Ibovespa abre em forte queda e perde linha dos 66 mil pontos 06/03/2012
- Beatriz Cutait e Filipe Pacheco- Valor
Depois de uma leve trégua, o noticiário europeu volta a causar apreensão nos mercados financeiros. O esgotamento do prazo para que a Grécia entre em acordo com os credores privados para reestruturar sua dívida preocupa os investidores e estimula forte aversão a risco nesta terça-feira.
No Brasil, após recuar ontem 1,21% e perder a linha dos 67 mil pontos, o Ibovespa abriu os negócios em baixa expressiva. Próximo das 11h20, o índice recuava 1,93%, para 65.669 pontos. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o Ibovespa futuro com vencimento em abril perdia 1,98%, aos 66.325 pontos.
Entre os ativos de maior peso, Vale PNA caía 2,56%, a R$ 40,96; Petrobras PN perdia 2,03%, a R$ 24,09; OGX Petróleo ON cedia 2,83%, a R$ 16,77; Itaú Unibanco PN tinha desvalorização de 1,66%, a R$ 36,53; e Bradesco PN se depreciava 1,42%, a R$ 31,16.
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Em Wall Street, os futuros do Dow Jones e do S&P 500 recuavam 0,89% e 1,04%, respectivamente, antes da abertura dos negócios.
A Grécia enfrenta uma semana crucial, já que os credores privados têm até quinta-feira para participar voluntariamente do acordo de reestruturação da dívida. Caso não aceitem, podem colocar em risco o segundo pacote de socorro financeiro ao país.
“Há uma grande incerteza em relação ao que pode ocorrer com a Grécia, com o CDS dos títulos gregos e com os mercados financeiros em geral, caso a participação seja menor que a mínima, o que faz o investidor ficar preocupado com o risco hoje”, destaca, em relatório, a equipe da SulAmérica Investimentos.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, entretanto, tentou conter as preocupações com a região, ao afirmar em entrevista à estação de rádio austríaca Oe1 que a Europa ainda não saiu da crise da dívida mas está caminhando na direção correta.
Sem indicadores americanos, a agenda externa conta apenas com dados econômicos europeus. O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro recuou 0,3% no quarto trimestre na comparação com o terceiro e cresceu 0,7% ante igual intervalo de 2010, segundo a Eurostat. Os números vieram em linha com as estimativas de economistas e confirmam os dados preliminares que haviam sido divulgados.
No Brasil, o foco ainda se volta aos números do PIB)do ano passado. A economia nacional cresceu 2,7% em 2011 e avançou 0,3% do terceiro para o quarto trimestre.
Dólar sobe mais de 1%, a R$ 1,75, em dia de aversão global ao risco
O dólar acelerava a alta diante do real na manhã desta terça-feira e voltava a operar no patamar de R$ 1,75, em um dia em que predomina a aversão a ativos de risco entre investidores de diferentes partes do mundo.
Por volta de 11h10, o dólar comercial subia 1,09%, a R$ 1,754 na compra e R$ 1,756 na venda. Os contratos futuros da moeda com vencimento em abril mostravam alta de 0,91%, a R$ 1,767.
Ontem, o dólar comercial avançou 0,29%, cotado a US$ 1,737 na venda, após o Banco Central ter realizado um leilão de compra de dólares no mercado à vista.
Ao se considerar o fim do pregão de segunda-feira, investidores estrangeiros seguiam com posição vendida em dólares (aposta na queda da moeda americana) de US$ 1,516 bilhão, considerando contratos de dólar futuro e de cupom cambial.
Na cena interna, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a economia brasileira cresceu 2,7% no ano passado. Em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) havia crescido 7,5%. O resultado veio praticamente em linha com a previsão de analistas.
Na comparação trimestral, o PIB avançou 0,3% diante dos três meses anteriores.
Durante visita à Alemanha, a presidente Dilma Rousseff voltou a reiterar que o governo brasileiro usará de diferentes medidas para conter o que classificou de "tsunami monetário" decorrrente da injeção de dinheiro em economias ricas, e a utilização deste capital para fins especulativos em economias emergentes. A presidente não citou, entretanto, quais outras medidas poderão ser tomadas.
"[A injeção de liquidez] cria uma massa monetária que não vai para a economia real. O que se produz? Bolha. Bolha, especulação", disse a presidente ontem a jornalistas.
Em contrapartida, a chanceler alemã, Angela Merkel, levantou a questão de medidas protecionistas impostas em economias emergentes, sem citar diretamente casos brasileiros. "A presidente [Dilma Rousseff] manifestou preocupação sobre o tsunami de liquidez quando olha para os EUA, para a União Europeia. Nós também olhamos para medidas protecionistas unilaterais", disse Merkel.
A valorização da divisa americana em relação a diferentes moedas estrangeiras prevalecia nesta sessão, com a tensão de investidores antes do prazo final para adesão dos credores à troca de dívida proposta pelo governo da Grécia, que será na quinta-feira.
Somava-se a isso, a informação de que o PIB da zona do euro teve queda de 0,3% no quarto trimestre do ano passado. O euro perdia 0,67%, cotado a US$ 1,312, enquanto o Dollar Index ganhava 0,50%, a 79,74 pontos.
Ao se considerar uma cesta de 16 moedas estrangeiras, o iene era a única que se valorizava em relação ao dólar - a moeda japonesa é considerada um ativo seguro em momentos de insegurança nos mercados.
O dólar canadense cedia 0,60%, o peso mexicano perdia 0,64%, o rand da África do Sul recuava 0,93% e o dólar australiano se desvalorizava 0,99%.