Sem notícias relevantes, Bovespa cai e tem volume fraco 21/03/2012
- Alessandra Taraborelli e Silvana Rocha - Agência Estado
Sem notícias relevantes por aqui e lá fora, os investidores aproveitaram para embolsar parte dos lucros recentes, o que levou a Bovespa a encerrar esta quarta-feira com queda de 0,65%, aos 66.860,05 pontos. O giro financeiro, de R$ 5,304 bilhões (preliminar), foi o pior desde 6 de fevereiro.
A "desculpa" usada pelos investidores para justificar a baixa liquidez hoje foi, mais uma vez, o temor com o desaquecimento da economia chinesa, que, na véspera, voltou a preocupar. Somou-se a isso, o relatório da Associação Nacional de Corretores de Imóveis nos EUA que mostrou que as vendas de moradias usadas caíram 0,9% em fevereiro, para uma taxa anual de 4,59 milhões de unidades. O resultado contrariou as expectativas de uma alta de 1,3%.
Na mínima, o Ibovespa atingiu 66.762 (-0,79%) e, na máxima 67.436 pontos (-0,21%). No mês, a Bolsa acumula ainda acumula ganho de 1,59% e, no ano 17,81%.
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Segundo o operador de uma importante corretora paulista, hoje o dia foi muito fraco e pode ser sinal de que alguma coisa não muito boa pode estar pela frente. "Esse pregão fraquinho tão cedo, pode ser um sinal de que há alguma coisa ruim pela frente", disse o profissional, referindo-se ao fato de o giro financeiro ontem e hoje ter sido abaixo da média diária do mês, de R$ 7,190 bilhões. "O mercado está realizando. Talvez, se tivesse dinheiro de fora entrando a Bolsa terminasse no zero a zero", estimou.
Os papéis da Vale e de siderúrgicas voltaram a fechar no vermelho, ainda sob o impacto das notícias da véspera, de que o consumo de minério de ferro pela China está se achatando e de que a venda de veículos no país também está ameaçada. As ações da Vale registraram recuo de 0,38% a ON e 0,34% a PNA. Já entre as siderúrgicas, Usiminas PNA (-3,96%) liderou a queda do Ibovespa, seguida de CSN ON (-3,69%%). Gerdau PN (-1,33%%), Metalúrgica Gerdau PN (-1,87%) também caíram.
Do lado positivo do índice, figuraram Oi PN (+5,12%), Embraer ON (+4,03%) e Brasil Telecom PN (+3,16%).
Sem leilão do Banco Central, dólar à vista fecha abaixo de R$ 1,82
O dólar à vista encerrou em queda, de 0,11%, e abaixo de R$ 1,82, cotado hoje a R$ 1,8190 no balcão, após subir 1,05% nas duas sessões anteriores. Na BM&F, o dólar spot encerrou na mínima, com baixa de 0,05%, a R$ 1,8207. A queda de preço ocorreu em meio a um fluxo cambial aparentemente equilibrado e um giro financeiro maior que o dos dois dias anteriores. A pressão de baixa resultou de um aumento de oferta de moeda no fim da sessão, uma vez que os agentes financeiros esperavam um leilão de compra do Banco Central à tarde, o que não se confirmou. Sendo assim, eles foram a mercado vender a moeda, pressionando a baixa dos preços, na contramão da leve valorização do dólar no exterior.
Apesar do leve recuo hoje, os agentes de câmbio avaliam que a moeda tende a oscilar ao redor de R$ 1,81, ora pouco acima ora abaixo. Isso porque continua pesando nas decisões de negócios a trajetória para o câmbio pretendida e defendida pela equipe econômica. A incerteza em relação às novas medidas sustenta certa cautela.
Os dados sobre fluxo cambial no mês até o dia 16 não mexeram com a formação de preço do dólar. Mas mostraram que houve ingressos de US$ 514 milhões no País entre os dias 12 e 16 últimos, elevando o saldo positivo acumulado em março para US$ 5,622 bilhões - dos quais US$ 561 milhões ingressaram pelo segmento financeiro e US$ 5,061 bilhões, pela via comercial. Na semana passada, a conta comercial registrou a entrada líquida de US$ 1,452 bilhão e o fluxo financeiro registrou saída líquida de US$ 938 milhões. Nessa cifra, são somadas transferências de dólares para compra e venda de ações e títulos de renda fixa, empréstimos, remessas de lucros e investimentos produtivos, entre outras transações.
No exterior, o presidente do Federal Reserve (Fed) disse em uma audiência no Congresso que o Fed não tem planos de adotar um papel ativo nos mercados de dívida soberana além das reservas internacionais que tradicionalmente possui. Isso ajudou a amparar o dólar, que sobe levemente no mercado de moedas. Em Nova York, ás 17h11, o euro estava em US$ 1,3210, de US$ 1,3296 ontem.