Ibovespa fecha pregão com baixa de 1,21%, aos 66.964 pontos 05/03/2012
- Beatriz Cutait e Eduardo Campos - Valor
Investidores começaram a semana mais posicionados na ponta vendedora da bolsa brasileira, o que levou o Ibovespa a perder mais de 1% e ficar abaixo dos recém-conquistados 67 mil pontos. A redução da meta de expansão da China neste ano pesou sobre os negócios e pressionou principalmente as ações de empresas exportadoras de commodities.
Dados preliminares mostram que, após marcar mínima de 66.755 pontos e máxima de 67.782 pontos, o Ibovespa fechou com desvalorização de 1,21%, aos 66.964 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 6,09 bilhões.
Entre os ativos de maior peso, Vale PNA caiu hoje 2,90%, a R$ 42,04; Petrobras PN perdeu 2,80%, a R$ 24,59; OGX Petróleo ON recuou 0,97%, a R$ 17,26; Itaú Unibanco PN teve desvalorização de 1,45%, a R$ 37,15; e Bradesco PN se depreciou em 1,43%, a R$ 31,61.
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No mercado americano, as bolsas tiveram perdas mais modestas. O índice Dow Jones caiu 0,11%, enquanto o Nasdaq recuou 0,86% e o S&P 500 perdeu 0,39%.
Dólar tem nova alta e fecha a R$ 1,737
O dólar comercial completou mais um pregão de alta ante o real e volta a ser negociado a preços não vistos desde o fim de janeiro.
A formação da taxa ficou alinhada com o comportamento de outras moedas emergentes e ativos de risco que perderam valor nesta segunda-feira. Em pauta, a revisão para baixo na previsão de crescimento da China, cuja meta para 2012 caiu para 7,5%, depois de sete anos em 8%. A notícia também tirou fôlego das bolsas de valores e das commodities.
No mercado local, o dólar comercial terminou o dia com alta de 0,29%, a R$ 1,737 na venda, maior cotação desde 31 de janeiro, quando fechou a R$ 1,747. O giro estimado para o interbancário foi baixo, cerca de US$ 1,2 bilhão.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto fechou com valorização de 0,47%, a R$ 1,7353, e giro de US$ 222 milhões. Também na BM&F, o dólar com vencimento em abril mostrava alta de 0,25%, a R$ 1,7465, antes do ajuste final de posições.
Mesmo com o dólar operando em alta, o Banco Central (BC) não deixou de marcar presença no mercado. A autoridade monetária tomou dólares por volta das 16 horas, com taxa de corte de R$ 1,7346.
Para o sócio da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, o governo está com a percepção errada sobre o que causa o movimento de valorização do real. Segundo Daoud, não é o fluxo de recursos, nem esse “tsunami monetário” internacional, reflexo das ações do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Banco Central Europeu (BCE) e outros bancos centrais, que dá fôlego à moeda brasileira.
Olhando o saldo do balanço de pagamento, Daoud mostra que o saldo nos últimos cinco meses encerrados em janeiro foi positivo em US$ 3,2 bilhões. “Na realidade não é o fluxo, se pegarmos tudo o que entra de dólares e tudo o que sai, a diferença é pouca”, diz.
Segundo Daoud, a valorização do real se dá pelas operações no mercado de derivativos, onde os investidores operam taxas de câmbio atreladas às taxas de juros domésticas. “A questão é a taxa de juros doméstica muito elevada. Essa tese de tsunami monetário perde força se concentrarmos atenção no comportamento dos fluxos”, diz o especialista.
Ainda de acordo com Daoud, o governo não deve restringir as operações com derivativos, pois é lá que o preço à vista é formado em função da liquidez elevada. “Se você mata um mercado, acaba com o outro.”
A sugestão do especialista é focar nos especuladores, que vende moeda sem ter dólares de fato para entregar lá na frente. Para Daoud, o governo poderia criar algum tipo de exigência para o vendedor “seco” de dólares em derivativos. Algo como se vender 100 contratos tem de obrigatoriamente comprar 30 contratos.
A medida é extrema, reconhece o especialista, mas o momento pediria isso. Dessa forma, o governo evita a especulação e melhora a gestão de risco das operações cambiais.