Ibovespa abre pregão em alta, um dia após forte aversão ao risco 07/03/2012
- Beatriz Cutait e Filipe Pacheco - Valor
Depois de um pregão de disparada da aversão global a risco, que levou o Ibovespa a ter a maior queda em cinco meses, o otimismo reaparece nos mercados financeiros.
No Brasil, a bolsa acompanha a direção positiva das praças europeias na abertura dos negócios. Próximo das 11h10, o Ibovespa subia 0,80%, para 65.636 pontos. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o índice futuro com vencimento em abril avançava 0,87%, aos 66.140 pontos.
Ontem, o Ibovespa chegou a perder a linha dos 65 mil pontos na mínima do dia, mas fechou com queda menor, de 2,76%, aos 65.114 pontos.
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Entre os ativos de maior peso, Vale PNA caía hoje 1,21%, a R$ 39,68; Petrobras PN subia 0,75%, a R$ 23,93; OGX Petróleo ON avançava 0,76%, a R$ 17,04; Itaú Unibanco PN tinha valorização de 0,80%, a R$ 36,19; e Bradesco PN se apreciava em 1,23%, a R$ 31,18.
Em Wall Street, os futuros do Dow Jones e do S&P 500 avançavam 0,46% e 0,50%, respectivamente, antes da abertura dos negócios.
A Grécia permanece no centro das atenções dos mercados. Com o prazo para fechar um acordo com os credores privados para restruturar sua dívida terminando amanhã, o país precisa avançar nas discussões o quanto antes. As notícias, contudo, melhoraram.
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) informou que 30 investidores em títulos da Grécia concordaram em participar da troca de dívida proposta. Eles detêm, juntos, 81 bilhões de euros em dívida grega, o que representa 39,3% do total elegível para a troca.
"Estes dias são particularmente críticos para o país porque o sucesso ou o fracasso do programa [PSI] será julgado até a meia-noite de quinta-feira", disse o ministro de Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos. “Com a troca dos bônus, a economia vai começar a respirar."
O objetivo da troca de títulos é reduzir em 53,5% o total detido pelo setor privado, evitando um calote desordenado que poderia irritar os mercados e estimular o contágio para países como Portugal. A reestruturação é uma das condições para o segundo pacote de ajuda financeira ao país, de 130 bilhões de euros.
Ainda na região, do lado negativo, a Alemanha mostrou que as encomendas à indústria diminuíram 2,7% em janeiro na comparação com dezembro, na série com ajuste sazonal, contrariando a expectativa de aumento de 0,7%.
Já nos Estados Unidos, o foco está nos dados do mercado de trabalho. O setor privado dos EUA criou, em termos líquidos, 216 mil postos em fevereiro, segundo a pesquisa mensal da empresa de processamento de folhas de pagamento ADP. Os dados, que servem como uma prévia dos números oficiais do governo, ficaram dentro das expectativas.
Brasil
Na cena doméstica, o destaque do dia é a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que anuncia o rumo da Selic. Se a maior parte dos economistas segue com uma aposta de novo corte de 0,50 ponto percentual, levando a taxa para 10% ao ano, o mercado de juros futuros continua a mostrar uma redução mais agressiva.
Essa percepção é reforçada pela forte queda da produção industrial brasileira em janeiro.
Na cena corporativa, a BM&FBovespa e o CME Group, que reúne bolsas de derivativos e futuros de Chicago e Nova York, formalizaram um acordo para a dupla listagem de ativos. Inicialmente, a parceria envolve os futuros de índices de ações dos dois mercados, além de contratos de petróleo (WTI) e de soja, mas outros produtos podem ser licenciados no futuro.
Atenção ainda para o balanço trimestral da Usiminas. A empresa registrou lucro líquido de R$ 77 milhões no quarto trimestre do ano passado, o que representaqueda de 72,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando reportou ganho de R$ 280 milhões.
Pela manhã, as ações ON da empresa subiam 0,58%, a R$ 15,59, enquanto os papéis PNA recuavam 0,74%, a R$ 12,06.
Descolado do exterior, dólar opera em alta e chega a R$ 1,77
O dólar tem uma sessão volátil perante o real, em meio às expectativas quanto a novas medidas para conter a entrada de fluxo estrangeiro e em dia de decisão sobre a taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
A moeda americana começou a manhã em ligeira queda, mas recuperou valor e passou a operar em alta pouco depois. Na máxima, chegou a atingir R$ 1,773, alta de 0,51% em relação ao fechamento da véspera e o valor mais alto desde o dia 17 de janeiro deste ano. Na véspera, a divisa subiu 1,55%, maior alta em um único dia desde o começo de 2012.
Por volta 11h15, o dólar comercial operava em alta de 0,34%, cotado a R$ 1,768 na compra e R$ 1,770 na venda. Os contratos futuros para abril mostravam em alta de 0,45%, cotado a R$ 1,778.
Desde a semana passada, a cotação da moeda americana vem subindo perante o real, após repetidos sinais de autoridades brasileiras de que diferentes instrumentos serão usados para conter a valorização excessiva do real, além de diversas intervenções por parte do Banco Central.
Segundo matéria de Claudia Safatle, do Valor, o governo já prepara medidas mais fortes de controle do movimento de capitais, e o foco de estudos são os exportadores e as linhas específicas para exportação - como aquelas de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC) -, e também os empréstimos intercompanhias com o objetivo de investir no mercado financeiro brasileiro.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff reclamou publicamente do "tsunami monetário" que inunda países emergentes com fluxos financeiros originados por políticas de injeção de capital em países ricos, para conter sintomas da crise. Ela reforçou a posição durante encontro com a chanceler alemã Angela Merkel essa semana.
Na terça-feira foi a vez do ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizer que existe um "arsenal infinito" de medidas que podem ser usadas para enfrentar uma valorização excessiva do real.
Uma redução da taxa básica de juros de forma mais agressiva hoje à noite, de acordo com alguns especialistas, poderia representar uma estratégia de diminuir o fluxo de capital estrangeiro, atraído pela grande diferença entre as taxas de rendimento pagas no Brasil em comparação com países desenvolvidos.
O contexto interno fazia com que o real operasse descolado de diferentes moedas estrangeiras, que geralmente têm desempenho semelhante. Ao se analisar uma cesta composta por 16 moedas compiladas pela “Bloomberg”, o real era aquela que mais perdia valor ante o dólar.
O peso mexicano avançava 0,30%, o dólar canadense avançava 0,08% e o dólar australiano ganhava 0,07%. O euro, por sua vez, subia 0,15%, para US$ 1,313, na véspera do prazo final de troca de papéis da dívida grega entre credores e autoridades do país no contexto do acordo de reestruturação.
O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda ante seis outras divisas globais, operava praticamente estável, com leve queda de 0,05% e 79,76 pontos.