DIA A DIA

Pressionado por resultados, Mano rifa craque do Fla
12/05/2012 - Sílvio Barsetti - Agência Estado

Num encontro recente com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, o técnico Mano Menezes se antecipou ao dirigente e reconheceu que depende de um resultado convincente nos Jogos de Londres para continuar na seleção até a Copa de 2014. "Eu que disse isso. Sei que é assim", declarou Mano, pouco depois de anunciar ontem, no Rio, lista de 23 jogadores para quatro amistosos da seleção no final deste mês e início de junho.

Ele deixou Ronaldinho Gaúcho fora da relação. Na segunda-feira, Marin estava na Suíça e sugeriu que o jogador do Flamengo não deveria ser convocado. O presidente da CBF exigiu ter acesso às listas do treinador com 48 horas de antecedência e ainda fez uma insinuação: a de que assim evitaria "elementos estranhos ao grupo". Referia-se a uma eventual influência de empresários na escolha dos 18 nomes que vão disputar medalha olímpica a partir de julho.

Ontem, Marin tentou desfazer o mal-estar e ocupou por alguns minutos a mesa da sala de entrevista, num hotel da zona sul carioca, para ressaltar seu apoio a Mano e ao diretor de seleções da CBF, Andrés Sanchez, sentado ao lado. Depois, os dois se retiraram e o técnico falou com a imprensa. Logo, explicou a ausência de Ronaldinho - o que já era esperado por causa da má fase do atleta. "Das outras vezes, achei que ele deveria ser chamado, desta vez, não. Em algumas situações se pega um jogador para ser bode expiatório. Ronaldinho não é culpado pelo sucesso ou pelo fracasso da seleção", disse.


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O técnico fez muitos elogios ao meia-atacante do Flamengo quando o convocou em agosto do ano passado para amistoso contra Gana (leia abaixo). Chegou a dizer que a seleção, enfim, dispunha de uma referência. Aos poucos, porém, percebeu que se equivocara na expectativa criada em torno do atleta. Já fazia meses que Mano aguardava o momento mais oportuno para 'se livrar' de Ronaldinho.

Quanto à posição de Marin, o técnico ressaltou que o presidente tem todo o direito de promover mudanças no comando da seleção quando quiser. "Não sou ingênuo. Porque ingênuo no futebol não vai a lugar nenhum", prosseguiu ele, com cautela.

Em 2010, ao ser contratado pelo então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Mano tinha uma prioridade: formar um time para 2014. O chefe da entidade não exigia que o técnico conquistasse o ouro em Londres. Agora o cenário é outro.

Apesar da pressão por uma medalha olímpica inédita, que aumentou muito nos últimos dias, Mano esteve firme e tranquilo na entrevista. Em alguns momentos, deu respostas descontraídas. Foi assim, por exemplo, quando fez um comentário sobre a condição física do ex-atacante Ronaldo, hoje no conselho de administração do Comitê Organizador da Copa de 2014. "Está um pouco gordo, mas isso não é mais um problema meu", disse. Os dois estiveram juntos no Corinthians em 2009 e 2010.

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