Ibovespa sobe 1,45%, para 67.781 pontos, e garante alta na semana 02/03/2012
- Beatriz Cutait e Eduardo Campos - Valor
O desempenho pífio das bolsas internacionais foi deixado de lado pelos investidores nesta sexta-feira, que garantiram um novo pregão positivo para o Ibovespa e o levaram a cravar nova máxima para o ano. Mais importante, o índice conseguiu em pouco mais de um bimestre zerar as perdas vistas em 2011.
Dados preliminares mostram que, após marcar mínima de 66.810 pontos e máxima de 67.790 pontos, o Ibovespa fechou com valorização de 1,45%, aos 67.781 pontos - maior nível desde 11 de abril de 2011 (68.164 pontos). O giro financeiro atingiu R$ 6,95 bilhões.
Na semana, o índice subiu 2,8% e, em 2012, já acumula alta de 19,43%. No ano passado, o Ibovespa havia recuado 18,1%.
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Entre os ativos de maior peso, Vale PNA subiu hoje 0,81%, a R$ 43,30; Petrobras PN ganhou 1,68%, a R$ 25,30; OGX Petróleo ON avançou 1,45%, a R$ 17,43; Itaú Unibanco PN teve valorização de 1,34%, a R$ 37,70; e Bradesco PN se apreciou em 1,51%, a R$ 32,07.
Já no mercado americano, em dia de agenda vazia, as bolsas fecharam em baixa, mas com oscilações modestas. O índice Dow Jones caiu 0,02%, enquanto o Nasdaq recuou 0,43% e o S&P 500 perdeu 0,32%.
BC atua, dólar sobe mais de 1% e fecha a R$ 1,732
Mais medidas no câmbio virão. Essa é a percepção nas mesas de operação depois das duas atuações do governo na quinta-feira. Primeiro, a ampliação no prazo mínimo de isenção para captações externas. Operações inferiores a três anos pagam 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Antes eram dois anos. Já à noite, o Banco Central (BC) editou Circular e reduziu para até 360 dias o prazo das operações enquadradas como pagamento antecipado à exportação. Com isso, a autoridade monetária quer fechar uma “brecha” para o capital externo que entra no Brasil em busca do ganho com o diferencial de juros.
A percepção é de que o governo está “passando a lupa” em todo e qualquer tipo de operação cambial. E onde há “janelas” de oportunidade, elas serão fechadas.
Para o superintendente de tesouraria do Banco Banif, Rodrigo Trotta, é justamente essa sinalização de que mais medidas podem vir que deixa o mercado com o “pé atrás”.
No entanto, pondera Trotta, a tendência do dólar mudou aqui e no mundo. Agora o movimento seria de alta.
Na visão do especialista, a injeção massiva de euros no mercado pelo Banco Central Europeu (BCE) - mais de 1 trilhão de euros em dois meses - já está tirando valor da moeda comum europeia e, consequentemente, dando fôlego ao dólar.
O euro caiu ontem e voltou a perder valor nesta sexta-feira. Há pouco, a moeda comum recuava 0,84%, a US$ 1,32. Na semana, o euro perdeu 1,8%. Já o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, subia 0,83%, a 79,45 pontos, registrando ganho semanal de 1,34%.
Na visão de Trotta, a teoria do governo de que os bancos estão pegando esses euros ofertados pelo BCE e aproveitando para fazer arbitragem de juros no Brasil é menos relevante para a taxa de câmbio no mercado local do que essa virada de tendência global do dólar. “O efeito que poderia ser de queda do dólar pelas teorias do governo perde força”, diz.
O impacto principal, na visão do superintendente, é essa mudança de viés do dólar. Por isso mesmo, o BC não precisaria continuar atuando no mercado. Mas a autoridade monetária segue firme, com seus leilões. Hoje foram duas compras à vista.
“O BC já conseguiu o que queria, que era uma inversão de tendência. Se fosse para fazer uma aposta, seria a de que devemos trabalhar com dólar a R$ 1,75 nas próximas semanas”, avalia.
Olhando para a sessão desta sexta-feira, Trotta aponta que a alta do dólar no mercado local se acentuou de forma relevante depois que o BC fez o segundo leilão de compra no mercado à vista por volta das 16h05.
Até então, a alta da moeda por aqui estava bem alinhada com o sinal externo. “As atuações do BC estão incomodando o mercado. A princípio, elas não seriam necessárias neste momento”, diz.
De fato, após a segunda compra do BC, o dólar passou a ganhar mais de 1% ante o real. E, no fim do pregão, a moeda americana fechou com alta de 1,17%, a R$ 1,732 na venda. É o maior preço em um mês. Na máxima, o dólar foi a R$ 1,734.
Na semana, o dólar acumulou alta de 1,46%, maior ganho semanal do ano. No acumulado de 2012, no entanto, a moeda ainda registra queda de 7,33%.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto fechou com valorização de 0,92%, a R$ 1,7271, e giro de US$ 131,5 milhões.
Também na BM&F, o dólar com vencimento em abril mostrava alta de 1,04%, a R$ 1,745, antes do ajuste final de posições.
De volta ao câmbio externo, o rand sul-africano, o dólar canadense, o dólar australiano e o peso mexicano também perdem para a moeda americana nesta sexta-feira.