Bovespa fecha em queda pressionada por novo tombo da OGX 28/06/2012
- G1 com Reuters e Valor
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou novamente em queda nesta quinta-feira (28), pressionada por mais um tombo da OGX e pelo clima de aversão ao risco nos mercados externos. Investidores também mostravam ceticismo com a cúpula da União Europeia e preocupação com a situação dos bancos globais.
O Ibovespa encerrou o dia com recuo de 0,86%, a 52.652 pontos. A ação da OGX teve queda de quase 20%. O giro financeiro do pregão foi de R$ 5,7 bilhões.
Segundo dados preliminares, os papéis da empresa de petróleo e gás de Eike Batista fecharam em queda de 19,52%, a R$ 5,03. Na quarta-feira, as ações da OGX já tinham caído mais de 25%.
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Os papéis da MMX e da LLXtambém registraram forte queda nesta quinta, fechando com desvalorização de 17,91% e 10,31%, respectivamente, também de acordo com dados preliminares.
No ano, a bolsa acumula desvalorização de 7,23%. No mês de junho, há desvalorização de 3,38%. Desde o início da semana, a queda é de 5,03%.
Desconfiança dos investidores
O tombo das ações da OGX refletem a decepção do mercado com dados de produção da empresa. A OGX divulgou na terça-feira que a vazão de óleo nos primeiros poços perfurados pela empresa em um campo na bacia de Campos é de 5 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia, apenas um terço do que o mercado esperava.
Em teleconferência nesta quarta-feira, o bilionário Eike Batista tentou acalmar os investidores. O empresário afirmou que o grupo está trabalhando para elevar a produtividade dos poços na Bacia de Campos e descartou qualquer chance de falência da empresa. Segundo ele, a OGX é uma empresa sólida, com caixa e "muito viável".
Os esforços do bilionário, no entanto, para acalmar investidores surtiram pouco efeito e o mercado continua questionando as bases do programa de crescimento das empresas 'X'.
"O mau humor do mercado com as ações do grupo [de Eike] continua forte", disse nesta quinta o analista Erick Scott, da SLW Corretora. "A tendência é que o papel continue pressionado até que a empresa mostre resultados condizentes ou acima da expectativa". "Isso (a teleconferência) não adiantou, porque esse novo dado colocou em xeque a credibilidade do grupo", completou.
Empresas de Eike 'encolhem'
As companhias de Eike Batista perderam R$ 8,37 bilhões em valor de mercado apenas no pregão desta quarta-feira (27), segundo levantamento feito pela consultoria Economatica a pedido do G1. Desde o início do ano, as sete companhias com ações negociadas em bolsa já “encolheram” R$ 17,57 bilhões. O OGX Petróleo liderou as perdas: a empresa ficou R$ 6,859 bilhões 'menor' em apenas um dia.
Eike também despencou no ranking dos bilionários da Bloomberg. O empresário, que no dia anterior aparecia na 14ª posição, é agora o 21º da lista. O brasileiro, que chegou a ocupar a oitava posição no mês de março, tem sua fortuna avaliada atualmente em US$ 21,1 bilhões, uma "perda" de US$ 13,4 bilhões em relação ao valor estimado pela Bloomberg no fim de março (US$ 34,5 bilhões).
Dólar encerra praticamente estável, com atuação do BC
O dólar encerrou praticamente estável nesta quinta-feira (28), com intervenção do Banco Central, que atuou no mercado como anunciado na véspera, e anúncio de que vai haver nova oferta na sexta. A moeda se valorizou durante boa parte do dia, mas fechou em queda de 0,07%, a R$ 2,076.
Nesta quinta, todos os 60 mil contratos de swap cambial ofertados foram tomados pelo mercado e a operação movimentou cerca de US$ 3 bilhões. Além disso, o BC anunciou que fará nesta sexta pela manhã mais uma oferta de contratos de swap cambial tradicional (operação que equivale à venda de dólares no mercado futuro).
Nesta quarta também teve início a reunião de cúpula da União Europeia, em Bruxelas. O encontro de ministros de Finanças do bloco econômico discute formas de aumentar a integração bancária e fiscal da zona do euro.
Na semana, a moeda subiu 0,56% e no mês de junho acumula alta de 2,9%. Desde o início do ano, o dólar teve valorização de 11,12%.
Sexta
O BC também anunciou que pretende ofertar, na sexta, até 60 mil contratos (US$ 3 bilhões), com vencimento em 3 de setembro e 1º de outubro. Mesmo sendo uma operação agendada, o mercado reagiu à ação do BC e reduziu o ritmo de alta após o anúncio.
Ingresso de dólares
O Banco Central baixou nesta quinta uma carta-circular que permite que mais dólares ingressem no Brasil em um momento de maior dificuldade das empresas na obtenção de empréstimos do exterior por conta da crise financeira. O documento altera as regras para o chamado "pagamento antecipado" (PA) de exportações.
Segundo o secretário-executivo do Banco Central, Geraldo Magela Siqueira, o BC decidiu que os bancos participem destes pagamentos antecipados - possibilidade que havia sido vetada no fim de março deste ano. Pelas regras anteriores, somente o comprador no exterior poderia remeter antecipadamente os valores.