Bovespa registra terceiro dia de fechamento em queda 29/03/2012
- Alessandra Taraborelli e Silvana Rocha - Agência Estado
A Bovespa teve nesta quinta-feira mais um dia de queda, o terceiro, e perdeu os 65 mil pontos no início do pregão. No entanto, na segunda etapa do dia, a Bolsa desacelerou a queda amparada por ajustes de final de trimestre. Mais uma vez a piora nas expectativas em relação ao desempenho da economia global ditaram o mau humor generalizado. Logo cedo, comentários da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) somaram-se aos indicadores ruins nos EUA e na Europa.
Hoje, o Ibovespa encerrou com queda de 0,32%, aos 64.871,99 pontos - menor pontuação desde 15 de fevereiro (63.368,49 pontos). Vale e siderúrgicas foram na contramão das commodities e fecharam em alta. Já Petrobras terminou o dia no vermelho.
Na mínima, o Ibovespa atingiu 64.096 pontos (-1,51%) pela manhã e se manteve próximo deste nível por praticamente toda a sessão matutina. Na segunda etapa dos negócios, no entanto, a Bolsa desacelerou o movimento de queda e ações que estavam no vermelho passaram a subir, como Vale, por exemplo. "Apesar do cenário ruim, estamos no fim do trimestre e a Bolsa tem boas oportunidades de compra. É a hora de aproveitar para recompor a carteira", disse um profissional. Na máxima, a Bolsa atingiu 65.074 pontos (-0,01%).
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A surpresa positiva desta quinta-feira foram as ações da Vale e das siderúrgicas que operaram na contramão das commodities. Um profissional lembrou que essas ações "sofreram" muito recentemente e isso pode justificar o movimento. "Chegou num bom nível para compra", afirmou a fonte.
Vale ON encerrou em alta de 1,35% e a PNA, +0,84%. Gerdau PN (+0,73%), Metalúrgica Gerdau PN (+1,27%) e Usiminas PNA (+0,08%).
Já Petrobras acompanhou o petróleo no mercado internacional e caiu. O papel ON perdeu 0,04% e o PN, -0,30%. Na Nymex, o contrato de petróleo com entrega para maio caiu 2,49%, a US$ 102,78 o barril.
Nesta quinta-feira, o Departamento do Comércio dos EUA informou que o Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre do ano passado ficou inalterado em uma estimativa de expansão de 3,0%. Embora a alta seja a mais forte em um ano e meio, ela ficou abaixo da estimativa dos economistas, de crescimento de 3,2%. Depois, foi a vez da OCDE colocar pressão sobre os mercados.
A organização afirmou que a Europa e a América do Norte seguirão caminhos distintos no primeiro semestre deste ano, com os cortes orçamentários reduzindo o crescimento europeu, enquanto a economia norte-americana experimentará uma expansão "robusta". A organização disse também que, enquanto o crescimento está enfraquecendo nas economias emergentes, que foram vistas como o motor da economia mundial até há alguns meses, danos adicionais poderiam vir da recente alta dos preços do petróleo.
Dólar recua 0,11% e fecha valendo R$ 1,8260
O dólar no mercado à vista passou para o campo negativo na meia hora final de negócios no balcão, após oscilar entre a estabilidade e alta desde a abertura. A moeda norte-americana fechou em baixa de 0,11%, a R$ 1,8260 no balcão, logo após testar a mínima de R$ 1,8250 (-0,16%). A máxima intradia de R$ 1,8370 (+0,49%) foi registrada no fim da manhã, quando as preocupações com a desaceleração da economia mundial minaram o ambiente de negócios em todos os mercados. Na BM&F, no entanto, o dólar pronto terminou com leve alta de 0,05%, a R$ 1,8266.
Segundo operadores de câmbio, o dólar devolveu os ganhos no fim da tarde em sintonia com a redução das quedas das Bolsas norte-americanas e da Bovespa, refletindo um movimento de ajustes de carteiras para o encerramento de trimestre. Mais cedo, o Ibovespa chegou a cair 1,51% e às 16h58 recuava apenas 0,36%, aos 64.847,30 pontos. Em Nova York, nesse mesmo horário, o índice Dow Jones estava em alta de 0,19%, após recuar 0,72% mais cedo.
Além disso, o fluxo de entrada de recursos nesta quinta-feira foi bem menor do que no dia anterior e o BC não fez leilão de compra, levando os agentes financeiros a realizar lucro no fim da sessão com a zeragem de operações de day-trade, disse um operador. "Ontem o BC comprou mais de US$ 1 bilhão e deixou o mercado spot seco e nesta quinta-feira havia expectativa em relação ao comportamento do BC. Como o volume de negócios foi bem menor e não houve leilão, o mercado reforçou a oferta à vista no final, pressionando as cotações do dólar para baixo", observou o economista Italo Abucater, gerente da mesa de câmbio da Icap Brasil.
Ele destacou que, nas máximas no fim da manhã, o dólar abril 2012 aproximou-se de R$ 1,840, ao atingir o teto de R$ 1,8380 (+0,60%). Às 17 horas, este vencimento de dólar estava estável, em R$ 1,8270, com giro financeiro movimentado de US$ 17,128 bilhões. Há grande expectativa sobre a conclusão das rolagem de contratos futuros de dólar amanhã, quando será formada a taxa Ptax de fim de mês, disse Abucater.
O sentimento de aversão ao risco foi retomado nesta quinta-feira com os fracos dados econômicos na Europa e nos Estados Unidos, enquanto os yields dos bônus de Itália e Espanha dispararam. Nesta sexta-feira, em Copenhague, na Dinamarca, os ministros das Finanças da zona do euro vão se reunir e devem discutir um aumento dos fundos de resgate da região a fim de evitar uma propagação da crise da dívida soberana.
Nesta quinta-feira, nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) do 4º trimestre de 2011 foi mantido em alta de 3,0%, abaixo da previsão de que seria revisado para alta de 3,2%. Já a Comissão Europeia divulgou que o índice de sentimento econômico das empresas industriais e de construção da zona do euro caiu para 94,4 em março, de 94,5 em fevereiro, no primeiro declínio desde dezembro.