Lugo afirma que acatará resultado de seu julgamento político, mas que irá resistir 22/06/2012
- G1 com agências internacionais
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que acaba de ser destitído pelo Congresso, afirmou pouco antes da decisão que acatará o resultado de seu julgamento julgamento político, mas advertiu que impulsionará uma resistência "a partir de outras instâncias organizacionais". , em declarações à Rádio 10, da Argentina.
O Senado do Paraguai começou no início da tarde o julgamento do processo de impeachment do presidente. Lugo, acusado de "mau desempenho de suas funções" pelo parlamento dominado pela oposição, decidiu não comparecer ao julgamento e apenas enviou sua equipe de cinco advogados para apresentar sua defesa.
"É preciso acatá-lo (o julgamento político), é um mecanismo constitucional, mas a partir de outras instâncias organizacionais certamente decidiremos fazer uma resistência para que o âmbito democrático e participativo do Paraguai vá se consolidando", afirmou Lugo.
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O ex-bispo de 61 anos, eleito em 2008, apresentou nesta sexta-feira uma ação de inconstitucionalidade à Suprema Corte de Justiça contra o processo de impeachment votado na véspera pela Câmara dos Deputados, anunciou o seu advogado.
"Não é mais um golpe de Estado contra o presidente, é um golpe parlamentar disfarçado de julgamento legal, que serve de instrumento para um impeachment sem razões válidas que o justifiquem", disse o chefe de Estado.
Ele afirmou ainda ter recebido ligações de apoio de seus colegas Hugo Chávez, da Venezuela, Rafael Correa, do Equador, Evo Morales, da Bolívia, assim como de Dilma Roussef e de Cristina Kirchner, da Argentina.
"O Paraguai deve saber que não é uma ilha e que o processo de integração baseia-se em compromisso mútuo", disse Lugo.
Na quinta-feira à noite, os oito principais ministros das Relações Exteriores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) chegaram ao Paraguai com a missão de defender o presidente Lugo.
Lugo, que acaba de ser tratado de um câncer no sistema linfático, já anunciou que não irá se candidatar às eleições de abril de 2013.
Anteriormente conhecido como o "bispo dos pobres", Lugo foi eleito com o apoio de uma coalizão de partidos, principalmente de esquerda, que depois se mostrou frágil.
O assessor juridico da Presidência Emilio Camacho disse, diante dos senadores, que não há provas contra Lugo e pediu que as acusações contra ele sejam desconsideradas.
O Militantes de movimentos sociais ocuparam a praça do Congresso, no centro da cidade, na expectativa do resultado do julgamento.
Início da crise
O processo contra Lugo foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos na semana passada no interior do país. A oposição acusa Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".
O presidente também é acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas ou não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exército do Povo Paraguaio, responsável por assassinatos e sequestros durante a última década, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse.
O processo contra Lugo foi aberto depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do vice-presidente Federico Franco, retirou seu apoio à frágil coalizão do presidente socialista. A Câmara aprovou a abertura do processo numa votação quase unânime, por 76 votos a 1, e o Senado - onde Lugo também não tem maioria - marcou o julgamento político muito rapidamente já para esta sexta.