Nicolas Sarkozy reconhece derrota nas eleições na França 06/05/2012
- Do G1 com agências internacionais*
O atual presidente francês, Nicolas Sarkozy, reconheceu sua derrota nas eleições da França neste domingo (6) para o socialista François Hollande. Sarkozy discursou para seus apoiadores logo depois do fim da votação, às 15h (horário de Brasília).
"François Hollande é o presidente da França e deve ser respeitado", disse Sarkozy. Num dos momentos mais emocionantes do discurso, Sarkozy disse: "eu nunca vou poder retribuir aos franceses o que eles deram para mim nesses últimos anos".
Sarkozy também afirmou ter toda a culpa pela derrota ao dizer que é "um homem que aceita a responsabilidade". "Eu dei tudo de mim". Ele contou que já ligou para Hollande para desejá-lo "boa sorte". “Acabei de falar com ele no telefone para lhe desejar boa sorte”.
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Segundo estimativas dos institutos CSA, TNS Sofres e Ipsos, Hollande deve ser o novo presidente da França ao alcançar 52% dos votos, contra 48% de seu adversário. As estimativas do instituto Harris Interactive oscilam entre 52,7 e 53,3% a favor de Hollande.
Multidões encheram a Place de la Bastille, a praça emblemática da Revolução Francesa, em Paris, para celebrar a vitória de Hollande. Ele vai colocar fim a 17 anos de ausência da esquerda francesa na presidência do país. O socialista François Mitterrand, eleito em 1981, conseguiu se reeleger em 1988 e ocupou o cargo até maio de 1995.
Ex-mulher Hollande e mãe de seus quatro filhos, Ségolène Royal disse que tem um "sentimento de profunda alegria ao ver milhões de franceses renovarem o pleito para a esquerda”. “Os franceses podem ficar confiantes”, disse ela em entrevista à TV. “Vamos precisar de todos para ajudar o país a se recuperar”. Royal enfrentou Sarkozy nas eleições de 2007.
Campanha
Hollande se lançou na disputa pela presidência em meio a ironias, sendo considerado "brando" demais e provinciano demais. Mas o candidato socialista traçou tenazmente seu caminho até se tornar o favorito à eleição presidencial.
No início, ninguém apostava nele. Não era nem o ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, um brilhante economista, nem sua ex-companheira Ségolène Royal, de relação emotiva com os franceses. Hollande foi primeiro-secretário do Partido Socialista (PS) durante 11 anos. Deputado do departamento rural de Corrèze, não parecia ter o carisma exigido na França em uma eleição presidencial.
Até o dia 14 de maio de 2011, nada permitia prever que chegaria ao segundo turno da eleição presidencial. Strauss-Kahn era o favorito das pesquisas e da imprensa para ser o candidato socialista. Hollande havia lançado semanas antes sua campanha, mas os observadores estavam convencidos de que sua corrida em direção às eleições seria interrompida no caminho, sem chegar muito longe.
Os problemas judiciais colocaram um ponto final na carreira política de Strauss-Kahn e deixaram a via livre para Hollande. As primeiras pesquisas deram razão a ele, ao situá-lo na liderança dos candidatos de esquerda preferidos dos franceses. Mais ainda, previam que poderia vencer o presidente Sarkozy.
História
Aos 57 anos, Hollande nasceu em uma família de Ruan, no noroeste da França, filho de um médico e de uma assistente social. Estudou na ENA, prestigiada escola de administração e berço da elite política francesa. Lá, conheceu aquela que foi sua companheira por 25 anos e mãe de seus quatro filhos, Ségolène Royal.
Terminados os estudos, trabalhou no Tribunal de Contas. Fascinado pela figura política do presidente François Mitterrand, eleito em 1981, começou a colaborar com ele escrevendo "notas". Aos 26 anos, assumiu o desafio de se candidatar às eleições legislativas no reduto eleitoral do então futuro presidente Jacques Chirac, que em um ato público perguntou: "Quem é você?". "Sou aquele que você compara com o cachorro labrador de Mitterrand", respondeu o socialista.
O ex-presidente Chirac, que pertence ao mesmo partido de Sarkozy, tem, no entanto, afeto pelo opositor, que persistiu e terminou conquistando seu bastião de Corrèze. Chirac chegou, inclusive, a dizer que "votará em Hollande", antes de ressaltar que sua frase era "humor correziano".
Os fracassos nas eleições presidenciais de Lionel Jospin em 1995 e em 2002, e de Ségolène Royal, em 2007, o levaram a decidir que cabia a ele se candidatar. Aconselhado por sua nova companheira, a jornalista política Valérie Trierwieler, perdeu mais de 10 quilos, mudou de aspecto e abandonou suas piadas inoportunas, que lhe deram a reputação de ter um humor arrasador.