasil, e o dólar no patamar de R$ 1,70 é ruim para a economia brasileira. Ele também ressaltou que o governo vai continuar comprando divisas.
Agentes de mercado já especulavam na sessão de ontem que seriam adotadas novas medidas para conter uma valorização excessiva do real. No fim da quarta-feira, a moeda registrou a maior alta percentual diária no ano, de 1,24% a R$ 1,72.
A ação do governo deve ter efeito limitado sobre a cotação do dólar, mas traz de volta ao mercado a perspectiva de que novas medidas possam ser adotadas. Esta a análise do economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, que observa que havia a expectativa de que uma ação muito mais forte fosse adotada, diante dos rumores que circularam no mercado.
A mesma ideia é compartilhada por Marcio Cardoso, sócio-diretor da Título Corretora, e por Andre Ikeda, analista do banco japonês Nomura Securities.
Segundo Cardoso, fica claro que o governo adota mais uma tentativa de frear a valorização do real, que de certa forma já era esperada, mas, ao mesmo tempo, havia expectativa de que medidas também recairiam sobre aplicações em ações, o que não aconteceu. "Parte do mercado esperava que as medidas pudessem ser piores", disse.
Já para Ikeda, do Nomura, a ação não deve ter um forte impacto direto no câmbio, mas é um sinal relevante de que o governo não está confortável com o patamar atual do dólar, e que está ciente que os fluxos de entrada não tem sido destinados a investimentos - o que faz com que novas medidas para breve sejam consideradas.
Para José Carlos Amado, operador de câmbio Renascença Corretora, a medida tende a impactar muito menos do que a taxação das posições vendidas em contratos futuros, implementada em julho do ano passado. Segundo ele, o mercado não foi pego de surpresa, e também não se surpreenderá caso venham mais medidas que seguem na mesma linha.
O desempenho do dólar por aqui seguia descolado daquele visto em outras partes do mundo, especialmente perante moedas que costumam seguir o mesmo rumo que o real. O peso mexicano, o rand sul-africano, o dólar canadense e o dólar australiano, subiam, respectivamente, 0,43%, 0,40%, 0,38% e 0,32%.
O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda ante seis outras, se valorizava 0,05%, para 78,85%, enquanto o euro se desvalorizava 0,18%, para US$ 1,330.