Ibovespa descola de NY e cai 0,74%, após ata da Copom 15/03/2012
- Roberta Vilas Boas - Reuters e Silvana Rocha - Agência Estado
A Bovespa encerrou esta quinta-feira em baixa, movimento puxado pelos setores de bancos e imobiliário, após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) esfriar os ânimos de investidores sobre a intensidade dos próximos cortes de juros.
O Ibovespa caiu 0,74 por cento, a 67.749 pontos. O giro financeiro do pregão foi de 7,12 bilhões de reais.
Após cortar a Selic em 0,75 ponto percentual, para 9,75 por cento, na semana passada, o Copom informou nesta manhã que pretende levar a Selic para patamares "ligeiramente acima dos mínimos históricos" e estabilizá-la neste nível.
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Com isso, a curva futura de juros, que após a reunião da semana passada considerava uma taxa abaixo de 9 por cento no fim do ano, passou a considerar a Selic em 9 por cento.
"A queda ocorreu por conta da ata do Copom, que colocou que não vai haver aumento de gasolina, o que derrubou a Petrobras, e um fundo de 9 por cento na Selic, sendo que as curvas de juros já apontavam 8,75 por cento (no fim do ano)", explicou o analista Eduardo Oliveira, da UM Investimentos.
Segundo ele, isso anulou o ânimo do mercado com dados econômicos dos EUA, com os novos pedidos de auxílio-desemprego caindo ao menor nível em quatro anos.
A preferencial da Petrobras caiu 2,46 por cento, a 24,22 reais, enquanto a ordinária recuou 2,6 por cento, a 25,10 reais.
Entre as construtoras, a Cyrela teve queda de 3,08 por cento, a 18,25 reais; Rossi perdeu 2,68 por cento, a 10,90 reais. Entre os bancos, Santander caiu 1,64 por cento, a 18,58 reais; e Banco do Brasil desvalorizou 1,38 por cento, a 28,60 reais.
A maior queda do índice, porém, foi registrada por Klabin, com perdas de 4,97 por cento, a 9,18 reais. Nesta quinta-feira, o BTG Pactual reduziu a recomendação para o papel, de "compra" para neutra".
Marfrig encerrou com baixa de 3,44 por cento, a 11,80 reais, após a companhia informar a desistência do acordo de logística com a JSL, cuja ação subiu 0,43 por cento, a 11,75 reais.
Na outra ponta, a maior alta foi registrada por Gol, de 2,99 por cento, a 15,15 reais. A companhia anunciou na terça-feira à noite que pediu aval para operar voos entre Brasil e Miami, com escala em Caracas.
Vale também foi destaque positivo, com a preferencial subindo 0,85 por cento, a 41,45 reais, e a ordinária com ganhos de 0,95 por cento, a 42,70 reais.
A mineradora anunciou na noite da véspera que teve decisão favorável do Superior Tribunal de Justiça sobre a cobrança de tributos sobre lucros de coligadas e controladas no exterior.
Fora do índice, Queiroz Galvão, que desabou 18,1 por cento, a 12,76 reais, após novas avaliações no poço Ilha do Macuco, na bacia de Santos, que decepcionarem o mercado.
Dólar reage aos leilões do Banco entral, sobe, e fecha a R$ 1,80
A indicação de um piso para a taxa Selic em 9% ao ano, sugerida pela ata da última reunião do Copom, divulgada hoje, abriu espaço no mercado doméstico de câmbio para ajustes de posições, que enfraqueceram o dólar ante o real. Isso porque, do ponto de vista do mercado, o juro básico do País neste nível ainda seria bastante atrativo ao investidor estrangeiro, podendo ainda estimular novos ingressos de recursos, mesmo após as medidas cambiais já adotadas, disse o economista Sidnei Nehme, sócio-diretor da NGO Corretora de Câmbio. Além disso, o recuo da moeda norte-americana no mercado internacional pesou sobre a formação do preço local.
A queda do dólar à vista no fim da sessão, no entanto, respeitou o piso informal de R$ 1,80 com o qual o mercado passou a trabalhar desde a última quarta-feira, após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitir que o País tem um câmbio administrado, cuja margem de oscilação seria de R$ 1,70 a R$ 1,90. Isso só foi possível hoje porque, após ficar ausente por sete sessões, o Banco Central interveio com dois leilões de compra de moeda à vista a partir do meio-dia e ainda definiu taxas de corte acima de R$ 1,80 e também do preço de mercado da moeda naquele momento.
No primeiro leilão, a taxa ficou em R$ 1,8057 e, no segundo, em R$ 1,8046. Desse modo, o dólar à vista abandonou o patamar de R$ 1,78 testado durante a manhã e passou a oscilar acima de R$ 1,80, confirmando a percepção do mercado de que também para o BC esse nível de preço representa um piso psicológico.
No fechamento, o dólar à vista estava em R$ 1,8040 no balcão, com queda de 0,28%, sendo que a mínima mais cedo foi de R$ 1,7870 (-1,22%). Na máxima, o pronto atingiu R$ 1,8090 (estável). Na BM&F, o dólar spot terminou com baixa de 0,14%, a R$ 1,8054 - na máxima da sessão; a mínima foi de R$ 1,7983.