Bush vem ao Brasil tratar de agroenergia 09/02/2007
- O Estado de São Paulo
Esforço para intensificar relações entre os países inclui atualização do tratado de extradição, que é de 1961
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, virá ao Brasil no início de março como parte do esforço para intensificar a agenda diplomática entre os dois países. O anúncio foi feito pela Casa Branca ontem, em Washington, e mostra que avança rapidamente essa aproximação, cujos primeiros passos foram dados com a visita de autoridades norte-americanas ao Brasil nesta semana.
Ontem, estavam em Brasília o secretário de Justiça dos EUA, Alberto Gonzalez, que acertou a revisão do tratado de extradição entre os dois países, e o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, Nicholas Burns. Em breve serão definidas as datas da vinda da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Washington.
Bush vem ao País em um giro pelas Américas que incluirá Uruguai, Colômbia, Guatemala e México. Ele deixa os Estados Unidos no dia 8 de março e, em São Paulo, irá se encontrar com Lula e representantes de outros setores da sociedade. Item importante do encontro será “energia alternativa”, informou a Casa Branca. Os EUA têm proposto parceria para produção de etanol, que deve incluir um projeto-piloto para produção do combustível em um país da América Latina.
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EXTRADIÇÃO
Na reformulação do atual tratado de extradição entre Brasil e EUA, em vigor desde 1961, a intenção é incluir os crimes pela internet, de lavagem de dinheiro, terrorismo e pedofilia. O texto atual só prevê a extradição por 32 crimes e ficou obsoleto.
O novo tratado, que deve estar pronto ainda neste semestre, tende a tornar mais fácil, por exemplo, a eventual extradição do casal Sônia e Estevam Hernandes, da Igreja Renascer, que tentou entrar nos EUA com US$ 54 mil não-declarados. O casal está com a prisão preventiva decretada no Brasil. O Ministério da Justiça informou que apresentará aos EUA pedido de transferência com base no Tratado de Palermo, do qual os dois países são signatários e que prevê a extradição por lavagem de dinheiro.
A decisão de reformular o tratado de extradição foi anunciada após encontro do secretário Alberto Gonzalez com o ministro Márcio Thomaz Bastos, da Justiça. Também ficou acertada a criação de um fórum permanente para estreitar a cooperação no combate a terrorismo, crime organizado e tráfico de drogas e em outros temas ligados à segurança pública.
Pelo acordo, o Brasil se compromete a reforçar mecanismos antiterror, sobretudo na região da Tríplice Fronteira, e os EUA fornecerão ajuda em duas áreas cruciais: a violência urbana e a lavagem de dinheiro. As reuniões serão realizadas a cada seis meses, alternadamente em Brasília e Washington, entre o ministro da Justiça brasileiro e o secretário de Justiça americano - que acumula a função de procurador-geral da República. Nesses encontros, serão revisados outros tratados e acordos bilaterais.
O ministro brasileiro relatou aos americanos providências adotadas para reforçar a política brasileira antiterror, entre as quais a montagem de uma central de inteligência na Delegacia da Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR), ponto estratégico na divisa do Brasil com o Paraguai e a Argentina - a chamada Tríplice Fronteira. Relatório do Departamento de Estado dos EUA, divulgado no ano passado, indica que grupos como o Hezbolah e o Hamas estariam movimentando fundos arrecadados de colaboradores estrangeiros através da Tríplice Fronteira, onde há grande comunidade muçulmana.
Gonzales e o subsecretário Burns ontem também discutiram com governadores de seis Estados brasileiros formas de cooperação em ações sociais e de geração de renda. Ficou definida, entre outras medidas, a criação de um pólo de negócios direto e desburocratizado entre Estados americanos e brasileiros para facilitar as atividades econômicas geradoras de renda e de ações contra a exclusão social.
Participaram os governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Yeda Crusius (PSDB-RS), Eduardo Campos (PSB-PE), Cid Gomes (PSB-CE), José Roberto Arruda (PFL-DF) e Jaques Wagner (PT-BA). Convidados, José Serra (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG) não compareceram.