Treinos mostram chance real de um sétimo vencedor na Fórmula 1 09/06/2012
- Livio Oricchio - estadão.com.br
O histórico do GP do Canadá é de uma corrida longa, de previsão bastante difícil, onde tudo pode acontecer. Mas o que se imaginava ser possível ocorrer domingo, antes ainda de a Fórmula 1 chegar em Montreal, começou a confirmar, depois das duas primeiras sessões de treinos livres no circuito Gilles Villeneuve, em Montreal: é real a chance de os fãs da competição assistirem a um sétimo vencedor distinto em sete etapas. O maior candidato, agora, é o piloto que foi mais veloz nos dois treinos desta sexta-feira, Lewis Hamilton, da McLaren.
Seu desempenho na sessão que definirá o grid, neste sábado, será importante para o campeão do mundo de 2008 ganhar, neste domingo, a primeira prova do ano. Não há dúvida, no entanto, que Hamilton tem potencial para largar pela terceira vez na temporada na pole position. O jovem inglês é, este ano, um profissional bem diferente do de 2011, quando viveu seu inferno astral. "O problema era eu mesmo", disse Hamilton, em resposta à questão do porquê, de repente, passar a errar tanto e fazer vários inimigos na Fórmula 1. "Vivi um período de desajustes pessoais, felizmente superados."
Depois de ser terceiro em Mônaco e assumir a liderança sozinho do Mundial, Fernando Alonso classificou a etapa de Montreal como "hora da verdade para a Ferrari". As profundas mudanças introduzidas no modelo F2012 funcionaram nas ruas do Principado, mas precisariam ser confirmadas no circuito Gilles Villeneuve. Como Alonso foi segundo, a apenas 54 milésimos de Hamilton, e Felipe Massa, seu companheiro, terceiro, a 97 milésimos de Alonso, o resultado sugere que a Ferrari deu mesmo um grande salto de desempenho.
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E mesmo tanto Alonso quanto Massa tinham mais novos componentes no F2012 na tentativa de melhorar seus dois pontos menos fortes ainda, tração e velocidade final nas retas. Lamentavelmente a Ferrari não disponibiliza mais seus pilotos para falar com a imprensa às sextas-feiras. Por vezes, um deles é autorizado. Nesta sexta, nenhum. Uma equipe tão profissional quanto amadora ao mesmo tempo.
No comunicado oficial da Ferrari, Massa comentou: "Dia bastante positivo. Concluímos o programa de testes que tínhamos. As novas peças funcionaram bem, ainda que seja difícil uma análise definitiva. Vamos mantê-las no carro, pois o senti mais equilibrado. Considero a melhor sexta-feira da Ferrari este ano até agora". Alonso da mesma forma manifestou otimismo com o pacote que incluiu nova configuração do terminal dos canos de escape, novos aerofólios e outros pequenos detalhes.
A chuva prevista para o treino da tarde caiu, mas nove minutos depois de a sessão ter acabado. E veio para valer: uma tormenta que criou dificuldades sérias. Todos pararam suas atividades. Essa chuva é esperada um pouco mais cedo, neste sábado, talvez na hora da definição do grid, entre 14 e 15 horas de Brasília, uma hora a mais de Montreal. Mas ninguém trabalha com a hipótese de chuva para a corrida. "Esperamos um sensível aumento da temperatura para domingo, o que introduzirá um fator completamente novo à competição", afirmou Nico Rosberg, da Mercedes, autor do décimo tempo à tarde. "Administrar o desgaste dos pneus traseiros será o maior desafio da prova", prevê.
Seu parceiro, o maior vencedor do GP do Canadá, sete vezes, Michael Schumacher, sexto ontem, disse que, a exemplo de quase todos os pilotos, usou os pneus supermacios na sessão da manhã por haver previsão de chuva para o treino da tarde. E isso não o permitiu ser, à tarde, tão rápido quanto os que não usaram os supermacios de manhã e os tinham novos. Foi o caso da McLaren e Ferrari, em que seus pilotos ficaram em primeiro, segundo e terceiro. "Nosso potencial nesta pista não é o que os tempos mostram", disse Schumacher.
A Red Bull nunca venceu a etapa do circuito Gilles Villeneuve. No ano passado, Sebastian Vettel liderava a dois quilômetros da bandeira e, pressionado por Jenson Button, da McLaren, errou e cedeu a vitória ao inglês. Vettel registrou o quarto tempo, a apenas 272 milésimos de Hamilton. Mas ao menos no primeiro dia tanto ele quanto Mark Webber, vencedor do último GP, em Mônaco, 12.º ontem, demonstraram fôlego para acompanhar o ritmo da McLaren de Hamilton.
Como adiantou Rosberg, porém, o cenário, no domingo, das 70 voltas no traçado de 4.361 metros será bem distinto do desta sexta, quando os pilotos tinham de arrastar as rodas no asfalto para os pneus atingirem a temperatura ideal e responderem com o máximo de aderência. A temperatura do asfalto não passou dos 26 graus. Espera-se que eles cheguem a 36, pelo menos, no domingo.
Bruno Senna, da Williams, não seria substituído pelo finlandês Valtteri Bottas no treino livre de Valência. Para ganhar mais confiança com o desafiador circuito canadense pediu para treinar ontem, pela manhã, e ceder a vaga a Bottas em Valência. À tarde, contudo, Bruno perdeu o controle da Williams aos 48 minutos da sessão e colidiu na barreira de proteção do Muro dos Campeões, na entrada da reta dos boxes.
"Eu não consegui uma única volta limpa. Quando tive a chance tentei ser o mais veloz possível e cometi um erro na última chicane", falou Bruno. Ficou com o 17.º tempo. Pastor Maldonado, companheiro de Williams, o 13.º, com 1min15s987. "Não será um grande problema para mim porque o time tem novos exemplares das peças novas danificadas", explicou Bruno. A TV Globo transmite a sessão de classificação do GP do Canadá a partir das 14 horas, horário de Brasília.