Bovespa acompanha reação de Nova York à ata do Fed e cai 1,43% 03/04/2012
- Alessandra Taraborelli e Silvana Rocha - Agência Estado
A Bovespa começou o dia tentando manter a alta da véspera, mas virou logo após a abertura, refletindo as notícias externas e também o pacote de estímulo anunciado nesta terça-feira pelo governo, para, então, se manter em queda até o fechamento. No meio da tarde, o índice atingiu novas mínimas, acompanhando a reação das bolsas de Nova York à divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).
Segundo o operador de uma corretora paulista, o documento não trouxe nada de novo, apenas reforçou o que o presidente do Fed, Ben Bernanke, tem falado, e os indicadores econômicos estão mostrando, que a economia está crescendo de forma moderada e ainda há riscos. "O ponto negativo é que o documento indicou que (o Fed) não vai adotar medidas de incentivos à economia por enquanto. Isso frustrou e pressionou Nova York e nós acompanhamos o movimento", disse. O Ibovespa encerrou com queda de 1,43%, aos 64.284,26 pontos. Na mínima, o índice atingiu 64.015 pontos (-1,84%) e, na máxima, 65.530 pontos (+0,48%).
Entre as medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, estão os cortes de tributos e desoneração da folha de pagamentos, que foi estendida para 11 setores da economia brasileira, sendo que quatro já foram contemplados na primeira fase do Programa Brasil Maior.
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Vale e siderúrgicas, que ontem ajudaram a Bolsa, hoje devolveram parte dos ganhos. O papel ON da mineradora caiu 2,25% e o PNA, -1,67%. Gerdau PN (-2,05%), Metalúrgica Gerdau PN (-1,34%), Usiminas PNA (-2,03%) e Siderúrgica Nacional ON (-2,22%).
Petrobras também recuou, influenciada pela queda do preço do petróleo no mercado internacional e também por preocupações ligadas à petrolífera Chevron. A ação ON perdeu 2,92% e a PN, -2,93%. Na Nymex, o contrato de petróleo com vencimento em maio registrou declínio de 1,16%, a US$ 104,01 o barril.
Logo cedo, a Espanha divulgou que o desemprego no país aumentou em março, embora num ritmo mais lento ante o declínio registrado em fevereiro.
Nos EUA, os dados foram mistos. A atividade das empresas da cidade de Nova York teve o maior crescimento em mais de um ano em março, segundo dados divulgados pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês). Já as encomendas à indústria nos EUA avançaram 1,3%, para US$ 468,41 bilhões, ante previsão de alta de 1,5%.
Dólar tem reação pontual a medidas e fecha em queda
O mercado de câmbio doméstico reagiu pontualmente, mas sem grande força, às declarações desta terça-feira do ministro da Fazenda sobre possíveis novas medidas para combater a apreciação do real e, à tarde, à sinalização da ata da última reunião do Federal Reserve, que reduziu a chance de um terceiro programa de estímulo à economia norte-americana. Em nenhum desses momentos, porém, a moeda norte-americana resgatou o sinal positivo registrado na abertura da sessão, quando ainda havia incerteza sobre o teor do pacote de medidas para estimular a indústria e o setor exportador.
O Banco Central fez um leilão de compra enquanto o governo anunciava as medidas do pacote de incentivo à indústria, mas conseguiu apenas aliviar a pressão de baixa sobre o dólar.
O mercado mostrou, por meio do comportamento do dólar, que não ficou a expectativa de eventuais novas medidas diferentes das já adotadas, disse o operador de tesouraria de um banco. O dólar caiu muito mais em cima de especulação, via devolução de compras preventivas da véspera, do que de fluxo cambial positivo. No fechamento, a moeda norte-americana à vista caiu 0,05%, a R$ 1,8320 no balcão. Na BM&F, o dólar spot recuou 0,04%, a R$ 1,830.
Como mais cedo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apenas realimentou expectativas em relação às medidas, mas não apresentou de imediato novidades que possam impactar a formação de preço do dólar, os investidores relaxaram e reduziram posições defensivas, pressionando o dólar para baixo. O leilão do Banco Central tentou limitar a queda do dólar, já que a autoridade definiu uma taxa de corte superior ao preço de mercado da moeda. Mesmo assim, o dólar só desacelerou as perdas. Foi na sessão vespertina, após a ata da última reunião do Fed, que houve uma reação mais visível.
A ata do Fed sugeriu crescimento moderado e queda gradual do desemprego nos Estados Unidos. Este cenário provocou redução das apostas em aperto monetário dos Fed Funds no fim de 2013, beneficiando a moeda norte-americana.