Ibovespa registra queda de 1%, com atividade menor na China e na Europa 22/03/2012
- Renato Rostás - Infomoney e Filipe Pacheco - Valor
Na esteira de dados econômicos negativos da Zona do Euro e da China, o Ibovespa opera em queda de 1,02%, alcançando 66.175 pontos na manhã desta quinta-feira (22), após a abertura do pregão regular. Os dados da industriais das duas economias ajudam a ofuscar o resultado melhor que o esperado dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA.
A prévia de março do PMI (Purchasing Managers’ Index) chinês mostrou que a atividade industrial voltou a se contrair. O índice foi a 48,1 pontos, abaixo dos 49,6 pontos registrados em fevereiro. Este é o menor patamar do indicador desde novembro do ano passado.
Além disso, a Markit Economics comunicou o PMI composto da Zona do Euro, reunindo tanto o setor manufatureiro como o de serviços. No terceiro mês do ano, a taxa foi de 48,7 pontos, frente a 49,3 pontos em fevereiro. A contração foi maior do que a esperada previamente por analistas.
PUBLICIDADE
Nem um Initial Claims melhor que as expectativas foi o suficiente para impulsionar o índice brasileiro. Na semana, foram feitas 348 mil novas solicitações de auxílio-desemprego, contra uma projeção de 355 mil pedidos. Também serão comunicados o Leading Indicators, agrupamento de informações anteriores, e o FHFA House Price Index, índice de preços de imóveis, ambos às 11h (horário de Brasília).
Destaques após a abertura
Após o início do pregão, as ações que apresentam as quedas mais intensas são as de JBS (JBSS3, R$ 7,86, -3,91%), após a divulgação de seu resultado, Klabin (KLBN4, R$ 8,52, -1,96%), Gerdau (GGBR4, R$ 18,13, -1,89%), Marfrig (MRFG3, R$ 11,14, -1,85%) e Usiminas (USIM3, R$ 18,44, -1,60%; USIM5, R$ 12,86, -1,83%).
Com poucos papéis em alta, destacam-se na ponta compradora a Ultrapar (UGPA3, R$ 40,84, +1,31%), a Cesp (CESP6, R$ 37,26, +0,70%), a Natura (NATU3, R$ 39,74, +0,56%) e os ativos PNB da Eletrobras (ELET6, R$ 23,42, +0,47%).
Projeções para a sessão
Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, acredita que o sinal negativo deve se manter durante toda a sessão. Isso por que, apesar de a agenda doméstica ter dados brasileiros comunicados nesta data, nenhum surpreendeu o mercado.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) soltou o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15), que apontou para uma inflação de 0,25% no terceiro mês de 2012, contra 0,53% no período anterior. Com isso, o acumulado deste ano já mostra alta de 1,44% e, nos últimos 12 meses, avanço de 5,61%.
Por fim, o órgão também divulgou a Pesquisal Mensal do Emprego, que veio com um recorde histórico. A taxa de desocupação em fevereiro, de 5,7%, é a menor registrada para esse mês, desde o início da série, em 2002. Em fevereiro de 2011, o patamar havia sido de 6,4%.
Com foco na cena externa, dólar tem leve alta frente ao real
O dólar opera em ligeira valorização ante o real nesta quinta-feira, dia em que dados de China, Europa e Estados Unidos influenciam o mercado de câmbio em diferentes partes do mundo.
Por volta de 10h30, o dólar comercial operava em alta de 0,16%, a R$ 1,822 na compra e R$ 1,824 na venda. Os contratos futuros com vencimento em abril mostravam elevação de 0,21%, a R$ 1,828.
Na quarta-feira, a moeda americana terminou em ligeira alta de 0,17% e com cotação de R$ 1,821, mas o Banco Central (BC) não entrou comprando moeda, o que fez com que o movimento de alta visto ao longo do dia perdesse fôlego.
Na cena externa, o dólar avançava diante de diversas moedas estrangeiras, em meio ao pessimismo decorrente de dados industriais negativos na China.
O dado preliminar sobre o indicador de atividade industrial dos gerentes de compras na China, medido pelo HSBC, caiu em março para 48,1, comparado a uma leitura final de 49,6 em fevereiro, conforme divulgado nesta quinta-feira pelo banco. Dados abaixo de 50 indicam contração do nível de atividade.
Já na Europa, o Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) Composto, que compila os dados do setor industrial e de serviços da zona do euro, caiu para 48,7 pontos em março, ante os 49,3 pontos registrados em fevereiro, atingindo o menor patamar em três meses e aumentando as preocupações de que a região está oficialmente em um cenário recessivo. O euro operava em considerável queda ante o dólar, de 0,32% e com cotação de US$ 1,316.
Nos Estados Unidos, o número de pedidos de seguro-desemprego recuou em 5 mil na semana encerrada em 17 de março, passando de 353 mil (dado revisado) para 348 mil, o que marca o patamar mais baixo em quatro anos, o que também contribuía para o fortalecimento do dólar.
No Brasil, a manhã também foi repleta de indicadores. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e considerado uma prévia da inflação oficial no país, apontou variação positiva de 0,25% em março, inferior à taxa de 0,53% de fevereiro.
O IBGE também informou que o índice de desemprego no país subiu para 5,7% em fevereiro, ante registro de 5,5% em janeiro.
Entre outras moedas estrangeiras, o dólar australiano cedia 0,92%, o peso mexicano perdia 0,96% e o rand da África do Sul se depreciava 1%.